A neurodiversidade é uma condição na qual o desenvolvimento neurológico do indivíduo é atípico se comparado com o padrão pré-estabelecido pela sociedade. Classificam-se como neurodivergentes pessoas que apresentam diagnósticos como Transtorno do Espectro Autista (TEA), Dislexia, Déficit de atenção ou algum transtorno psicológico, como o dissociativo de identidade.
Durante muito tempo, o cérebro neurodivergente era visto como uma deficiência e tratado como doença, mas hoje entende-se que o cérebro humano tem diversas variações de funcionamento. Porém, ainda que a classificação tenha mudado, o olhar corporativo permanece relutante. De acordo com dados transmitidos pela ONU, apenas 20% das pessoas neurodiversas estão empregadas no mundo.
“Existem diversos benefícios de contratar funcionários neurodiversos. Eles são melhores em manter o foco em uma tarefa, são altamente criativos, dotados de excepcional capacidade de concentração, raciocínio lógico e imaginação. Além disso, autistas e outros neurodiversos também tendem a ser sistemáticos, meticulosos e extremamente detalhistas, capazes de fornecer percepções e perspectivas únicas para a solução de problema” explica Renata Tavolaro, Head de Psicologia da orienteme.
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Renata explica que, apesar das empresas estarem enxergando essa nova faceta da sociedade, o movimento de inclusão ainda é pequeno frente ao número de pessoas com esta condição.
Em um país com, em média, 2 milhões de pessoas com o transtorno do espectro autista, para aumentar a inclusão desses profissionais, a Head de Psicologia traz cinco recomendações que as organizações podem adotar:
1- Mudança no processo de contratação
O primeiro passo é pertinente ao RH, que deve aplicar uma abordagem diferente no recrutamento e seleção, focado muito mais nas habilidades dos candidatos e menos na extroversão, por exemplo.
2- Treinamento da liderança
Outra questão importante é a necessidade de preparar as lideranças para receberem a neurodiversidade em suas equipes. Elas devem ser um ponto de confiança para os funcionários e estarem preparadas para diversos cenários.
3- Conscientização dos colaboradores
A Head pontua que existem diversas formas de trabalhar a conscientização, que vão desde treinamentos teóricos a práticos.
“Lives e rodas de conversa são ótimas ferramentas para iniciar a discussão com os colaboradores sobre os benefícios da inclusão desse público, por exemplo, sempre trazemos esses temas dentro dos maiores clientes da orienteme, e temos bons resultados.”
4- Adaptação dos ambientes
É necessário também uma adaptação do ambiente em que esse colaborador irá atuar, pois certos estímulos para o cérebro neurotípico podem prejudicar o neurodiverso. Porém, em ambientes adequados, a potencialidade desses indivíduos é enorme.
5- Acompanhamento psicológico
A especialista pontua que um ponto que dificulta a inclusão é a falta de diagnóstico, pois isso permite que as empresas realizem as contratações sem o trabalho de inclusão apropriado.
“Existem muitos funcionários neurodivergentes que não possuem esse diagnóstico por determinados fatores, e essa ausência de diagnóstico impacta no rendimento do colaborador, pois ele pode estar exposto a um cenário cheio de gatilhos que atrapalham o cérebro neurodiverso. Por essa razão é tão importante um acompanhamento psicológico nas organizações, que tenham conhecimento técnico para identificar esses cenários”, finaliza.