A ideia de promover trabalho decente e crescimento econômico, inclusivo e sustentado no mundo, proposta que norteia o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 8 definido pelas Nações Unidas para ser alcançado até 2030, ganha nova frente de debates durante a 2ª edição do Festival ODS no Brasil em 25 e 26 de maio de 2021. Realizado pela Agenda Pública e Estratégia ODS, o evento terá como foco o ODS 8 e a recuperação econômica inclusiva, tema escolhido pelos organizadores em razão dos desafios impostos pela pandemia desde o fim de 2019. 

Os principais líderes, gestores e políticos do Brasil vão se reunir no Festival para propor e apresentar maneiras de alavancar a economia, promover crescimento econômico em bases sustentáveis, sem que seja deixada de lado a dignidade no trabalho. Entre os confirmados estão o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, o governador do Maranhão Flávio Dino, a empresária Luiza Helena Trajano e o economista Paulo Hartung, ex-governador do estado do Espírito Santo. 

Com cofinanciamento da União Europeia e com transmissão online, o evento contará com entrevistas realizadas por profissionais da Folha de S. Paulo e da TV Globo, debates com referências em desenvolvimento, inclusão produtiva, trabalho informal e modernização da economia, além de oficinas e cafés temáticos. 

Entre os principais desafios a serem discutidos na ocasião estão: respostas à crise; a inserção da economia informal e do empreendedorismo no Brasil; como promover produtividade com diversificação, modernização tecnológica e inovação; a empregabilidade de jovens e pessoas maduras; e a requalificação da força de trabalho.

O evento também vai contar com oficinas gratuitas e cafés temáticos específicos voltados para a inclusão social, o fim do trabalho infantil, comunicação não-violenta no ambiente de trabalho e a erradicação de condições laborais análogas à escravidão no país.

“A expectativa em relação ao evento deste ano diz respeito a própria temática que nós vamos discutir: o crescimento econômico e trabalho decente. Nós precisamos retomar a agenda de crescimento do país e enfrentar as questões relacionados ao número cada vez maior de desempregados e subempregados. Também queremos propor novas formas de requalificar o trabalhador, em meio a uma transformação digital. O Brasil precisa de um plano, a exemplo dos moldes europeus, com seu plano de transição verde e digital ou nos EUA, com a retomada da economia a partir da criação de novos postos de trabalho.” explica o diretor executivo da Agenda Pública, Sergio Andrade.

Covid-19 e o desafio da recuperação econômica 

O quadro de desigualdade e vulnerabilidade social no Brasil foi ainda mais agravado pela pandemia de Covid-19. Segundo o IBGE, cerca de 7,8 milhões de postos de trabalho foram fechados no país até o mês de maio, fazendo com que o percentual da população ocupada caísse 8,3% em relação ao trimestre passado, indo para 85,9 milhões de pessoas. Isso significa que menos da metade das pessoas em idade para trabalhar está empregada, um recorde inédito na história da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), que é realizada desde 2012. 

Por esse motivo, o Festival ODS deste ano vai trazer em seu painel de abertura o tema “Como promover a recuperação econômica inclusiva a partir de estados e municípios?”, com a participação do economista Paulo Gala e Aline Cardoso, secretária municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho de São Paulo. 

O primeiro dia também vai explorar o estado da economia de hoje, com necessidades de diversificação e de modernização, em painel exclusivo com a presença de Sérgio Gusmão, presidente do Banco Desenvolvimentista de Minas Gerais (BDMG) e ex-diretor geral do New Development Bank, o banco do BRICS, em Xangai, e de Esther Dweck, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Um dos pontos a ser abordado será a noção de “economia donut” no Brasil, um conceito que defende a valorização da manutenção de uma boa qualidade de vida com o respeito aos limites do planeta — proposta, portanto, em consonância com os objetivos de desenvolvimento sustentável. 

O papel da ESG 

Também no primeiro dia do Festival serão visitados os principais aspectos da cultura ESG — critérios para empresas e sociedade desenvolverem boas práticas ambientais, sociais e de governança — e de seus desdobramentos em diversas frentes da economia. Um dos exemplos mais relevantes é o agronegócio, um setor estratégico para o Brasil por empregar mais de 18 milhões de pessoas e ser responsável por 20% do valor total do PIB. Este segmento da economia é diretamente impactado pelas percepções dos investidores internacionais quanto às práticas adotadas nas etapas de produção.

Propostas viáveis e o desenvolvimento de modelos sustentáveis com o meio ambiente estarão na pauta dos palestrantes, que também discutirão a percepção internacional em relação ao mercado brasileiro. Nesse contexto, Fernando Sampaio, coordenador da Estratégia PCI (MT) irá trazer as visões do governo mato-grossense para propor novos compromissos sustentáveis com o agronegócio. 

Ainda como destaque do primeiro dia do evento, está programada uma entrevista com o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que refletirá sobre o papel dos governos na viabilização dos ODS. O primeiro dia contará com um painel sobre inclusão produtiva, trabalho informal e empregabilidade, com Patrícia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, e Raphael Medeiros, líder do Centro de Empreendedorismo na Amazônia. 

Comércio e o futuro do trabalho decente 

No segundo dia do Festival, Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo e presidente do Instituto Brasileiro das Árvores (Ibá) fará a abertura das atividades. Entre os destaques está o chileno Ignácio Asenjo, representante da Delegação da União Europeia no Brasil, que trará insights e inspiração do Plano de Recuperação para a Europa (NextGenerationEU) e a necessidade de elaboração de um Plano para a transição econômica verde e digital. 

De acordo com um levantamento realizado pelo IBGE, cerca de 38,6% dos estabelecimentos comerciais indicaram que a pandemia afetou negativamente suas atividades. A pesquisa ouviu 3,2 milhões de empresas em funcionamento no país na primeira quinzena de agosto de 2020 e constatou que o impacto foi maior entre as de pequeno porte, com até 49 funcionários (38,8%), e menos intenso entre as intermediárias, com 50 a até 499 colaboradores. 

Por conta desse cenário, o segundo dia do Festival ODS traz para a pauta os desafios para a recuperação do comércio e do setor de serviços, com a presença de nomes como Luiza Helena Trajano, líder da rede de lojas Magazine Luíza e da Rede Mulher Empreendedora. A executiva, apesar das dificuldades generalizadas enfrentadas pelo setor, está encabeçando a expansão da Magalu por meio de investimentos em plataformas digitais e em portais de conteúdo como o Canaltech e, mais recentemente, o Jovem Nerd. Ao lado de Luíza, estarão presentes também Francine Lemos, diretora executiva do Sistema B Brasil, e Ian Prates, pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). 

2ª edição do Festival ODS

Festival ODS – 2ª edição 

Data: 25 e 26 de maio de 2021 

Horário: das 10h às 20h 

Custo: gratuito 

Inscrições e mais informações: https://www.festivalods2021.com.br/pt/page/home/