O trabalho em casa ou home office cresceu substancialmente devido ao período de pandemia. Entretanto, teve uma queda com a flexibilização das restrições de interação social, contudo estimava-se que houvesse uma queda abrupta desse modelo de trabalho, o que não ocorreu segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas.

No artigo de Fernando Veloso, colunista da FGV, ele cita um estudo de Nicholas Bloom sobre a adoção do trabalho remoto em 27 países, incluindo o Brasil e as percepções dos trabalhadores sobre os impactos sobre sua produtividade e bem-estar.

Veloso destaca que, segundo o estudo, os trabalhadores retêm ganhos expressivos de produtividade e bem-estar, provavelmente acompanhados de uma menor necessidade de se deslocar para o local de trabalho. Diante disso, as pessoas estariam dispostas a aceitar uma diminuição de 5% de seu salário em média para poder trabalhar 2 ou 3 dias em casa.

Em contrapartida, pesquisa realizada pela Nespresso destaca que algumas pessoas se sentiram sobrecarregadas e também que a sua saúde mental foi prejudicada, principalmente pela falta de interação com os colegas.

Os pesquisadores britânicos Alan Felstead e Golo Henseke avaliaram os impactos do trabalho remoto, usando pesquisas em grande escala, e reuniram boas evidências de uma relação positiva entre home office e produtividade.

Eles concluíram que o home office reduz a tensão do trabalho pressionado pelo tempo e permite que os funcionários trabalhem melhor em circunstâncias pessoais (como a necessidade de estar em casa com um filho doente, por exemplo).

Além disso, o estudo mostrou trabalhadores mais satisfeitos no home office, mais comprometidos com seu empregador e com maior disposição para ir além dos requisitos de suas funções.

Por outro lado, a mesma pesquisa apontou como impacto negativo a dificuldade de desligar (ou desconectar) e relaxar no fim do dia, justamente alguns pontos que podem influenciar na produtividade.

Mediante este paradoxo, observa-se uma crescente adesão ao trabalho híbrido que traduz esse equilíbrio tão buscado entre flexibilidade e produtividade. De todo modo, o mundo do trabalho mudou e as empresas tem buscado se adaptar a esse panorama.

A Relação da flexibilização nas relações de trabalho e Performance

O Polêmico e-mail de Elon Musk intitulado “Trabalho remoto não é aceitável” referindo-se ao retorno presencial de todos os colaboradores da Tesla vai em contraponto à várias pesquisas que reforçam o quanto a flexibilidade é importante nas relações de trabalho.

Pesquisa da International Workplace Group, realizada com mais de 15 mil pessoas em diversos países, inclusive o Brasil, aponta que 80% dos entrevistados disseram que ao se deparar com duas ofertas de emprego semelhantes, recusariam aquela que não oferecesse trabalho flexível.

Um novo estudo da ADP Research Institute – “People at Work 2022: A Global Workforce View”, que agrega resultados de uma pesquisa de novembro de 2021 com mais de 32 mil trabalhadores em 17 países – incluindo o Brasil mostra que manter a Geração Z em um trabalho que exija uma rotina presencial constante é algo extremamente desafiador.

Nota-se que cada vez mais as pessoas estão buscando oportunidades em que possam aproveitar melhor o tempo, conciliando com a execução de outras atividades. A possibilidade de rotinas que se ajustam às necessidades do indivíduo, aumenta o sentimento de realização e acolhimento, resultando na ampliação da sua performance e de impactos positivos para a empresa.

Portanto, é fundamental dispor de recursos adequados para que os profissionais consigam exercer bem o seu trabalho, reforçando os objetivos que devem ser atingidos, promovendo a devida capacitação e acompanhamento desses colaboradores no decorrer da jornada.

Por fim, é imprescindível salientar que independente do modelo de trabalho, as pessoas querem e devem ser ouvidas para que se possa desenvolver soluções que atendam os mais variados perfis e necessidades.

A produtividade está diretamente ligada às boas condições de trabalho, senso de pertencimento, segurança psicológica, satisfação, clima e cultura colaborativa. Desse modo, a equipe fica mais engajada e com maior sinergia na realização das atividades.

“Cabe aos empregadores determinar quais atividades realmente exigem que os funcionários estejam presentes no escritório e torná-lo um local interessante para trabalhar colaborativamente. O fenômeno que ficou conhecido como a Grande Demissão – uma enorme onda de gente pedindo as contas e levando adiante mudanças na carreira – é, na verdade, uma boa oportunidade para as empresas oferecerem aos funcionários motivos convincentes para ficar. Se elas empresas esperam reter seu pessoal, precisam praticar a escuta ativa”. Nadir Ali, CEO da Inpixon.

Aline Sousa, People Specialist do Angel Investor Club, Headhunter, Consultora de RH, Mentora de carreira, professora na Escola Conquer, colunista, eleita Linkedin Top Voices 2020 e Top 20 Influenciadores ibest. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.