Aqui um case de 2018.

Abertura de uma vaga para Faturista.

Um analista pleno do meu time de RH, com super potencial de crescimento, me chamou para uma conversa, demonstrando interesse em se aplicar para a vaga.

Fiquei chocada e confesso que o primeiro sentimento que experimentei foi o da culpa, me senti uma péssima líder com a possibilidade de perder um analista pleno para um cargo de faturista.

Respirei fundo e iniciei um diálogo para entender o que estava motivando aquele profissional a tomar tal decisão.

RH TopTalks 2023

E já nas primeiras respostas, a motivação apareceu.

Para muitas pessoas que já sofreram, enfrentaram privações ou dificuldades financeiras, o dinheiro é sinônimo imediato das soluções de todos os problemas e consequentemente da sensação de felicidade.

Mas até que ponto essa decisão, está de fato, gerando um ganho e contribuindo com uma trajetória profissional?

Antes de falar sobre o profissional, destaco aqui outra variável importante: a cultura organizacional da empresa.

Éramos em torno de 400 pessoas trabalhando no mesmo local corporativo, porém regidas por 3 diferentes sindicatos a depender do cargo ocupado e da natureza da atividade. Início de todo o problema.

A operação da empresa se encaixava em 3 grandes agrupamentos.

O primeiro, composto pelos cargos relacionados ao negócio, conhecidos como core business.

O segundo grupo, logística e transporte.

E por último, os cargos administrativos, como o time de recursos humanos que eu liderava.

Cada grupo com um sindicato diferente.

Mas aonde isso impacta o dinheiro ou felicidade da história que escolhi compartilhar?

Veja mais: Somente 32% dos colaboradores creem receber um salário justo

Mesmo os grupos pertencendo a uma única empresa, possuíam uma gestão de remuneração e benefícios completamente diferentes, impostas por regras sindicais fora do ambiente corporativo.

Esse modelo de gestão levava as pessoas a conflitos internos buscando ocupar cadeiras que ofertavam melhores benefícios em detrimento da visão de longo prazo da sua carreira.

Isso era tão forte que o protagonismo profissional e a evolução na carreira abria espaços para as trocas de posições onde o valor do ticket refeição era mais atrativo, por exemplo.

Essa foi a razão pela qual o meu analista me procurou interessado em deixar sua carreira promissora em RH para ocupar a cadeira de faturista.

A posição de faturista estava no grupo dos cargos core business e na época o valor do ticket refeição era 60% superior ao valor do ticket pago aos funcionários que ocupavam os cargos do agrupamento administrativo.

E pra mim é aí que mora o grande problema, ou melhor perigo de uma visão imediatista, que me trouxeram até o compartilhamento desse case.

A importância dada ao dinheiro a curto prazo, onde ele se torna a única motivação para a tomada de decisão, pode prejudicar a carreira e adiar um futuro potencial de crescimento nada inteligente.

Encontrar profissionais que escolhem movimentações profissionais apenas pela remuneração é mais comum do que pensamos, assim, como as consequências de escolhas como essa.

Não estou dizendo que não devemos ser ambiciosos, porém neste caso, a troca não é vantajosa como carreira no longo prazo.

Te convido a fazer um exercício simples comigo, respondendo algumas perguntas:

  • Você conecta seu trabalho a uma realização profissional?
  • Pensa no que você faz atrelado a um propósito de vida?
  • Acorda motivado (a) para fazer o que faz?

Se a resposta para uma dessas perguntas for não, talvez você não esteja feliz com a sua carreira profissional.

Mas, mesmo diante de tantas reflexões e provocações, a boa notícia: dinheiro e felicidade não são rivais.

É possível sim ter os dois, mas pra isso a decisão deve estar muito mais no seu autoconhecimento como potencial de crescimento profissional do que na escolha por ocupar posições somente pelo dinheiro.

Fechando essa história, um detalhe MUITO importante. O funcionário decidiu sim migrar para a vaga de faturista no mês seguinte.

Cinco anos passaram. Querem saber o cargo ocupado por esse funcionário atualmente?

Sim, faturista!

Ele continua na mesma empresa, no mesmo cargo e com as mesmas atividades, sem nenhuma progressão na carreira.

Mas, Janaina e se ele não tivesse tomado aquela decisão?

Não posso afirmar com certeza como ele estaria, mas sabendo do potencial que apresentava, cinco anos depois, apostaria na hipótese de que alguma movimentação seria o caminho mais provável para seu progresso profissional, mas a realidade é uma carreira estagnada desde 2018.

Dinheiro ou carreira, o que vem primeiro?

Por Janaína Peroto, Head de Pessoas da Foregon e responsável pelo case – mais de 12 anos de experiência na área de recursos humanos com passagens por grandes corporações.

 

A decisão de mudar de carreira (seja a mudança de profissão, setor ou área) é sempre acompanhada por muitas dúvidas e reflexões. Há um momento certo para isso? Há algum sinal para identificarmos que esse momento chegou? O CEO do Grupo TopRH, Daniel Consani, e a editora do RH Pra Você, Gabriela Ferigato, conversaram com Dani Verdugo, empresária, headhunter e CEO da THE Consulting e Hugo Capobianco, especialista de carreira da Consultoria Global Lee Hecht Harrison (LHH), sobre o processo de mudança de carreira e qual o planejamento para isso. Confira o papo player abaixo:

Não se esqueça de seguir nosso podcast e interagir em nossas redes sociais:

Facebook
Instagram
LinkedIn
YouTube

Capa: Deposithphotos