A sustentabilidade é um desafio cada vez mais importante para empresas e organizações.  Mas, qual é a relação entre sustentabilidade e RH?

E quais são as ferramentas de gestão que permitem aos recursos humanos integrar práticas sustentáveis em estratégias dedicadas às pessoas da empresa?

O que significa falar de sustentabilidade corporativa para os envolvidos em recursos humanos hoje?

O termo sustentabilidade engloba muitos significados, é uma palavra que em sua complexidade indica algo muito impactante, uma verdadeira mudança de paradigma capaz de transformar a própria maneira de fazer negócios. Claro, os critérios ESG (Ambiental, Social e Governança, ed) são frequentemente ouvidos, é uma sigla quase abusada agora, mas raramente nos aprofundamos em seu conteúdo.

Na minha opinião, por exemplo, o “S“, ou seja, a sustentabilidade social, dificilmente é considerado, mas diz respeito especificamente àqueles aspectos que estão mais próximos da gestão de recursos humanos.

Por outro lado, são mais evidentes as iniciativas relativas ao “E”, ou seja, o ambiente, e em parte também ao “G”, governança, aspectos certamente importantes, mas também não totalmente trabalhados.

Como eu já disse, quase parece que a sustentabilidade pode ser “fatiada” e depois, como acontece na mesa, você pode servir o que você mais gosta naquele momento. Mas isso não funciona, todas as dimensões incluídas no conceito de ESG estão interligadas e são indispensáveis.

ESG futuro do trabalho

Então, como as empresas devem abordar a sustentabilidade?

Deve-se evitar uma abordagem superficial do tema da sustentabilidade. Há, por exemplo, o hábito de fazer conexões com os 17 objetivos da Agenda 2030 das Nações Unidas, mas o medo é que tudo acabe por ser reduzido à conclusão de algumas planilhas de Excel em que a sustentabilidade se torna, mais do que qualquer outra coisa, um exercício de reportagem. 

Espero, em vez disso, que a sustentabilidade seja cada vez mais vista como uma grande oportunidade de verdadeira transformação, a começar pela alavanca organizacional ligada às práticas de gestão de recursos humanos.

O que significa focar na alavancagem organizacional?

Significa, antes de tudo, a necessidade de redesenhar o caminho através do qual o trabalho nas empresas é concretamente organizado, como também defendo em meu mais recente livro (Redesenhar o trabalho, Os novos desafios da gestão de pessoas, publicado por Franco Angeli, ed). 

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Você pode decidir “construir o emprego” independentemente das atitudes, preferências e talentos reais das pessoas, mas isso não vai na direção da sustentabilidade, porque não leva à criação de bem-estar, para o qual precisamos de uma reescrita de todas as práticas, da pesquisa à avaliação, ao desenvolvimento de recursos e assim por diante. E tudo isso deve ser feito em uma perspectiva de longo prazo, que é um dos princípios fundamentais da sustentabilidade.

Em outras palavras, devemos nos perguntar quais serão as implicações das ações que estão sendo realizadas hoje no futuro e como envolver todos os componentes da empresa para colocar em movimento essa profunda ação de transformação.

Concretamente, como as funções de RH estão envolvidas e quais ferramentas de gestão eles têm disponíveis em relação à sustentabilidade?

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Como disse, cada prática deve ser relida, meditada e reescrita tendo em vista mais precisamente os princípios da sustentabilidade. O RH deve ter ao seu dispor um quadro conceitual, mas também operacional, que possa ser “ajustado” de acordo com diferentes necessidades, mas que baseie sua ação em todos os princípios cardeais da sustentabilidade. 

Pensemos, por exemplo, na formação: também aqui a perspectiva a longo prazo é muito importante, porque o investimento na formação e na educação não dá resultados imediatos, mas torna-se sustentável apenas se investir na construção de competências de uma forma estratégica e não puramente tática.


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Também com vista à retenção de funcionários, devemos começar perguntando por que uma pessoa escolhe sair. Ele pode sentir, em síntese, que não está simplesmente “no lugar certo”, ou escapar de um ambiente tóxico, onde não se sente compreendido, nem acha que pode ser realizado. Nesses casos, falta o enquadramento, ou seja, a construção de uma estratégia, que ligue de forma orgânica todas as iniciativas que vão em direção ao bem-estar e que são precisamente “costuradas” pelo fio da sustentabilidade.

Então, como as iniciativas corporativas relacionadas à sustentabilidade se relacionam com estratégias dedicadas às pessoas?

Precisamos partir da ideia de que o paradigma da sustentabilidade é antes de tudo uma mudança de natureza antropológica. Depende, ou seja, não de como você olha as pessoas apenas dentro da organização – o que significaria ter uma visão antropocêntrica -, mas em relação à sua socialidade, sem esquecer que o homem tem relações com tudo ao seu redor. 

Só assim se pode alcançar uma verdadeira transformação cultural e organizacional. Para dar um exemplo, depois de um longo período de trabalho remoto, hoje as pessoas tendem a retornar ao escritório, mas para tornar isso um verdadeiro valor agregado, devemos nos concentrar nos relacionamentos e transformar o local de trabalho de “espaço” simples para “lugar habitado”, onde encontro o que não poderia ter em casa, como a capacidade de projetar com colegas, relacionar, inspirar e assim por diante. 

É necessário, portanto, desenhar a “experiência de trabalho” nos conteúdos e nas modalidades e isso vem da colaboração entre quem cuida dos recursos humanos com os gestores e todos os outros departamentos de negócios.

Tudo isso – além de ter o objetivo tático de aumentar o bem-estar dos funcionários e, portanto, sua satisfação e produtividade – também leva a reflexões mais profundas sobre a própria função de “fazer negócios”, que, como muitos estudos acadêmicos estão demonstrando, além de maximizar os lucros, se busca a possibilidade de melhorar o mundo.

O desafio da Sustentabilidade Corporativa: Quão envolvidos são os RH?

Por Gabriele Gabrielli, coach, consultor e treinador. É CEO do Studio Gabrielli Associati Srl e People Management Lab s.r.l Società Benefit e Bcorp. Presidente da Fondazione Lavoroperlapersona, é professor contratado da Universidade Luiss Guido Carli onde leciona Organização e Gestão de Recursos Humanos e Gestão de Pessoas e Recompensas. Seus trabalhos mais recentes são: Attraverso la Distanza, francoangeli, 2022 e Ridisegnare il Lavoro, francoangeli, 2022. 

Fonte: https://www.hr-link.it/la-sfida-della-sostenibilita-aziendale-quanto-sono-coinvolti-gli-hr/

Ouça o PodCast RHPraVocê Cast, episódio 101, “ESG está na moda, mas como tratá-lo para além do modismo?” com Hugo Bethlem, presidente do conselho do Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB). Clique no app abaixo:

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