Conciliar uma carreira e a maternidade é uma tarefa desafiadora. Falo isso com razão de causa, já que preciso conciliar várias atividades para conseguir estar presente na vida do meu filho e também para conseguir atuar com vigor na minha rotina profissional.

No entanto, essas são duas partes da minha vida da qual sou totalmente apaixonada e de que não abro mão de jeito nenhum. Mesmo conseguindo executar ambos papéis (graças a minha rede de apoio), sei que este assunto ainda é sensível para muitas mães e profissionais que, muitas vezes, precisam optar pela carreira ou maternidade.

Esse tema já vem tomando espaço, porém ainda é gritante e urgente a necessidade de agir com mais ênfase. Atitudes precisam ser tomadas para que mulheres retornem com segurança para suas carreiras. Inúmeros relatos populam o Linkedin com histórias de mulheres que retornaram para o mercado e na sequência foram desligadas com justificativas incabíveis.

De acordo com uma pesquisa da FGV, metade das mães com carteira assinada perde o emprego até 24 meses depois da licença-maternidade. E o InfoJobs mostra que 51% das mulheres que seguem em sua carreira profissional após a maternidade já sofreram algum tipo de discriminação.

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Isso acontece bem mais do que imaginamos, um erro grave, já que suas habilidades poderiam potencializar a performance.

Mulher, mãe e com novas habilidades adquiridas

Faço parte da maioria de mulheres brasileiras que assumem a maternidade e a carreira. No entanto, estou na lista de minoria quando o assunto é liderança. Apesar de conseguir reconhecimento e apoio onde trabalho, sei que ser líder, mulher e mãe, infelizmente, ainda é algo distante para muitas mulheres.

Veja mais: Sem barreiras: histórias de mulheres promovidas durante e após a licença-maternidade

Entretanto, foi a maternidade que me fez desenvolver habilidades especiais e me deu vantagens competitivas para que pudesse adequá-las e tornar a líder que sou hoje. Não tenho dúvidas que todas as mulheres e mães são uma força da natureza.

A organização Filhos no Currículo realizou uma pesquisa, em parceria com o Movimento Mulher 360, e perguntou para mães (e pais) quais habilidades que exercem na criação dos filhos e que agregam como profissional. O resultado mostrou que 98% (quase 100) afirmaram que desenvolveram alguma habilidade a partir da relação com o filho que agrega no currículo. Na amostra, as habilidades adquiridas que mais aparecem são paciência, resiliência, resolução de conflitos e liderança.

Os dados da pesquisa são compatíveis com a minha experiência. Após o nascimento do meu filho, aprendi a ter paciência diante das dificuldades que envolvem a maternidade. Passei a olhar nos olhos dele, ser calma e ouvi-lo sempre. Além disso, consegui resolver conflitos com mais facilidade e a ser mais resiliente no dia a dia.

Outro ponto foi que para conseguir lidar com as demandas da maternidade precisei estar mais atenta e ter planejamento e organização. Hoje sei gerenciar o tempo como ninguém.

Um profissional com todas essas características estaria, facilmente, apto para exercer um cargo de liderança dentro de qualquer companhia, já que essas são exigências dos recrutadores. Mas infelizmente, a mulher é muita vezes exposta a diversos julgamentos que a tiram do mercado de trabalho.

É preciso dar voz para as mães profissionais

Para haver essa mudança é preciso que toda a sociedade se empenhe para garantir que as mulheres mães ocupem espaços no mercado de trabalho, inclusive em cargos de liderança e não sejam abandonadas em um dos momentos mais sublimes da vida.

Sempre acreditei que não é preciso escolher entre maternidade ou carreira. Aquelas que querem, podem sim exercer os dois papéis apesar da complexidade e dos desafios que isso tudo implica. Mas é claro, precisamos de apoio e incentivo.

Meu maior desejo, é que todas as mães ocupem os lugares que elas quiserem.

“A maternidade me ensinou muito sobre liderança”

Por Nayara Anzolin, Head de Marketing da Paschoalotto.

 

 

 

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