Você tem ideia de quantos brasileiros se declaram homossexuais ou bissexuais? Ninguém tinha essa estimativa até maio do ano passado, quando o IBGE divulgou os resultados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2019, que incluía o quesito Orientação Sexual. Na época, foram cerca de 2,9 milhões de pessoas. É claro que não é um número preciso, mas o ineditismo da pesquisa, na época, já apontava para uma tendência que vem ocorrendo em vários países: as pessoas têm se identificado, cada vez mais, como LGBTQIA+.
Quando penso nesses quase 3 milhões de brasileiros se declarando, naquele momento, homossexuais ou bissexuais, eu consigo imaginar a trajetória de alguns deles. Para muitos, não foi e ainda não é fácil se expor. Eu vivi isso e sei a importância dessa conquista. Já faz algum tempo que me posiciono e falo abertamente sobre a minha orientação sexual, mas não foi sempre assim.
Por muitos anos, eu não falava sobre isso e não me assumia. Quando comecei a minha trajetória profissional, encontrei na minha empresa um ambiente seguro que me ajudou a vencer essa barreira. Eu me senti acolhida pelos meus colegas e líderes antes mesmo de falar com a minha família.
Esse é um dos motivos pelos quais eu considero a atuação dos aliados, nas empresas, um fator de extrema importância. Eu contei com eles para poder me assumir e mostrar quem eu realmente sou. Acredito que somente com essa aliança conseguiremos promover um ambiente saudável, harmonioso e livre de preconceitos.
Ser um aliado significa, em primeiro lugar, demonstrar respeito e ser um defensor da causa em qualquer sala, virtual ou presencial, garantindo que todos se sintam vistos, ouvidos, incluídos e apreciados por serem quem são, essencialmente. Essa validação faz a diferença – promove um sentimento de orgulho e pertencimento. Eu, por exemplo, sinto que a empresa em que eu trabalho me respeita e isso me fortalece a cada dia.
Muitas pessoas ao redor do mundo estão celebrando o Mês do Orgulho, um momento para destacar a comunidade LGBTQIA+ e promover a autoafirmação, dignidade, equidade, aceitação, respeito e sentimento de pertencimento.
Veja mais: Metas de diversidade e inclusão: o que priorizar?
Um bom momento para levarmos este debate para as empresas e para você se perguntar como pode se aliar a esta causa. Sei que muitas pessoas não sabem como podem se tornar um aliado LGBTQIA+. Vou colocar aqui quatro atitudes simples que ajudam a promover a equidade e construir um local de trabalho culturalmente inclusivo:
1. Informe-se
Pode ser um desafio saber o que e como falar sobre alguns temas. São muitas as siglas e conceitos relacionados à comunidade LGBTQIA+. Por isso, se tiver dúvida, pesquise ou pergunte. Converse com seus colegas de trabalho e amigos LGBTQIA+, aprenda em sites de afirmação e participe dos eventos promovidos pela comunidade ou pelo grupo de apoio/rede de inclusão da sua empresa.
2. Mostre
Mostrar que você é um aliado vai além de levantar uma bandeira de orgulho e compartilhar seus pronomes no seu e-mail e perfis do LinkedIn. Ser um aliado é ser intencional e público sobre seu apoio de todas as maneiras que puder em ambientes pessoais e profissionais.
3. Defenda
Se vir algo, diga. Deixe claro a amigos, familiares e colegas que você vai defender a comunidade e que não será conivente com qualquer tipo de discriminação. Condene ações e palavras nocivas que vão contra a afirmação dos membros da comunidade LGBTQIA+ e amplifique as contribuições sociais deste grupo.
4. Inclua
Não assuma que todos em seus círculos pessoais e profissionais são héteros ou cisgêneros. Estar consciente de comentários, piadas ou até mesmo termos comumente usados como “marido e mulher” versus “cônjuge e parceiro(a)” pode ajudar a criar uma cultura mais inclusiva para pessoas LGBTQIA+.
Somos todos incentivados a trazer o nosso melhor para o trabalho todos os dias e isso requer um comportamento inclusivo e que apoie a autenticidade.
Eu tenho certeza de que, assim como eu, outros membros da comunidade LGBTQIA+ da sua empresa também estão ansiosos para dar as boas-vindas a você como nosso mais novo aliado.
Vamos juntos!
Geisa Cunha, Líder do Briefing Center Executivo da Kyndryl e do grupo de inclusão LGBTQ+
Ouça também o PodCast RHPraVocê Cast, episódio 96 – case de RH, “Da teoria à prática: como a GSK Brasil abraça a equidade?” com Cintia Magno, Diretora de RH da GSK.
Equidade, inclusão, diversidade e representatividade são práticas essenciais na GSK Brasil. No último ano, a companhia alcançou um marco histórico no País, atingindo 52% de mulheres líderes. No quadro geral de profissionais, a maioria também é feminina, 51% contra 49% de homens. E, claro, há toda uma estratégia por trás disso. São diversos programas e ações voltadas para os pilares citados no começo. Outro olhar cuidadoso é com a saúde mental. A farmacêutica, inclusive, venceu a premiação britânica “This Can Happen Award 2021”, na categoria Campanha de Saúde Mental do Ano, com o Programa de Prevenção ao Suicídio. Nesse podcast, o CEO do Grupo TopRH, Daniel Consani, e a editora do RH Pra Você, Gabriela Ferigato, conversaram com Cintia Magno, Diretora de RH da GSK no Brasil. Acompanhe!
Não se esqueça de seguir nosso podcast e interagir em nossas redes sociais:
Facebook
Instagram
LinkedIn
YouTube
Capa: Depositphotos