- Sensibilizar
É assim que o processo se inicia. É uma jornada de contexto, transparência, reflexão, fatos e dados.
Nós, profissionais de treinamento e desenvolvimento, precisamos encarar algumas verdades em relação à nossa atuação com aprendizagem: é preciso mudar, não temos o manual de instruções de como fazer isso e precisamos descobrir como sensibilizar: mobilizar os corações e as mentes da liderança e de todas as pessoas dentro da organização.
Existem algumas coisas que precisamos desconstruir, como por exemplo, ter que saber as respostas, saber o que fazer; achar que a oferta de boas instruções e ferramentas é suficiente ou que basta controlar as adesões e fazer relatórios com base nem números de cursos ou treinamentos.
Essas crenças dão origem e fomentam diariamente os modelos de comando e controle. Os mesmos modelos que aprendemos desde a primeira infância, e que massacram o engajamento e o compromisso autônomo com a aprendizagem.
Dito isto, precisamos ter as seguintes premissas em mente:
- as pessoas, voluntariamente, participam do que ajudam a criar (reconhecimento e pertencimento);
- o interesse delas está em conteúdos e encontros que as apoiem no dia a dia, que as transformem enquanto pessoas e profissionais;
- a motivação está em modelos de desenvolvimento que as impulsionem para lidar com o presente e o futuro – cada vez mais incerto.
A grande mudança soa óbvia, mas não podemos esperar que as pessoas “comprem” planos desenvolvidos sem essas premissas.
Precisamos investir em conversas significativas entre pessoas, confiar que elas estão dispostas a contribuir, e que a maioria delas anseia encontrar significado em suas vidas e trabalho.
E nisso, descobrimos que nosso papel é facilitar.
Sim, a Educação Corporativa é uma facilitadora.
- Facilitar é nosso papel
Facilitar é ser capaz de criar espaços para a construção coletiva de ideias, engajar pessoas e promover debates construtivos, extraindo informações, conhecimento e potencial de um grupo em torno de um objetivo em comum ou um resultado maior.
Fácil, né? Não. Não é mesmo.
Para iniciar a transformação no processo de aprendizagem, algumas implantações têm sido necessárias, como por exemplo:
- entender que treinadores são facilitadores;
- incluir metodologias de facilitação em cada encontro;
- aplicar metodologias ativas nos processos de aprendizagem;
- utilizar ferramentas digitais de apoio ao uso de metodologias ativas;
- compreender e construir uma cultura de lifelong learning e de lifewide learning.
Mas, isso é só o início. Para uma completa transformação, vamos precisar falar sobre cultura de aprendizagem e de cuidados com pessoas, vamos precisar falar de compaixão.
- A gente já estudou, agora falta aprender
No Onboarding de Liderança da Creditas, o programa que recepciona a liderança recém-contratada e recém promovida, temos um papo sobre empatia assertiva, onde comentamos a frase da Kim Scott, autora do livro Radical Candor (ou Empatia Assertiva, em português):
“Não é só uma questão profissional: é pessoal, profundamente pessoal. Chamo esta dimensão de importar-se pessoalmente”.
O papel da liderança mudou. Só que essa mudança não acontece de uma hora para a outra, em um estalar de dedos. Você pode ter lido livros, visto artigos e vídeos. Mas você mudou a forma de agir? Habilidades socioemocionais não são como habilidades técnicas ou fórmulas matemáticas.
É preciso ter muita intencionalidade nas ações, autoconhecimento, adaptabilidade, empatia, e estar sempre em uma posição contínua de aprendiz. Ser um aprendiz diariamente é um ato de humildade e coragem. E será que proporcionamos espaços seguros para que a liderança exerça o “não saber”?
O caminho é sobre ressignificar nossas formas de pensar e agir. A partir de uma nova lógica, lógica esta que é totalmente oposta àquela que aprendemos ao longo da vida (nos mais diversos estímulos). Não à toa, o Fórum Econômico Mundial traz essas habilidades como as mais importantes e críticas para o futuro do trabalho – na verdade, imprescindíveis no presente das organizações.
Temos acesso a milhares de informações, mas o quanto disso se torna realmente conhecimento, habilidade e atitude? O quanto, de fato, conseguimos aplicar no dia a dia, com nosso time, pares e toda a organização? E na nossa vida?
- Experiência culmina em aprendizagem
Aí entra o papel da curadoria como suporte. O papel da Educação Corporativa é oferecer conteúdos relevantes, ser uma fonte confiável de informações e conhecimento.
Em seguida, é preciso criar espaço para discussões, práticas, aplicações. Este é um processo de aprendizagem autônomo, relevante e de impacto.
A palavra agora é experiência. A gente aprende a partir de experiências e de vivências. A curadoria entra nesse processo como um suporte. Visões diferentes, dados, contextos, métodos, intenções, reflexões passam pelo pensamento crítico/criticidade de cada pessoa em especial, formando a sua própria visão sobre o tema. A experiência é catalisadora de tudo isso.
Sabe quando você tem um insight? Parece que você entendeu tudo a partir de uma experiência? Isso foi um processo. Passa pela descoberta de algo, pelo estudo, autorreflexão, conversas e “boom”, a experiência. E não nessa ordem, inclusive. Porque cada processo e cada aprendizado acontece de uma maneira diferente.
Mas precisa ter o momento do “boom”, onde todo esse processo culmina em aprendizado, em uma transformação.
- A experiência e a sensibilização potencializam o engajamento
Agora sim, podemos falar de engajamento: ele acontece quando você vê, quando você faz contato. Quando você vê uma necessidade. Quando você percebe que você precisa mudar.
Nesse sentimento, ninguém precisa contar que algo precisa ser feito. É intrínseco. É quase inevitável. Porque se torna algo que você realmente deseja aprender e realizar.
Por isso, as universidades corporativas têm se proposto a iniciar esse processo a partir da sensibilização de pessoas. Trazendo reflexões, diferentes visões, transparência de contexto. Para que cada pessoa, à sua maneira e em seu tempo – se sinta tocada de alguma forma e impelida a conhecer mais, a aprender e a agir.
Toda liderança Creditas passa por uma imersão de uma semana no nosso negócio e também pelo Onboarding de Liderança, onde alinhamos o papel do líder, passando por temas relacionados a cultura, empatia assertiva, liderança coach e facilitadora, painel de perguntas com a nossa COO – proporcionando um espaço de troca entre facilitadores e o grupo – e fechando a semana com uma experiência sobre escuta generativa.
- Mas acaba por aí?
Não, começa por aí.
Além de diversos pontos de contato gerados pelo time de cultura, grupos de afinidades, treinamentos para toda a tripulação Creditas, temos programas de treinamentos contínuos dedicados à liderança. Porque uma coisa a gente sabe: precisamos estar em constante aprendizado, aprofundarmos e sermos questionados e questionadores em temas que – perceba – a gente não consegue aprender e se transformar apenas lendo um livro, mas por meio de muitas experiências interrelacionadas. Nosso papel passa por fomentar isso.
A liderança está cansada. Está sem tempo. O momento que estamos passando não é simples. Qual suporte podemos dar neste momento? É a pergunta que fazemos a cada novo ciclo. A gente estuda, pergunta, pesquisa, analisa dados para conseguir construir algo que apoie, que construa, que transforme.
E isso precisa ser feito com paixão pelas pessoas. Com respeito às suas dores. Com, ao menos, essa intenção.
No campo prático, estamos agora aprendendo e implementando a personalização das jornadas de aprendizagem. Por meio de jornadas híbridas, cada pessoa escolhe como quer aprender, quais temas são mais relevantes, o quanto quer aprofundar em cada tema, qual a dedicação de tempo e agenda para esse fim.
Com jornadas online, é possível alcançar mais pessoas e oferecer maior diversidade de temas e maior fluidez na aprendizagem. Os encontros ao vivo passam a ser momentos dedicados a discussões em grupo, muita conversa, momentos de conexão entre as pessoas, resolução dos problemas existentes em cada público, time, área, etc.
Temos mais recursos tecnológicos à disposição e conquistamos muitos aprendizados nesse caminho.
- Para resumir…
Se você tem no seu coração o objetivo de apoiar as pessoas no desenvolvimento de mentalidades e capacidades que as ajudarão a se adaptar ao futuro, sensibilize a liderança da sua organização! Traga as pessoas para perto, para junto. Facilite esse processo com muita conversa, discussões e autorreflexão. Construa uma curadoria confiável, que respeite e traga diversidade de temas e visões.
Não é sobre treinar, é sobre criar uma atmosfera para que o aprender seja intrínseco aos processos e experiências.
Por Raquel Mediano, especialista em Treinamento e Desenvolvimento na Creditas.
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