O Relatório elaborado pelo Google for Startups, em parceria com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), sobre a escassez do mercado de TI, aponta que até 2025, o Brasil terá um déficit de 530 mil profissionais de tecnologia. No entanto, até 2025, a demanda por colaboradores em TI estará na casa dos 800 mil. Os dados são da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais – Brasscom.
Considerando esse contexto, surge a necessidade de discutirmos o que pode ser feito para reduzir o déficit na área e a solução passa, necessariamente, pela necessidade de ensinar habilidades computacionais dentro das Escolas, desde a Educação Básica.
Mas afinal, qual seria o grande desafio?
A dificuldade que enfrentamos no Brasil é que boa parte das instituições de ensino ainda não possuem a estrutura tecnológica necessária para a aprendizagem dessas competências de maneira conectada.
A maioria das escolas públicas brasileiras só tem o que chamamos de internet administrativa, ou seja, a conexão não está disponível para os estudantes e também não há dispositivos eletrônicos para todos os alunos. E claro, sem ter intimidade com a computação, não é possível falar sobre o desenvolvimento de carreiras de tecnologia de maneira adequada.
Assim, nosso sistema educacional não prepara o terreno para uma cidadania digitalmente letrada e isso tem várias consequências à medida em que as crianças crescem e procuram se inserir no mercado de trabalho.
Como mudar essa realidade?
Essa é a grande questão, mas o que já posso afirmar é que a implementação da computação nas escolas é um grande passo rumo à resposta.
Recentemente, o Ministério da Educação (MEC) definiu a inserção do ensino da Computação na Educação Básica com a Base Nacional Curricular Comum da Computação a partir de três dimensões, sendo elas: Cidadania Digital, Cultura Digital e Pensamento Computacional, mas como isso impacta o mercado de trabalho tecnológico, de maneira prática?
O Pensamento Computacional trabalha com habilidades-chave para a construção de excelentes profissionais em todas as áreas, mas especificamente nas áreas de tecnologia, ele é essencial e ajuda a trazer para as escolas conhecimentos sobre novas formas de atuar, de transformar e de compreender o mundo em que vivemos.
Com isso, são plantadas nas crianças e nos jovens, as sementes do conhecimento, no sentido de despertar interesse por carreiras ligadas ao mundo de tecnologia.
No entanto, quando tratamos de formação de mão de obra na área, é estabelecida uma relação direta com a utilização de aparatos tecnológicos, o que nem sempre é necessário. Inclusive essa associação vem sendo amplamente discutida dentro do meio educacional, junto com o uso de ferramentas digitais, como tablets e celulares, dentro das escolas.
Então, será que é possível definir se o uso das tecnologias dentro das escolas é positivo ou negativo?
Em minha opinião, em alguns momentos planejados e estruturados, o uso de tecnologia permite conexão e acesso ao que está mais além do alcance físico. Estimula, abre os horizontes e coloca os estudantes em contato com algo que vai além da sua realidade diária.
Se a tecnologia vier dentro de um contexto estruturado será muito bem-vinda, mas é importante mencionar também que ela não é necessária para que conceitos computacionais super importantes sejam trabalhados na escola, incentivando o interesse das crianças e dos jovens pela formação tecnológica.
Por Cristina Diaz, co-fundadora e sócia da UpMat Educacional desde 2018. Advogada de formação, entrou na Educação em 2009 com o objetivo e a vontade de fazer com que todos tivessem acesso a uma educação de qualidade. Desde então, realizou avaliações institucionais de escolas, produção de conteúdos educacionais para vários suportes e co-fundou uma rede de escolas em São Paulo.
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