Coffee badging: um novo capítulo na queda de braços entre patrões e empregados. Há mais de dois anos, desde que a pandemia da covid-19 começou a dar sinais de que estava sendo controlada pela área de saúde, a volta presencial dos profissionais de forma definitiva ao local de trabalho vem sendo motivo de discussão, negociação e até pedidos de demissão.

A resistência por parte dos trabalhadores em retornar aos escritórios tem escala mundial e tem criado tendências corporativas que vem movimentando o mercado de trabalho. A mais recente é a chamada “coffee badging” em que os colaboradores usam o chamado “momento do cafezinho” para circular pelo escritório, conversar com os colegas, ser visto pelos chefes, mas depois voltam para casa para finalizar a jornada de trabalho.

Em uma espécie de protesto sutil, o objetivo do profissional é cumprir a política de frequência determinada pela empresa, mas passar o mínimo de tempo possível no local, apenas algumas horas, também como uma forma de resistir ao modelo presencial. Uma maneira também de evitar voltar para casa na hora do maior movimento do trânsito e pegar engarrafamentos.

Dois anos de pandemia

Segundo um levantamento realizado pela Owl Labs, com dois mil profissionais norte-americanos, 60% deles afirmaram que já se comportaram dessa forma no escritório. Trata-se de um movimento com adeptos no Estados Unidos, mas que também já pode ser vista aqui no Brasil.

Esse é mais uma forma de descontentamento e protesto de funcionários em relação aos regimes de trabalho atuais. Antes, foram vistos o quiet quitting, que pode considerado uma saída ou renúncia silenciosa em que o profissional, em vez de pedir demissão, trabalha apenas o necessário.

Já no acting your wage, o colaborador trabalha o equivalente ao que ganha, fazendo um esforço proporcional apenas ao salário que recebe. E, por fim, na segunda-feira mínima, a ideia é trabalhar pouco no primeiro dia da semana, pós final de semana e para compensar o trabalho que estará por vir.

No Brasil, a queda de braços e de negociações entre empresas e colaboradores sobre o melhor formato de trabalho – home office, jornada reduzida, presencial – segue permeando essa decisão. De um lado, grande parte dos colaboradores prefere trabalhar de casa, alegando que, dessa forma, poderá reduzir tempo de deslocamento, estar mais perto da família e, principalmente, manter a saúde mental em dia.

Pesquisa Infojobs

Por parte dos gestores, eles querem que as atividades sejam retomadas 100% de forma presencial em prol da boa gestão do negócio como cultura da empresa, alinhamento de estratégias, comunicação, entre outros. De fato, sabemos que o grande desafio dos líderes nesta década tem sido fazer gestão à distância.

No meio do caminho, está o trabalho híbrido. Alguns dias são trabalhados no escritório e outros de forma remota. Há quem defenda esse formato como a melhor opção porque atenderia às duas partes. Não há um número exato de dias estipulados oficialmente pelo mercado e as negociações estão a cargo dos envolvidos.

No país, já vem sendo implantado também o modelo de redução das horas de trabalho de quatro dias por semana, com carga horária de 32 horas, deixando a sexta-feira para lazer e sem redução salarial. Em prol do engajamento e da produtividade, a proposta busca manter ainda a saúde mental, o bem-estar e a motivação dos funcionários.

É fundamental reiterar que o melhor modelo é aquele que leva em consideração a particularidade de cada tipo de negócio.

A discussão é mais complexa e ainda há um descompasso entre o que as empresas querem e o que os funcionários esperam e buscam, no pós-pandemia. O lucro a todo custo não é mais uma linha que o mercado deve adotar e as empresas mais visionárias estão priorizando o bem-estar.

Vai sair na frente aquela que oferecer um local sem estresse e que faça com que os colaboradores tenham vontade de se reunir novamente. Ainda não se sabe como a queda de braço entre patrões e empregados vai acabar, mas de certo sabemos que, em época de ESG, a saúde mental é um ativo cada vez mais inegociável nessa discussão.

Coffee badging: queda de braços entre patrões e empregados

Por Bruno Martins, CEO da Trilha Carreira Interativa.

 

 

Ouça o episódio 154, “Quais os sentimentos de quem voltou ao trabalho presencial?“. Quais os sentimentos de quem voltou ao trabalho presencial? Para buscar algumas respostas, o RH Pra Você e o Infojobs ouviram mais de mil profissionais que nos ajudaram a traçar um panorama dessa retomada. Para se ter uma ideia, a maior parte deles (58,3%) diz que se sente menos produtiva ao final de um dia de trabalho presencial. Além disso, 64,4% dos entrevistados dizem sentir que a qualidade de vida piorou ao voltar para o modelo presencial. Neste episódio, conversamos com Ana Paula Prado, CEO do Infojobs, sobre as principais descobertas da pesquisa, a preparação da liderança, papel do RH e muito mais. Acompanhe!

Não se esqueça de seguir nosso podcast e interagir em nossas redes sociais:

Facebook
Instagram
LinkedIn
YouTube

Capa: Depositphotos