Nunca se ouviu falar tanto sobre as novas formas de organização do trabalho como agora. Quando surgiu esse termo, lá na Europa, em meados dos anos 70, não era de se imaginar que uma pandemia colocaria tudo o que ele trata em evidência novamente. Para quem não sabe, trata das mudanças no mercado de trabalho e defende a ideia de “empresa flexível”.
Apesar de antigo, os fatores defendidos retratam bem a nossa atualidade, como por exemplo, a autonomia na realização das tarefas e o trabalho em equipe, soft skills exigidas por quase todos os empregadores hoje em dia. A tese das novas formas de organização do trabalho está sob uma perspectiva centralizada no fator humano, inserida em um movimento de humanização do trabalho e de democratização das organizações.
Resultado disso, surgiram hierarquias mais planas e estruturas horizontais, porém outras consequências vieram em pouco tempo. Algumas delas com o agravamento da pandemia, que exigiu das empresas a adoção de novos modelos de trabalho. Autonomia do colaborador, centralização de competências e confiança, sempre foram desafios nas organizações.
Quem nunca trabalhou em empresas que não confiavam nas equipes e mesmo com líderes e subordinados capacitados, centralizavam toda a operação em si mesmos? Hoje, com a pandemia, tais empresas foram obrigadas a agir de forma diferente, a autonomia do colaborador nunca foi tão necessária como agora, já que trabalhará de sua casa na maioria dos casos.
Enxergar o colaborador como peça fundamental para o funcionamento das organizações também é algo que se tornou em evidência na pandemia. O fator humano, torna-se prioridade, tanto que aumentou nos RHs a necessidade de criação de programas de engajamento e senso de pertencimento, como o cuidado com a saúde mental, bem-estar e segurança do colaborador.
Exemplo disso, são os programas de benefícios flexíveis, que deixam o poder de escolha do benefício trabalhista nas mãos do colaborador. Outra prática, que ilustra bem essa evidência, são os produtos voltados a saúde do colaborador e seus dependentes, que estão surgindo e começaram a ser procurados pelos empregadores, são eles: Aplicativos de apoio à saúde mental, saúde do pet, seguro residencial etc.
A flexibilização no modelo e relações de trabalho também é algo que mudou por meio da pandemia e muito já se falava antes dela. O tão temido home office em muitas empresas se tornou principal forma de trabalho. A tecnologia auxiliou na condução de tarefas e colaborou para o funcionamento das organizações em tempos de distanciamento social.
Citamos as reuniões de negócios que foram realizadas pelas plataformas de vídeo, entrevistas de emprego à distância, palestras, feedbacks etc. Tudo isso há muito se falava, mas só agora se realizou.
Voltando ao cuidado com o colaborador, acho importante destacar a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que entrou em vigor no ano passado. Esse acontecimento veio a favor da segurança das organizações, bem como a de seus colaboradores. A adequação e enquadramento na lei será um processo difícil para muitas empresas, mas se faz necessário para as novas formas de organização do trabalho, principalmente agora em que o mundo e as relações trabalhistas estão inseridos na tecnologia com o surgimento de empresas “100% digitais”.
Dos anos 70, saltamos para 2020 e percebemos que as novas formas de organização do trabalho, procedente da Europa, se fazem necessárias até os dias de hoje. Arrisco dizer, ainda que não existisse um cenário pandêmico como este em que estamos vivendo, elas cedo ou tarde se fariam valer.
O mundo do trabalho está em evolução e sempre haverá mudanças, e essas só são algumas delas. Nos próximos anos surgirão outras necessidades, ou quem sabe novas formas de organização do trabalho. O fato é que toda mudança gera desconforto, o que não podemos fazer é esperar outra pandemia chegar para iniciarmos essas mudanças.
Por Ronn Gabay, especialista em benefícios e sócio na Bematize.
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