Algumas pessoas ainda estranham quando falo de empreendedorismo e espiritualidade. Essa é uma missão que assumi há muitos anos e vejo, cada vez mais, essa visão de futuro se concretizando. Espiritualidade não é mais um domínio da religião.

Mas quando a gente fala com gestores em fazer algo relacionado à espiritualidade nas empresas, as pessoas ainda travam, pois acham que vamos afetar o processo de liberdade religiosa. Não tem nada a ver com isso. A espiritualidade é uma dimensão funcional do ser humano, a religião foi uma embalagem institucional em que ela ficou contida por séculos. Mas, neste momento, a espiritualidade humana está dando um salto para além da caixa religiosa.

E, por isso, quero compartilhar a boa surpresa que tive quando li um artigo do Conselho Federal de Administração, de janeiro de 2022, que aborda Espiritualidade Organizacional para melhorar o ambiente de trabalho. Um órgão que regula a profissão trazer esse tema mostra que estamos ampliando a visão.

Sobre o objetivo da Espiritualidade Organizacional o texto diz: “Prática ajuda a ressignificar a relação entre empresa e colaborador e também com o trabalho.”. A primeira coisa que me chamou atenção foi o termo “ressignificar”, muito utilizado em processos de autoconhecimento e terapêuticos, estar agora no repertório das empresas. Estamos, enfim, percebendo que organizações são feitas de pessoas e não é possível fazer uma empresa crescer com pessoas doentes em qualquer aspecto (físico, mental ou espiritual).

Espiritualidade e autoconhecimento

Toda empresa atua na área de humanas, independente do produto ou serviço, porque ela está na sociedade. Entender o fator humano é essencial para que sejamos capazes de trabalhar e crescer como organizações. Isso parece tão óbvio, mas no processo de gestão não é óbvio, afinal, chamamos pessoas de “recursos humanos”. Estranho, né?

Outro ponto do artigo são os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a saúde mental e emocional. O Brasil é o país mais ansioso do mundo, chegando a 40% da população, e o 5º país mais depressivo.

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Fazendo uma relação com o ranking de Talentos Naturais do Brasil, divulgado pelo Instituto Gallup, temos a Responsabilidade como um dos mais presentes nos brasileiros. Esse talento é um padrão psíquico que mostra um compromisso interno com a realização das coisas, com o que é certo a se fazer. E esse é um talento que sem a devida autogestão pode virar ansiedade.

Mas ainda temos gestores que acham que quando a pessoa chega no trabalho, ela deixa todos os problemas dela lá fora e ali é só profissional. Isso não existe!

A vida interior precisa ser nutrida para trazer o sentimento (e não sensação apenas, que pode ser uma fachada) de pertencimento. O sentimento vai construir significado nas pessoas, afetar os valores e a capacidade de construção do que é útil. Com esse fluxo a gente chega na tão almejada geração de caixa (faturamento e lucro). Mas uma geração de caixa a partir de valores que despertam o sentimento dos colaboradores. O caixa não é o fim, é apenas o meio.

Espiritualidade Organizacional tem a ver com um estilo de vida que traz uma abordagem holística e integrativa para todos os seres humanos no ambiente de trabalho e fora dele. Impacta na compreensão dos valores que a empresa defende, no sentimento que preenche seus colaboradores, nas atitudes e no propósito a qual todos servem. Isso é espiritualidade na prática!

Afinal, se você está em um lugar que:

  • valoriza o que você sente;
  • em que é convidado a agir de acordo com um código de valores que acredita;
  • constrói algo que é mais do que lucro, mas significado para a sociedade;
  • atua por um propósito maior, para além de acordar às 6h e trabalhar como um autômato e
  • se você está num lugar desse, claro que vai estar mais feliz!

A empresa gera lucro e felicidade.

Chegamos na era da Espiritualidade Organizacional?

Por Juliano Pozati, Strenghs Coach formado e licenciado pelo instituto Gallup (EUA), bacharel em Marketing, expert em estratégia militar, escritor, empreendedor e espiritualista.

 

 

Ouça o PodCast RHPraVocê, episódio 78, “Quando é o momento de mudar de carreira (e como fazer isso)?” com Dani Verdugo, empresária, headhunter e CEO da THE Consulting e Hugo Capobianco, especialista de carreira da Consultoria Global LHH. Clique no app abaixo:

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