Sustentabilidade humana. Como cuidar da equipe do ponto de vista mental, físico e espiritual?

Bater metas sem abater pessoas. Números medem resultados, não os geram. O que gera resultados são as pessoas.

A pressão engole a gente. Aquela que há naturalmente no trabalho para entregar, alcançar resultados; e também a pressão que permeia questões pessoais e que nos acompanha no trabalho, já que não dá para separar uma coisa da outra. Faz parte. Nem por isso precisamos deixar que ela nos engula, e engula nosso negócio.

Nunca é demais lembrar que o líder não é só a pessoa que vai cuidar da execução da tarefa. Mas também aquela pessoa que vai cuidar de quem executa a tarefa para que a execute melhor e, principalmente, para manter o melhor ambiente possível dentro do negócio.

Em outras palavras, o time precisa estar bem em sua totalidade para que possa desempenhar o seu melhor. Isso vem sendo chamado de sustentabilidade humana. Eu, pessoalmente, gosto bastante desse termo, porque dá o sentido amplo que o nosso olhar precisa ter, enquanto gestores que somos.

Ser um bom gestor deve ser o propósito. Até podemos achar que chegamos lá.

Mas será que chegamos?

Pergunto: quantas vezes você se pegou dando atenção demais aos números e abusando das reuniões para falar?

Na verdade, teríamos de entender que números medem resultados, não os geram. O que gera resultados são as pessoas, e essas pessoas precisam ser bem contratadas, bem treinadas, bem cuidadas, bem remuneradas, bem direcionadas e bem acompanhadas.

Esse bem-cuidar das pessoas envolve três camadas — física, mental e espiritual. E não adianta considerar uma e ignorar as outras. Pode parecer óbvio, mas muitos profissionais não têm consciência, por exemplo, do quanto a ergonomia e a prática de atividades esportivas são fundamentais para neutralizar o fato de passarem muitas horas sentados.

Já pensou em quantas pessoas trabalham em ambientes onde não se sentem acolhidas nem aceitas em suas diferenças, vivem inseguras e sob pressão constante?

Na minha experiência de mais de 20 anos em RH, acredito que um ambiente bom para se trabalhar é resultado de um processo que começa lá atrás, no recrutamento, na seleção, ao definir bem os perfis que são importantes para se ter no negócio, identificar se há um encontro de valores, deixar claro qual é a cultura do negócio para ver se a pessoa se sente bem com ela.

A escolha é uma via de mão dupla, em que nós escolhemos a pessoa para desenvolver projetos com ela, e ela nos escolhe também. Desse modo, ela não precisa ser outra pessoa; é encorajada a ser ela mesma. Este, sim, é um ambiente de empatia com as histórias de cada um. Entender isso é um passo importante para cuidarmos dessa camada, que é a mente dos nossos colaboradores.

Não cair na tentação de exagerar em algumas práticas corporativas, como as reuniões, é um exercício difícil, mas necessário. Se não praticar, você acaba sequestrando o tempo das pessoas. E quanto mais tempo sequestrar, menos tempo terão para o trabalho e outras coisas relevantes para elas.

Um estudo de Harvard aponta que os profissionais são interrompidos ou se distraem no trabalho a cada quatro minutos. Isso mostra que as pessoas não precisam de mais tempo para fazer o trabalho. Elas precisam de tempo de qualidade.

Chegamos à camada da alma. Um pensamento que, até ontem, seria considerado “exótico” no mundo corporativo, para dizer o mínimo. Ter claro qual é a razão de existir da empresa, e ter certeza de que tudo o que se faz é para realizar esse propósito, essa contribuição para o mundo, é o caminho para fazer as pessoas terem isso muito claro, e entenderem como o seu talento vai ajudar a empresa como um todo a desempenhar esse papel.

Ao cuidar da alma, segundo as filosofias hindu e budista, você está realizando o seu Dharma — estou aqui para realizar isso; não estou me desviando do meu papel, do meu propósito.

Na nossa empresa, praticamos virtudes humanas básicas como honestidade, respeito, generosidade e conseguimos empacotar tudo isso — não necessariamente falando com as pessoas — e sim, colocando dentro da própria cultura.

É uma maneira que utilizamos para tentar deixar as pessoas em um ambiente sem opressão nas grandes pressões que têm o trabalho. Bater metas sem abater pessoas.

Essa é a verdadeira e possível sustentabilidade humana.

Bater metas sem abater pessoas: elas geram resultadosPor Fred Alecrim, Diretor de RH e co-fundador da Credere, fintech especializada em soluções de financiamento de veículos. Empreendedor desde os 20 anos de idade, Fred é apaixonado pelo varejo e curador internacional de tendências. Formado em Administração de Empresas, o executivo é co-fundador também da Hairsize, mentor no projeto Scale up e autor dos livros UAUgomais, Movimentação, CURA empresarial e Pare de vender assim.

 

Ouça também o RHPraVocê Cast, episódio 126, “Até o ‘bom dia’ vira reunião: é mesmo tão difícil se adaptar à comunicação assíncrona?”. Será que todos os líderes estão, de fato, preparados para se adaptar a um diferente estilo de comunicação? Há solução para as reuniões em excesso deixarem de ser parte do dia a dia?

Para responder a isso e auxiliar no melhor entendimento sobre a importância da comunicação assíncrona, o RH Pra Você Cast traz a neurocientista Ana Carolina Souza, sócia da Nêmesis, empresa de educação corporativa. Clique no app abaixo:

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