A probabilidade de emprego das mães no mercado de trabalho formal aumenta gradualmente até o momento da licença, e decai depois. É o que diz a pesquisa “The Labor Market Consequences of Maternity Leave Policies: Evidence from Brazil”, divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O estudo aponta que cerca de 50% das mulheres perdem o emprego após a licença-maternidade, e que a maior parte das saídas do mercado de trabalho se dá sem justa causa e por iniciativa do empregador. 

“Essa pesquisa busca entender os efeitos de tirar a licença-maternidade para as mulheres que se encontram no mercado de trabalho. Em 12 meses após a licença, metade dessas mulheres não está mais no mercado de trabalho. A única diferenciação que encontramos no estudo é quando olhamos para mulheres que têm um nível educacional mais alto. Acaba que a política de licença-maternidade funciona melhor para essas mulheres”, explica Cecilia Machado, professora da FGV EPGE, que desenvolveu a pesquisa junto com Valdemar Pinho Neto, mestre em Economia pela mesma instituição. 

Kelly Evangelista, que é mentora de carreira das alunas do projeto Fala Bancário, fala sobre o dilema maternidade versus carreira. “Sabemos que conciliar esses dois universos é uma tarefa um tanto quanto desafiadora, porém, não é impossível. A verdade é que nem sempre é preciso optar pela carreira ou pela maternidade, conciliar é possível e muitas mães já descobriram isso”. 

Segundo ela, muitas mulheres têm um papel importante na composição da renda familiar e, em alguns casos, recebem salário até maior do que o do marido. “O movimento pela igualdade social e equiparação salarial com os homens trouxe para a mulher moderna a possibilidade de se realizar como mãe e profissional. Essa autonomia e sensação de liberdade financeira mexe diretamente com a autoestima da mulher”, afirma.

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Políticas podem ajudar na retenção das mães no mercado de trabalho 

O estudo divulgado pela FGC constatou que, no Brasil, a licença-maternidade de 120 dias não é capaz de reter as mães no mercado de trabalho, e aposta que outras políticas (como expansão de creches e pré-escola) podem ser mais eficazes para atingir tal objetivo, especialmente para proteger as mulheres com menor nível educacional. 

“A nossa realidade, aos poucos, está se transformando. Ter mais creches à disposição e com vagas suficientes para atender a demanda com qualidade e segurança é um ponto importante, sobretudo para mulheres que não têm com quem deixar os filhos durante o expediente. Hoje, contamos com berçários monitorados por câmeras em tempo real, acompanhamento da alimentação feito por nutricionistas e metodologia de desenvolvimento pedagógico modernos que trazem tranquilidade para a mãe enquanto trabalha”, detalha Kelly, que conclui ressaltando que ter uma carreira pode ser, sim, tão gratificante quanto a maternidade – e sem culpas.

Por Redação