Diante de tantos canais e diferentes maneiras de transmitir mensagens, a comunicação, realizada de forma assertiva, passou a ser um dos maiores diferenciais e uma das soft skills mais valorizadas pelo mundo corporativo atualmente.

Saber argumentar, negociar, estabelecer diálogos, feedbacks, e falar em público, por exemplo, têm relação direta com esta habilidade e passaram a ser essenciais aos que buscam o sucesso profissional. Às lideranças, o impacto desse aprimoramento pode ir além do clima organizacional, refletindo no engajamento e produtividade das equipes, cruciais para o bom andamento dos negócios.

Tão importante quanto saber o que falar, é como falar

Costumo dizer que a comunicação não é um dom, como algumas pessoas consideram. Ela é uma habilidade que pode ser desenvolvida, treinada e aperfeiçoada. Seja em atividades rotineiras ou em momentos difíceis, delicados e pontuais, somos responsáveis pelo que falamos; e tão importante quanto saber o que falar, é a maneira como isso é feito. Autoconhecimento, inteligência emocional, autocontrole, empatia e escuta ativa são essenciais para que as lideranças consigam colocar a boa comunicação em prática.

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Entre seus benefícios, a comunicação assertiva pode:

  • aumentar o poder de influência e persuasão;
  • ajudar a transmitir as informações de forma clara e alinhada para todos e sem ruídos, evitando atrasos, retrabalho e prejuízos;
  • ajudar a resolver conflitos;
  • promover diálogos mais saudáveis e colaborativos;
  • tornar as reuniões mais rápidas e produtivas;
  • ajudar a motivar e engajar o time;
  • tornar as relações interpessoais mais respeitosas e saudáveis; e
  • gerar mais conexão e confiança.

A comunicação tem que S.E.R.

Este é um conceito que tenho aplicado frequentemente e é de onde devemos partir para que a comunicação seja eficaz. Quando falamos que a comunicação tem que S.E.R., é porque ela precisa ser desenvolvida de forma “sucinta”, “específica” e “relevante”.

Para que a mensagem seja sucinta, devemos manter o foco no que é mais importante e evitar o excesso de informações, deixando os mínimos detalhes apenas para situações que exijam isso, ou quando o ouvinte questionar.

Além disso, usar frases curtas e com uma sequência lógica de ideias também é fundamental, pois facilita a compreensão da mensagem e otimiza o tempo de todos.

Quando pensamos no conceito de “específica”, precisamos falar “o óbvio”, pois o que pode ser muito claro e de fácil entendimento para alguns, pode não ser para outros. Usar exemplos e fazer analogias, trazer dados e fatos, evitar informações vagas e genéricas, falar numa linguagem acessível, evitando palavras rebuscadas, siglas desconhecidas, jargões, termos muito técnicos e estrangeirismos, são alguns pontos que colaboram para essa estratégia.

Da mesma maneira, o conceito de “relevante”, mostra a importância do que está sendo dito, tendo sempre um bom porquê. Conseguimos ser muito melhor compreendidos quando as pessoas entendem o motivo de nossa comunicação, o propósito em desenvolver determinadas atividades ou uma metodologia a ser seguida.

Uma liderança que tem como característica apenas distribuir tarefas, anunciar novas normas ou simplesmente estipular prazos – muitas vezes apertados – de entregas, sem explicar o contexto que envolve toda aquela situação, poderá engajar e motivar muito menos sua equipe quando comparada a um perfil que busque sempre expandir esse panorama.

Os desafios da comunicação à distância

Muitos já devem ter percebido o quanto a comunicação oral, o famoso “olho no olho” é capaz de aproximar as pessoas, gerar vínculos e aumentar o nível de confiança, transmitindo sentimentos e emoções importantes para a humanização das relações. No entanto, com os novos modelos de trabalho, seja híbrido ou remoto, a comunicação à distância tornou-se um caminho que dificilmente será revertido.

Com ela, muitos mal-entendidos passaram a acontecer, já que a linguagem escrita e a comunicação virtual não têm a emoção da entonação de voz, nem a riqueza da expressão facial, elementos fundamentais para o bom entendimento da mensagem. As pessoas têm percepções diferentes e interpretações errôneas muitas vezes nessas trocas.

Por isso, levando em conta esse cenário, existem algumas estratégias que podem ajudar a tornar as conversas mais fluidas e assertivas. Uma delas pode ser na comunicação por vídeo, que deve ser feita com a câmera ligada para manter o contato visual e gerar conexão com o seu interlocutor.

Falar com ênfase e energia na voz, chamar as pessoas pelo nome, falar com clareza e objetividade, gesticular, manter a boa dicção, ouvir com interesse e atenção – respeitando o espaço de cada um, sem interrupções – são também pontos importantes a serem trabalhados.

Nenhuma conversa difícil deve ser feita por mensagens escritas, seja por meio de aplicativos ou e-mails. Na impossibilidade do presencial, as interações em vídeo podem ser muito mais transparentes e precisas.

Como as lideranças podem melhorar seu nível de comunicação

Nos últimos anos muitas coisas mudaram nas relações de trabalho. Aquelas lideranças duras, agressivas e explosivas, que não medem suas palavras e tom de voz, foram aos poucos dando lugar para a empatia e inteligência emocional. Nesse sentido, não existe mais espaço para críticas e julgamentos, buscar culpados e centralizar as informações, por exemplo.

É chegada a hora de se colocar no lugar do outro, entendendo os diferentes pontos de vista, ouvindo com empatia e escuta ativa, perguntando quando há dúvidas, confirmando o entendimento de todos, dando feedbacks assertivos, elogiando e validando os comportamentos, atitudes e resultados positivos, e promovendo interação e conexão entre toda a equipe.

Cabe também às lideranças assumirem suas vulnerabilidades ao invés de se mostrarem perfeitas ou “sabe-tudo”. Este é o melhor caminho para inspirar seus times, assegurar que todos se sintam parte do negócio e confortáveis em contribuir com as melhores ideias.

Comunicação assertiva é o trunfo das lideranças

Por Débora Brum, fonoaudióloga empresarial, palestrante e consultora especialista em comunicação humana. Realiza assessoria, treinamentos, workshops, avaliações de equipes, palestras e cursos de aprimoramento em comunicação, feedback, assertividade, utilização da voz, excelência no atendimento ao cliente, telemarketing, etc.; Fonoaudióloga graduada pelo IPA / RS – 1998 (CRFa 6838); Personal & Professional Coach com formação pela Sociedade Brasileira de Coaching (SBC- SP); Mestrado em Distúrbios da Comunicação (UFSM – RS); Especialização em Voz (CEV – SP).

Ouça o PodCast RHPraVocê Cast, episódio 109, “Habilidade-chave e queridinha do mercado: como se comunicar bem?” com Fabiana Teixeira, jornalista formada pela PUC-SP e tem experiência como repórter em emissoras como Record TV, TV Bandeirantes, Rede TV e TV Cultura. Também é especialista em Comunicação Empresarial, Branding e posicionamento de marcas pela ESPM, e Marketing Digital pela Universidade de Columbia, em Nova York.

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Capa: Depositphotos