Como alguém que vive com Atrofia Muscular Espinhal tipo 2 (AME II), enfrento diariamente desafios que vão além da minha condição física. Um dos maiores obstáculos é a busca por emprego, um processo que muitas vezes parece não ter sido desenhado para pessoas como eu.

O mercado de trabalho pode ser um ambiente intimidador para pessoas com deficiência. Muitas vezes, as vagas disponíveis não são acompanhadas de informações sobre acessibilidade ou adaptações necessárias, deixando-nos no escuro sobre se podemos ou não desempenhar as funções requeridas. 

Além disso, há uma falta de compreensão sobre as capacidades e potenciais de pessoas com deficiência, o que leva a estereótipos e preconceitos que nos excluem antes mesmo de termos a chance de mostrar nosso valor. As barreiras não são apenas físicas. Elas estão nas atitudes, na falta de flexibilidade das empresas e na escassez de políticas inclusivas.

A acessibilidade no local de trabalho vai além de rampas e elevadores; trata-se de criar um ambiente onde todos possam contribuir igualmente. Isso inclui software de assistência, horários flexíveis e uma cultura que valorize a diversidade e inclusão.

Antes de entender que a internet seria meu trabalho, minha visão era que eu precisaria estar em um escritório, porém, em processos que participei, os gestores não entendiam que, por conta da minha fraqueza muscular, eu não poderia estar presencial todos os dias ou trabalhar a quantidade normal de horas que uma pessoa sem deficiência trabalha.

Com isso, aos poucos fui entendendo que trabalhar com a internet seria o melhor caminho, pois sempre foi algo que eu me identifiquei e, em contrapartida, me trazia tranquilidade e segurança para ter a compreensão de que não prejudicaria minha saúde física e mental. 

Hoje, vejo que para mudar esse cenário, é essencial que não apenas as empresas se esforcem para entender as necessidades e limitações de seus funcionários com deficiência, como também, os professores e mestres durante o ensino, pois muitas vezes até o acesso à educação é difícil pela falta de acessibilidade. 

A nossa dificuldade vem bem antes da hora de realmente trabalhar, é um ciclo que precisamos quebrar e isso pode ser alcançado através de diálogos abertos, treinamentos de sensibilização e, o mais importante, ouvir as experiências de quem vive essa realidade todos os dias, pois ainda que você “estude” sobre acessibilidade, nada melhor do que conversar com alguém com deficiência. 

Como influenciadora digital, uso minha voz para destacar essas questões e encorajar uma mudança positiva. Conheço muitas pessoas que lutam diariamente para conquistar um trabalho, mas sofrem com esses preconceitos e ideias capacitistas que muitos lugares possuem.

Acredito que, com empatia e ações concretas, podemos construir um mercado de trabalho verdadeiramente acessível, onde pessoas com deficiência possam prosperar profissionalmente, sem serem definidas, por suas deficiências e necessidades de adaptações,

Acessibilidade no mercado de trabalho

Por Marina Melo, tem 20 anos, é influenciadora digital e compartilha sua visão sobre o mundo sendo uma  pessoa com deficiência, buscando defender a inclusão e acessibilidade e ir contra o capacitismo. É portadora de AME II (fraqueza muscular) e busca humanizar as pessoas com deficiência.

 

Ouça o episódio 143 do RH Pra Você Cast, “Inclusão 50+, bom para o presente e para o futuro (de todos nós)“. Como você se enxerga daqui a cinco ou dez anos? O questionamento, que já deve ter sido feito a muitos de vocês durante algum processo seletivo ao longo da carreira, nem sempre traz consigo uma resposta fácil. Especialmente para um público que, diante de tantos estereótipos e preconceitos, sequer sabe como será o dia de amanhã em sua vida profissional. A cada nova geração que entra no mercado, uma anterior se vê diante do dilema de ficar para trás e ver cada vez menos portas se abrirem.

O panorama, todavia, não só precisa como deve ser mudado. Pesquisas revelam que o tão falado “choque geracional” é extremamente benéfico não só a profissionais de todas as idades, mas também às empresas. E, afinal, se não olharmos para o público 50+ com atenção, como será quando chegar a nossa vez de lutar por espaço com os mais jovens? Para falar sobre as vantagens de mesclar gerações e como desenvolver mecanismos de inclusão, o RH Pra Você Cast traz Mórris Litvak, Fundador e CEO da Maturi. Confira o papo clicando no app abaixo:

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Capa: Depositphotos