A Strides Tech Community, EdTech que é uma Comunidade que reúne as principais lideranças de tecnologia do país, acaba de anunciar os resultados da sua mais recente pesquisa, em parceria com a Endeavor, sobre o Panorama da Liderança Tech no Brasil 2023/2024. 

Neste estudo inédito no Brasil conduzido pela Insights Tech Strides, braço de pesquisa da EdTech, é possível ter uma leitura holística da realidade do mercado de tecnologia no país, uma vez que a pesquisa levou em consideração aspectos como perfil das empresas e dos colaboradores.

Os dados, cunhados a partir de entrevistas com mais de um mil líderes do setor, revelam desafios relativos à equidade de gênero, questões preocupantes sobre saúde mental e perspectivas do mercado. 

“O Panorama da Liderança Tech no Brasil 2023/2024 oferece uma visão aprofundada da atual situação da liderança de tecnologia no Brasil e informações que não tínhamos com detalhes”, destaca Cláudio Azevêdo, co-founder da Strides. “Estamos entusiasmados em compartilhar estes insights com a comunidade de tecnologia e esperamos que esses dados contribuam para o avanço e desenvolvimento contínuo do setor em nosso país”, comenta acrescenta.

Principais dados que desenham o panorama do mercado tech no Brasil. 

Insights sobre a Relação com o Trabalho 

Adoção do trabalho remoto: cerca de 47% das lideranças tech entrevistadas adotaram o trabalho 100% remoto, indicando uma tendência de flexibilidade no ambiente de trabalho nas carreiras ligadas à indústria de tecnologia. Entre os líderes que trabalham em regime totalmente presencial, 44% são de empresas tradicionais. Já quem trabalha no modelo totalmente remoto, 41,38% são funcionários de startups, o que pode sinalizar antagonismo dos modelos de trabalho entre estes tipos de empresas e uma tendência. 

Realização no trabalho em regime híbrido: profissionais em regime híbrido, com um ou dois encontros presenciais por semana, demonstraram alto índice de realização profissional, com 9 em cada 10 líderes se sentindo realizados ao final do dia. 

Felicidade no trabalho: no ‘remoto vs. presencial’, a pesquisa constatou que líderes em regime totalmente remoto demonstraram maior felicidade no trabalho (64%) em comparação com aqueles em regime totalmente presencial (55%).

Felicidade no trabalho por tipo de empresa: as organizações de consultoria e as empresas de software são onde há os maiores índices de felicidade no trabalho. 83,33% dos profissionais de empresas de software afirmaram estarem felizes no trabalho e nas empresas de consultoria este índice chega a 100%. No extremo oposto, ficam os E-Commerces (68,75%), as empresas tradicionais (67,86%) e startups (65,38%). Bigtechs (76,19%) ficam no meio do caminho. 

Desafios do regime flexível de trabalho: apesar de trazer mais felicidade, o modelo também impõe desafios. Conforme o regime de trabalho se torna mais flexível, o tempo de dedicação previsto tende a ser insuficiente para realizar as tarefas, devido a fatores como excesso de reuniões, pedidos de trabalho não planejados e sobrecarga de trabalho. 

Barreiras à ascensão profissional: dificuldades na comunicação, desconhecimento sobre os critérios de promoção e a ausência de posições disponíveis foram citadas como principais barreiras à ascensão profissional. 

Motivos para troca de emprego: os principais motivos relatados para a troca de emprego incluíram liderança despreparada (18,37%), salários ou benefícios inadequados (17,14%) e falta de desenvolvimento de carreira (16,73%).

Jornada de trabalho: 56,07% das lideranças da área afirmaram que o tempo dedicado à empresa não é suficiente para executar suas atividades. 

Reunião e pedidos não planejados como grandes vilões da produtividade e do turnover: os principais motivos pelo tempo de dedicação previsto ser insuficiente para realizar as tarefas são o excesso de reuniões (30,47%), os pedidos de trabalho não planejados (28,13%), a sobrecarga de trabalho devido a equipe ter menos pessoas que o necessário (18,75%) e sobrecarga por estar fazendo mais atribuições do que o previsto para o escopo do cargo (13,28%). Onde há excesso de reuniões, pedidos de trabalhos imprevistos e sobrecarga por excesso de atribuições fora do escopo do cargo, também temos entre 47% e 68% de líderes que consideram trocar de empresa no curto prazo.

Pesquisa Infojobs

Insights sobre Diversidade & Inclusão 

– Disparidade de diversidade nas altas lideranças de tecnologia: foi identificada uma menor presença feminina e de pessoas negras em cargos de alta hierarquia, sugerindo uma disparidade em posições de alta liderança, especialmente nos cargos de Diretor Sênior, Superintendente e C-Level, ainda ocupados majoritariamente por homens brancos. 

Disparidades salariais entre gêneros: líderes mulheres na área possuem salários 2,8% inferiores aos dos homens, com as maiores discrepâncias observadas em cargos de supervisão, gerência e direção, com diferenças que variam de 12% até 55,2%, no caso das mulheres gerentes jr. É notável a maior distribuição de mulheres com remuneração abaixo dos 11 mil reais. Cerca de 15% das mulheres estão nessa faixa de remuneração, enquanto apenas 5% dos homens se encontram nessa faixa. 

Insights sobre Saúde Mental 

Saúde mental: 94,1% dos fundadores de startups e scale-ups relataram ter vivido pelo menos uma condição adversa de saúde mental ao longo de sua jornada, com a ansiedade sendo a mais frequente (85,6%), seguida por burnout (37%), depressão (21%) e ataques de pânico (22%), segundo o estudo da Endeavor “Saúde e Performance de Empreendedores. 

Motivadores de desafios ligados à saúde mental: os sentimentos mais comuns da liderança na área são o de cansaço mental e/ou físico (18,33%), desânimo (13,15%) e dificuldade de concentração (10,36%). Apenas 12,35% das lideranças afirmam não sentir qualquer desafio relacionado à saúde mental. 

Cuidado com o emocional: mais de 30% dos líderes da área fazem terapia e acreditam que esta é muito importante. Entretanto, a maioria, 42,99%, mesmo acreditando que é importante, não fazem terapia. 

Insights sobre Perfis da Liderança Tech no Brasil 

Nível educacional muito elevado: diferentemente de outras indústrias, o aspecto educacional da liderança de tecnologia é excepcional, de tal forma que a maior parte possui pós-graduação ou MBA (52,89%). 

Remuneração: a maior parte destes profissionais (51,72%) informou receber entre 15 mil e 22 mil reais por mês de remuneração, sendo mais recorrente a remuneração na faixa de 19,1 mil a 22 mil reais (22,41%). Com isso, nota-se que estas lideranças possuem remunerações atrativas, o que justifica a chegada de muitos profissionais na área de tecnologia em busca de melhores salários.  

Principais desafios como líderes: no contexto atual, conduzir as mudanças estratégicas que impactam o time (15,23%), desenvolver os liderados (11,92%) e filtrar a pressão que vem de outras áreas (11,26%) são os principais desafios que as lideranças tech afirmaram que têm que enfrentar. 

Principais desafios para crescer na carreira: 52% das situações que impedem a ascensão profissional das lideranças tech estão ligadas ao sentimento que precisam melhorar suas habilidades de comunicação (18,1%), a não saber o que a empresa considera necessário para que eles possam assumir uma posição acima (17,19%) e que nas empresas que trabalham não há a posição almejada (17,17%), seguido de não ter pessoas mais experientes como mentores (14,03%) e não saber dar visibilidade da capacidade para a empresa (12,22%). 

Sentimento em relação ao futuro: 78,5% das lideranças da área de engenharia e dados estão otimistas em relação ao futuro. Dentre os líderes da área que estão pessimistas, 34,78% dos motivos para tal são por acreditarem que o pior momento para o mercado de tecnologia ainda não passou. Já entre os líderes otimistas em relação ao futuro da área de dados e engenharia, 35,71% dos motivos para um futuro otimista são porque eles consideram que estão preparados para enfrentar possíveis mudanças no mercado.

Por Redação