Em todo o mundo, as demissões em massa estão fazendo com que a população em geral tenha medo de perder seus empregos em um futuro próximo. É o que mostram dados da YouGov, multinacional especializada em pesquisa de mercado on-line. Desde setembro do ano passado, quase metade dos entrevistados globais concordaram que estavam preocupados com a direção das suas vidas profissionais.
Na América Latina, a situação é ainda mais delicada. Não só a porcentagem de pessoas preocupadas com o futuro da sua carreira é de 72%, acima da média global de 49%, mas a região já era a área com a maior porcentagem de indivíduos desempregados, mesmo antes da onda de demissões de 2023.
Nos dados da Global Profiles da YouGov, 16% das pessoas na América Latina se identificaram como desempregadas em comparação com uma média global que é de 10% e quase o dobro da cifra registrada em outros continentes, como a Ásia.
No entanto, a situação é ligeiramente diferente em cada um dos países da América Latina. O Brasil tem a segunda maior proporção de empregados pagos em tempo integral na região avaliada, com 53% até janeiro de 2023. Mas a nação, ao mesmo tempo, tem o maior número de pessoas em desemprego indefinido, quase o dobro da porcentagem da Argentina 26% contra 15%.
A Colômbia está em uma posição semelhante à do Brasil, embora sua porcentagem de funcionários em tempo integral seja ligeiramente superior à da Argentina 46% contra 44%. A nação andina tem substancialmente mais funcionários em tempo parcial, 32%, contra 22% em território colombiano.
“Isto significa que, em termos líquidos, o Brasil e a Colômbia têm uma porcentagem menor de funcionários pagos do que os outros dois países latino-americanos analisados”, comenta David Eastman, diretor-geral da YouGov na América Latina.
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Entre janeiro de 2022 e 2023, a porcentagem líquida de funcionários pagos na Colômbia aumentou de 63% para 68%. Na Argentina, teve incremento de 73% para 76%. No México e no Brasil, no entanto, as porcentagens permaneceram inalteradas.
Além disso, no Brasil, a participação de indivíduos em estado de desemprego indefinido caiu de 28% em 2022 para 26% em 2023. Em contraste, no México, esta proporção aumentou de 8% para 9% no último ano. “Os dados sugerem que o mercado de trabalho mexicano não está mais crescendo e que os mexicanos que perdem seu emprego a curto prazo são um pouco mais propensos a ficar muito mais tempo sem assumir um novo posto, ao contrário do Brasil, onde o desemprego temporário é mais comum em 2023 do que em 2022”, avalia o diretor-geral.
Também é importante notar que as economias e o status de emprego da Argentina, Brasil, Colômbia e México não são heterogêneos. A maneira pela qual os funcionários pagos são distribuídos entre as indústrias varia de país para país, e também mudou com o passar do tempo.
“No Brasil, 12% dos funcionários remunerados pesquisados pela YouGov a partir de janeiro de 2022 disseram que trabalhavam na área da Educação. Mas hoje, apenas 9% das pessoas com empregos de tempo integral ou meio período dizem que trabalham nesse setor. Isto sugere que houve mais demissões do que contratações entre professores, docentes, gestores, entre outros cargos, no último ano no Brasil”, afirma, Eastman.
Já a participação dos empregados argentinos remunerados no setor de manufaturas subiu de 9% em janeiro de 2022 para 11% em janeiro de 2023. Na Colômbia e no México, não há variações de mais de 1%, para cima ou para baixo, em qualquer setor em particular. “O que sugere para a Argentina uma contratação agressiva de trabalhadores nas fábricas no ano passado. E para Colômbia e México, esses fatores indicam uma situação mais homogênea nos seus mercados de trabalho”, finaliza.
Por Redação