Para quem ainda acredita que a felicidade no trabalho não é um fator relevante para as empresas prestarem atenção, um estudo da Robert Half, em parceria com a The School of Life Brasil, pode dar uma outra visão para o assunto. De acordo com o levantamento, “não se sentir feliz no trabalho” foi a razão mais apontada pelos respondentes (44,12%) como justificativa para pedir demissão do trabalho.
O mapeamento, que faz parte do Índice de Confiança Robert Half e para o qual os entrevistados podiam citar até três motivos, foi realizado em maio de 2023 considerando a opinião de profissionais desempregados com idade igual ou superior a 25 anos e formação superior completa.
“Podemos buscar satisfação no trabalho que fazemos e com o que entregamos. É algo raro, mas possível, encontrar um trabalho que concilie os nossos interesses, as nossas paixões e, ainda, nos traga renda. Os últimos anos nos fizeram refletir muito sobre isso. No entanto, não devemos esperar que toda a nossa felicidade venha do trabalho”, explica Diana Gabanyi, CEO da The School of Life.
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Preocupação para os jovens
Diante, inclusive, das discussões sobre ou não ser possível ser feliz no trabalho, o assunto é uma preocupação do público mais jovem. Um estudo do Nube com quase 24 mil entrevistados, de 15 a 29 anos, identificou que 38,51% têm o legítimo temor de não conseguirem alcançar a felicidade ao longo de suas carreiras.
“A busca por esse sonho é uma aspiração natural de todo profissional e ele pode surgir devido à pressão social, expectativas pessoais e incertezas em relação ao futuro”, afirma Hugo Domenech, analista de treinamento e desenvolvimento do Nube. “A felicidade é um processo contínuo e cada indivíduo tem seu próprio caminho”, acrescenta.
Para Anna Maria Buccino, gerente das áreas comercial e serviços na Vetor Editora, a felicidade vem perdendo o seu status de tema tabu, especialmente à medida que os líderes e gestores percebem que ela pode ser um diferencial para atrair talentos e diminuir as taxas de turnover.
“Hoje, já existe até uma função específica para gerenciar projetos de felicidade: Chief Happiness Officer (CHO), ou Diretoria da Felicidade, em português, com o objetivo de desenvolver programas específicos, que resultem em ambientes saudáveis, colaborativos; que elevem o índice de bem-estar dos colaboradores e levem ao aumento da criatividade, da produtividade e dos resultados sustentáveis. Empresas como Heineken, Google, Salesforce e Microsoft são algumas que já possuem uma diretoria para a felicidade, porém ainda há muito o que se realizar em tantas organizações do Brasil e do mundo”, pontua.
Outro levantamento, desta vez do PageGroup, destaca que 8 em cada 10 brasileiros consideram a saúde mental e o equilíbrio entre rotina pessoal e trabalho como fatores essenciais na cultura das empresas, superando a média global e da América Latina, que registraram 70%. Não à toa, a flexibilidade no trabalho ganha força entre os principais desejos profissionais.
“A pandemia abriu os olhos dos empregadores para a criticidade da saúde mental e bem-estar no ambiente de trabalho. Essa tem sido uma pauta presente não apenas na área de recursos humanos, como na organização como um todo. Cada vez mais as empresas estão monitorando os níveis de felicidade, bem-estar e ansiedade de seus funcionários, agora que elas têm uma compreensão mais clara de como essas facetas afetam a performance e resultados da organização”, afirma Ricardo Basaglia, CEO do PageGroup no Brasil.
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Outras causas de demissão
Além da felicidade, outros fatores também são ‘protagonistas’ entre as principais razões que levam um colaborador a se demitir. Segundo o estudo da Robert Half com a School of Life Brasil, buscar novos desafios (33,82%) e falta de valorização no trabalho (27,94%), apresentam altos índices de votos. Relação ruim com gestores, que já foi a primeira colocada em rankings anteriores, aparece como a quarta causa mais citada (19,12%).
“Historicamente, nos nossos estudos, a relação ruim com os gestores sempre liderou a lista de causas para um pedido de demissão. Essa pesquisa de agora mostra que o relacionamento com o líder continua sendo um fator relevante para um colaborador permanecer ou não na empresa. O que acontece, na minha visão, é que, hoje, os profissionais estão mais conscientes e seguros para detalhar melhor os próprios descontentamentos com relação ao trabalho”, finaliza Maria Sartori, diretora associada da Robert Half.
Por Bruno Piai