Na última terça-feira (22/11), aconteceu a segunda edição do Congresso Internacional Mulheres do Mundo. Com o tema “Iniciativas mundiais na repactuação da liderança feminina”, o evento, promovido pelo Instituto Vasselo Goldoni (IVG) e com o patrocínio do Banco Bradesco, reuniu mais de 1.400 pessoas no Teatro Bradesco, em São Paulo.

Em sua fala de abertura, Edna Vasselo Goldoni, presidente do IVG, destacou que “não basta sonhar, precisamos acreditar. Mais do que isso, precisamos realizar. Compartilhe os sonhos com pessoas mais corajosas. Com pessoas que vão te apoiar nesta jornada”.

Já Glaucimar Peticov, diretora executiva no Banco Bradesco, lembrou que estamos fazendo um desenvolvimento para que a mulher possa ocupar cada dia mais o seu lugar. “Nós não chegamos aonde chegamos por inércia, sempre teve muita batalha. Temos força, temos coragem. Temos que conjugar a sonoridade, uma puxa a outra. Enquanto não aprendermos que essa união faz a diferença, não vai adiantar”.

A primeira palestra da manhã contou com a participação de Sherry McAllister, ChairWoman da ISaw (International Strategic Accelerator for Women), que trouxe o dado que iremos levar 132 anos para alcançar igualdade de gênero e, ao se trabalhar em conjunto, é possível acelerar o processo.

“Uma das coisas que o Brasil precisa é ter oportunidades econômicas. Ao construir relacionamentos fortes, pense em como trazer sua comunidade com você. Para fazer redes de contato do mundo inteiro”, afirmou Sherry.

Palestra de Sherry McAllister – crédito da imagem Andréa Camargo

Iniciativas Mundiais

Com participação de Mafoane Odara, líder de RH para América Latina na Meta; Quitéria Guirengane, presidente da Rede de Mulheres Jovens Líderes de Moçabique; Artur Grynbaum, CEO do Grupo Boticário, Mar Introini, Global Chair da Global Networking e Amanda Oliveira, CEO do Valquírias World, o primeiro painel debateu as iniciativas mundiais neste contexto.

Para Mafoane, o mundo vem se transformando e, diante disso, fica claro o poder da colaboração. “Esse País depende de nosso engajamento individual, da ação colaborativa, de conseguirmos construir uma estratégia que olhe para o mesmo luar. Não significa que faremos as coisas do mesmo jeito. A próxima revolução que vamos viver é a das relações. Como construir relações mais respeitosas”.

Questionada sobre o que a motiva nessa jornada, Quitéria respondeu se tratar de um problema concreto. “Meu caso é dar voz a quem não tem para responder as questões desiguais. Moçambique é assolado por uma série de conflitos. Me motiva o poder de transformar os obstáculos do meu contexto em forças de mudança. Qualquer transformação social inicia de uma ação de fé e coragem”.

Mar lembrou que um agente de transformação social não é necessariamente um chefe ou um líder, mas, sim, um cidadão comprometido. “Convido você a buscar inspiração na vida cotidiana. Precisamos focar no local. No Brasil estima-se que as mulheres têm 30% menos oportunidades que os homens”.

No âmbito da transformação social, o Valquirías World é um grande exemplo. Gerando impacto direto para mais de 18 mil pessoas por mês, as iniciativas do instituto permitem acesso à educação de qualidade, segurança alimentar, alfabetização digital, qualificação profissional, renda, desenvolvimento social, integridade de vestimenta e moradia.

“O que muda o jogo de realidade de meninas é a oportunidade. A pobreza manipula a nossa cabeça e faz a gente pensar que brilhar não é para nós. Precisamos escutar para aprender como agir. Precisamos devolver para as mulheres tudo o que foi tirado delas. Emancipar a mulher é sobre protagonismo”.

Para Artur, o desenvolvimento empresarial precisa andar de mãos dadas com o social. “Precisamos reconhecer que existem desafios, preconceitos, sabemos que o caminho é mais logo. Não tem solução fácil, tem que ter estratégia, cultura, foco e engajamento”.

congresso mulheres no mundo

Mafoane, Artur e Amanda (esquerda para a direita). No telão, Mar e Quitéria – crédito da foto: Andréa Camargo

Diálogos e Repactuação

“Mais do que diálogos, precisamos de diálogos maduros no que tange ao tema. Precisamos falar com empresas, organizações, amigos, familiares, filhos. As futuras gerações estão aí para que cresçam e possam fazer parte de um mundo diferente”, destacou Livia Mandelli, Ph.D Comportamental Humano, mestra em Liderança, consultora, professora, palestrante, escritora e mentora, que moderou o segundo painel do evento.

Participaram da conversa Carlo Pereira (CEO da UNGC Brasil / Pacto Global-ONU); Cristina Palmaka (Presidente da SAP); Danielle Torres (sócia-diretora da KPMG) e Flávia Porto (diretora de RH da Yara Brasil).

 

congresso mulheres do mundo

Cristina, Flavia, Dani, Edna, Livia e Flavia Cintra. Crédito da imagem: Andréa Camargo

Cristina destacou que fica feliz ao perceber o avanço do tema nas empresas e no Governo, mas é necessário cada vez mais. “Precisamos trazer mais aliados, tomar ações mais afirmativas. No Brasil 31% mulheres estão na liderança, queremos chegar meio a meio”.

Para além dos números, Carlo disse ter clareza do quanto o mercado ainda é machista, sexista e racista. “As mulheres são, em maior número, egressas da universidade desde 1990. No Pacto mostramos cases de que a mulher em posição de poder é bom para os negócios, mas precisamos fazer por uma questão de ética, de ser o certo a ser feito”.

Nesse contexto, Flávia pontuou ser essencial falar sobre interseccionalidade. “Existem inúmeras formas de existir como mulher. A mulher que eu sou, negra, de periferia, imigrante, é de uma relevância absurda. Intersecionalidade significa reconhecer os diferentes pontos de partida. As ações precisam ser ajustadas para que as propostas de mudança levem em consideração as diferentes realidades”.

Danielle concorda ao ressaltar que, ao pensar no gap de gênero, a resposta passa pela consciência de cada um de nós. “É necessário olhar para a nossa sociedade e ver que existe uma pluralidade tão grande e há uma ausência de acesso. Jamais imaginei que eu seria a primeira executiva trans do Brasil porque deveria ter tido alguém antes de mim. É uma noção de responsabilidade coletiva. Faça todos os dias a nossa revolução.

Assista o RH Pra Você Cast com Danielle Torres aqui.

O Congresso contou com participação especial da ex-ginasta Daiane dos Santos que, inclusive, trouxe em mãos sua medalha de ouro. Daiane contou sobre a importância de mulheres fortes ao longo de sua trajetória e como isso fez diferença em sua vida e em sua carreira. “Tive pessoas ao meu lado me impulsionando. O sonho nunca vem sozinho. A vitória e sucesso de uma é o sucesso de todas nós”.

 

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Daiane dos Santos – crédito da imagem Andréa Camargo

Por Gabriela Ferigato