A busca dos profissionais brasileiros por ambientes de trabalho saudáveis é cada vez mais evidente, e levantamentos do site de empregos Indeed deixam isso bem claro. O primeiro deles, realizado em agosto de 2022, mostra que 55% dos trabalhadores deixariam o seu emprego atual se identificassem nele um ambiente tóxico para convívio e exercício de suas funções, enquanto 50% não permaneceriam em uma empresa caso não se sentissem suficientemente valorizados.

Por sua vez, o segundo estudo, feito em novembro, revelou que 53% dos tomadores de decisão respondentes valorizam líderes que apoiam e promovem ativamente um ambiente de trabalho diverso e inclusivo. Entre as habilidades mais desejadas em um líder, a capacidade de lidar de forma eficaz com D&I só está atrás da capacidade de manifestar interesse/preocupação com o bem-estar dos funcionários (61%) e do interesse em ajudar funcionários no crescimento pessoal e desenvolvimento de carreira (70%).

“Os dados sugerem que os trabalhadores estão cada vez mais priorizando seu bem-estar físico e emocional – especialmente no trabalho. Mas eles não são os únicos que buscam uma liderança mais eficiente, saudável e motivada, já que as empresas também valorizam isso”, afirma Felipe Calbucci, diretor de vendas do Indeed no Brasil.

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Líderes precisam entender o seu papel na inclusão

Letícia Rodrigues, sócia-fundadora da consultoria Tree Diversidade, elucida que um líder inclusivo é aquele que entende que a inclusão não está somente no ambiente ao seu redor, mas também em seu comportamento. A especialista em diversidade & inclusão aponta que as lideranças que buscam compreender seus vieses inconscientes, crenças excludentes e vulnerabilidades estarão mais aptas para enxergar a inclusão como um mecanismo de impacto social e não como uma obrigação por pressão popular.

“O líder que se dispõe a ser inclusivo precisa fazer um exercício diário para ver quem não está presente na sua organização, criar ações para incluí-las e, principalmente, prestar atenção em quem já está presente mas não tem sua voz ouvida e valorizada.”

Segundo uma pesquisa sobre DE&I conduzida pela Korn Ferry em países da América Latina, apenas 28% dos 823 entrevistados têm avaliações de lideranças inclusivas. Os dados registram também que apenas 40% contam com uma liderança inclusiva de desenvolvimento e 26% têm abordado indicadores de performance de DE&I para líderes de pessoas.

Para Daniele Avelino, Especialista em Recursos Humanos e Top Voice do LinkedIn na área de Carreiras, os desafios para trabalhar a diversidade, a equidade e a inclusão de forma positiva aumentam à medida que nem todos os profissionais estão abertos para trazer o tema para dentro das organizações.

“Quando falamos especificamente do Brasil, transformar iniciativas em ações é o que há de mais desafiador, pois o nosso país é o que tem maior diversidade de culturas, pessoas e interseccionalidades. Ou seja, existe uma gama de diferenças que precisa ser considerada em diversos aspectos. Além disso, outro aspecto essencial é mostrar aos gestores a importância das contratações de diversidades e o que isso pode trazer de benefícios para a empresa de maneira geral. Esse ponto em especial precisa ser trabalhado porque nem todos os profissionais estão abertos para discussão sobre o tema”, diz.

Ainda de acordo com o relatório da Korn Ferry, há cinco grandes desafios que atrapalham a implementação de práticas de DE&I eficazes. São eles: Transformar intenção em iniciativa prática (66%); modificar comportamentos (58%); assegurar líderes responsáveis (39%); falta de experiência (36%); e orçamento (34%).

“A participação da liderança – o que eles falam e fazem – influencia diretamente no processo de inclusão das empresas, aparecendo com destaque em diferentes pesquisas. Investir tempo e ações voltadas para este público é fundamental no desenvolvimento de uma estrutura diversa, na qual os profissionais se sintam em um ambiente seguro para se posicionar, com espaço para crescer e se desenvolver”, salienta em artigo Jurema de Melo Andrade, Gerente de Exportação da Vedacit.

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Habilidades de liderança mais valorizadas

Retomando a pesquisa mais recente do Indeed, as habilidades mais desejadas para os líderes, segundo os tomadores de decisão, são:

  • 70% – Incentiva e ajuda os funcionários no crescimento pessoal e desenvolvimento de carreira;
  • 61% – Manifesta interesse/preocupação com o bem-estar dos funcionários;
  • 53% – Apoia e promove ativamente um ambiente de trabalho diverso e inclusivo;
  • 49% – É um bom comunicador que pode ouvir e compartilhar informações;
  • 47% – Possui fortes habilidades de coaching e pode transmitir conhecimento;
  • 38% – Tem um bom equilíbrio entre vida profissional e pessoal, e também respeita tal equilíbrio dos funcionários;
  • 35% – Pode capacitar seus colegas e funcionários;
  • 34% – Define critérios de desempenho transparentes e avalia de forma objetiva;
  • 30% – É especialista na área que gerencia;
  • 27% – É assertivo nas atribuições de trabalho;
  • 24% – Oferece reconhecimento oportuno e regular;
  • 16% – Oferece feedback regularmente.

Cultura de Feedback

“É compreensível que os líderes se preocupem se estão fazendo um bom trabalho e alcançando resultados. E estão percebendo que liderar equipes exige mais do que apenas delegar tarefas, pois é fundamental ter as características certas que vão levar os membros da equipe a atingir todo o seu potencial”, finaliza Calbucci.

Por Bruno Piai