Conta-se, que num reino distante, havia um profeta e este havia recebido a grande missão de encontrar um novo líder para o povo da região, já que o anterior, embora tivesse todos os critérios de líder, “estava deixando a desejar”. O profeta conhecido por nome Samuel, foi à procura de quem seria o novo sucessor, e chegando ao local determinado, deparou-se com um grupo de irmãos parrudos, belos, e que “aparentemente” carregavam todas as características de um “chefe”.

No entanto, após olhar todos os rapazes presentes, perguntou ao pai daqueles jovens, se tinha algum filho que ainda não havia visto. Jessé, o pai, lembrou-se então que faltava um, o caçula: um menino pequeno, sardento e cuidador de ovelhas chamado Davi.

Seus irmãos riam, pois Davi jamais poderia ser líder, já que a sua aparência era de um derrotado e não preenchia os requisitos para se tornar líder daquele povoado.

Ao ver Davi, o profeta soube que aquele era o líder que procurava. Atônitos, confusos e intrigados, os irmãos questionavam como poderia ser isso. Mas a resposta foi: “não observe a aparência, mas sim o coração”.

De fato, “quem vê cara não vê coração ou melhor não vê o líder”!

Atuando nesse segmento por décadas, posso garantir que ser líder nada tem a ver com aparências, mas com intenção, chamado e competência.

Davi não tinha jeito de gestor, “não tinha cara” e nem porte físico de um Rei ou Guerreiro, mas foi um dos líderes mais conhecidos da história!

Um homem segundo o coração de Deus… (se você conhece essa história, comente)

Talvez você não perceba, mas estamos rodeados de líderes anônimos por todos os lados.

No mercado, é comum encontrar vários profissionais que procuram no gestor a figura do líder, o que infelizmente nem sempre encontramos. Afinal, tem muito profissional ocupando o cargo de gestor sem ao menos ter perfil para isso, assim como tem muito colega de mesa que não passa de um mero colaborador, mas que pode ser um grande líder dentro do time, por exemplo. Estes são o que chamo de Colaboradores Davis: o funcionário que não tem cara de chefe, nem jeito ou porte de gestor, mas que é líder por motivação e natureza.

E como identificamos esses colaboradores?

Basta analisar o quanto o funcionário exerce influência na versão horizontal, dando espaço para diálogos, sendo capaz de influenciar pessoas de forma despretensiosa, motivar, impulsionar e lidar com conflitos sem que alguém tenha pedido, que estrategicamente divide as tarefas, que oferece ajuda para o colega, que pensa como um time, que entende o que está acontecendo no mercado, que percebe a necessidade dos clientes versus empresa versus colaboradores, que compreende quais são os recursos disponíveis e motiva a colaboração de todos os membros no alcance dos objetivos, que estimula o pessoal, que é exemplo de engajamento, comprometimento e resultados.

Quando um colaborador demonstra essas características, temos aí um líder!

Os primeiros sinais de que temos “colaboradores Davis” está em identificar aqueles que se relacionam bem com todos, são prestativos e especialmente influenciam mesmo sem ter uma cargo de liderança.

Por meio de sua experiência e do conhecimento, os “colaboradores Davis” são aqueles que conduzem o time apoiados em seus pontos fortes, e principalmente por meio da inteligência emocional.

A visão sobre o real papel do líder passou por grande transformação nas últimas décadas. Anteriormente, o cargo era visto como uma autoridade que simplesmente tinha o poder para mandar, o que, na maioria dos casos, tornava-o um ditador. O líder de antigamente era taxado como alguém que não “colocava a mão na massa”, que não gostava de dialogar e nem mesmo se mostrava flexível em ajudar a equipe.

O interessante é que quando uma empresa compreende o real papel do líder e o identifica, ela também incentiva e o empodera para alcançar maior produtividade, engajamento e retenção de seus bons profissionais.  O resultado dessa percepção se torna nítida quando acontece genuinamente um crescimento sustentável, bons resultados de maneira consistente e a construção de um ambiente organizacional positivo.

Líders: formalizados ou não, o fato é que estamos rodeados deles!

E como identificá-los? A resposta é simples, observando/analisando os seus pontos positivos e negativos.

Para facilitar essa observação, conheça os 7 Perfis de Liderança que normalmente encontro em minhas visitas as empresas, ministrando palestras, treinamentos e análise de equipes.

7 Perfis da Liderança

  1. Líder Inativo – Esta categoria de líder é representada por aquele que sempre está com a energia baixa, sem interação com o time, desmotivado, e dia após dia, mostra-se cansado, “pra baixo” e arrastando correntes.
  2. Líder Opressor – Este líder é representado por ser centralizador, dominador e autoritário. Lideres desta categoria usam do poder que possuem para guiar o time à base da pressão, do medo e do autoritarismo. São líderes que coagem, que são emocionalmente e intelectualmente abusivos.
  3. Líder Sistemático – Esta classificação de líder é reconhecida por ter um perfil organizado, por valorizar o conhecimento, por atuar de forma estruturada e regulamentada.
  4. Líder Pesquisador – Trata-se do líder que explora novos conhecimentos, busca por inovação, dá autonomia a outras pessoas, é entusiasmado, gosta de criar oportunidades, e por isso, obtém experiências, soluções e resultados diferenciados.
  5. Líder Consciente – É um gestor preocupado em fazer a diferença, focado e conectado com a equipe, essa classificação de líder gosta de trabalhar em grupo, têm facilidade em desenvolver a organização e o time de forma sustentável, sempre deixando um legado.
  6. Líder Ativista – Não preciso nem dizer que este perfil de líder tem personalidade forte, veste a camisa da empresa, levanta a bandeira e inspira pessoas que anseiam por fazer a diferença no mundo. São líderes que criam o futuro, são visionários e prestam atenção nas necessidades do outro.
  7. Líderes Abnegados – Trata-se de líderes que abrem mão de seus direitos pessoais, dedicam as suas energias ao serviço de uma causa, são minimalistas, generosos, desapegados e se entregam por completo.

Diante dessa lista de sete tipos de líderes, podemos perceber pontos fortes e fracos em cada um deles, mas muito mais do que isso, podemos notar que o líder por natureza dá sinais de que carrega esse talento em si, ainda que não tenha sido oficializado neste cargo.

Será que em sua equipe existem líderes escondidos?

Será que, como líderes, nós temos buscado formar outros líderes baseado na “aparência de quem tem cara”, jeito ou porte de chefe, ignorando os sinais de quem realmente é um líder por natureza e motivação?

Será que os critérios que utilizamos para julgar um líder e um não-líder está alinhado com os fatos? É de se pensar!

Espero que tenham curtido essa reflexão e caso necessitem de ajuda para avaliar sua equipe, seus lideres ou potenciais lideres, estou a disposição.

Atuo com palestras e treinamentos para liderança e para desenvolvimento de novos lideres e equipes, além de prestar consultoria e também participar de Conselho de Empresas. Seja qual for o seu caso, entre em contato!

Grande Abraço

Por Marcelo Simonato, executivo, escritor, palestrante e especialista em Liderança e Gestão de Pessoas. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação

Saiba mais sobre o meu trabalho como Executivo, Conselheiro de Empresas, Mentor de Líderes, Escritor e Palestrante, Especialista em Liderança Humanizada na Prática. Site.