Por que ainda precisamos falar de inclusão? Reflexões de uma CEO LGBTQIA+ no mês do orgulho. É sempre bom lembrar que ser homossexual era considerado uma doença pela OMS até o ano de 1990, ou seja, há apenas 34 anos. E, mesmo depois deste tempo, ainda seguimos no meio de um processo de mudança de mindset enquanto sociedade. Por isso, precisamos continuar educando as pessoas sobre o tema para garantir um ambiente minimamente receptivo para pessoas LGBTQIA+.

Como uma pessoa e uma líder que faz parte desta comunidade, costumo dizer que não tem nada mais poderoso do que ser você mesma, principalmente no que diz respeito ao trabalho. Uma pesquisa realizada pelo Center Talent for Innovation com mais de 12,2 mil profissionais em diferentes países, incluindo o Brasil, revelou que 61% das pessoas LGBTs afirmaram esconder de seus colegas e gestores a orientação sexual.

Difícil a realidade ainda da maioria das pessoas no mercado de trabalho. Uma das realizações que tive ao longo da vida é que não existem duas Manoelas, a profissional e a pessoal. Elas são a mesma pessoa. Poder me sentir genuinamente eu é fundamental para entregar meu melhor trabalho.

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Aprendi com uma pessoa que trabalhou na Pipo que diversidade é convidar para festa e inclusão, é convidar para dançar. Por isso, meu apelo nesse mês do orgulho de 2024 é que as empresas reflitam genuinamente sobre inclusão. E aqui vão algumas provocações:

Toda empresa tem clareza de qual é o propósito do seu mês do orgulho? Queremos atuar sobre letramento? Atração de talento? Inclusão?

Como a responsabilidade é compartilhada entre RHs e líderes, e como isso é conversado de maneira aberta entre as partes? Costumo dizer que um RH forte pode desresponsabilizar lideranças, ou seja, um RH pode tomar para ele uma missão que deveria estar na pauta das lideranças (isso pra mim é muito sintomático quando falamos de D&I).

Já é mais que sabido nas organizações que representatividade é fundamental. Como trazemos pessoas LGBTQIA+ para o palco nesse mês e arrastamos pelo exemplo?

Um levantamento recente da startup To.gather mostrou que em 61% das empresas do país, as pautas de diversidade e inclusão competem com outras pautas no RH, não dispondo de uma área ou liderança para gerar políticas de D&I.

Precisamos falar de orgulho para além do politicamente correto. Precisamos enxergar a pauta de diversidade e inclusão como aliada do negócio e da geração de impacto. É só quando mostramos que essas duas coisas estão conectadas que vamos ganhar aliados nas empresas, que são fundamentais para o avanço da causa.

Por isso, respondendo aos questionamentos de algumas pessoas: por que temos mês do orgulho LBTQIA+ e não temos um mês do orgulho hetero? É porque a inclusão e a receptividade desse grupo já está completamente apaziguada (e dominante) no mundo corporativo. Ninguém acorda querendo um mês do orgulho. E nós, enquanto pessoas LGBTQIA+, só queremos que um dia ele não seja mais necessário.

Por que ainda precisamos falar de inclusão? Reflexões de uma CEO LGBTQIA+

Por Manoela Mitchell, CEO e co-fundadora da Pipo Saúde.

 

 

Ouça o episódio 125 do RHPraVocê Cast, “A trajetória da primeira executiva trans do Brasil“. Quando decidiu contar à empresa que se reconhecia como mulher trans, Danielle Torres foi para a conversa preparada para pedir demissão. Achava que com a afirmação de #gênero não teria mais espaço. Mas não apenas recebeu apoio institucional para as mudanças, como também foi convidada, mais tarde, a fazer parte do quadro societário em uma das maiores empresas de auditoria e consultoria do mundo, a #KPMG. Em seu recente livro “Sou Danielle“, ela conta essa jornada até aqui. Neste episódio, o CEO do Grupo TopRH, Daniel Consani, e a editora do RH Pra Você, Gabriela Ferigato, conversaram com Danielle sobre sua trajetória, seu livro e o papel do RH, e das lideranças, na #diversidade e inclusão. Acompanhe clicando no app abaixo:

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Capa: Depositphotos