Bar principal da praça do Duomo no centro da pequena cidade provinciana. Aglomeração de frequentadores, homens e mulheres de diferentes idades, unidos pelo hábito de frequentar o bar desde sempre.
Chega Giovanni, recentemente retornado à cidade após um longo período no exterior, acompanhado pela nova e bela esposa que ainda não conhece ninguém: “Olá, vocês sempre estão no bar, é um prazer encontrá-los! Então, quais são as novidades na minha casa?!”
Há algumas semanas, fui à apresentação do belo livro de Marco Vigini, “O poder das relações“, publicado pela BUR. A primeira coisa que o autor observa é a tendência de muitas pessoas em subestimar o valor do network. Especialmente quando percebem que precisam dela, é fácil ouvi-las dizer: “Ah, se eu tivesse pensado nisso antes… se pudesse voltar atrás…”
No entanto, cada um de nós, mesmo intuitivamente, entende o quão importantes são as relações. Para estar informado, como no caso da piada inicial, ou para ser ajudado em tempos de necessidade, mas eu acredito também para viver uma vida satisfatória.
A comunidade vem antes de tudo: antes dos indivíduos, antes das famílias. E o homem é, por natureza, um “animal social”, um “animal político”. “Aquele que pensa poder viver fora de uma comunidade – decretava Aristóteles – ou está acima ou está abaixo do homem: ou é uma besta, ou é um deus“.
Então, quais são as razões para uma subestimação tão generalizada do poder do network?! O motivo é que o poder das relações se baseia em três princípios fortemente contra-intuitivos.
O primeiro é o da redundância: vivemos numa época em que é enfatizada constantemente a importância de eliminar o desperdício, de viver de forma “ágil”, limitando o máximo possível tudo o que nos impede de alcançar diretamente o objetivo que estabelecemos.
A rede, por outro lado, baseia-se na necessidade de construir relações mesmo sem saber previamente se e quanto serão úteis. Apenas o futuro poderá dizer: certamente, no entanto, muitas das pessoas com quem nos relacionamos se perderão ao longo do caminho, e com elas, também o tempo que dedicamos a elas.
O segundo pressuposto sobre o qual a rede se baseia diz respeito à necessidade de pensar a longo prazo. Cada um de nós deve construir sua rede quando não tem uma necessidade imediata. É tarde demais buscar ajuda na comunidade profissional quando se perdeu o emprego. Deveríamos ter pensado nisso antes, quando não estávamos movidos pela necessidade específica.
As relações são construídas encontrando pontos comuns de interesse, afinidade ou atividade, fora da instrumentalidade imediata. O poder das relações, portanto, se manifesta a longo prazo, enquanto vivemos num mundo onde a precariedade reina, um presente imanente, onde é cada vez mais difícil fazer previsões e onde cada vez mais se olha e se raciocina a curto prazo.
Isso vale, por exemplo, para o relacionamento que temos com as empresas às quais pertencemos, que são trocadas com muito mais frequência do que antes, mas também nos relacionamentos amorosos, que também têm uma vida média consideravelmente mais curta do que antes.
Há então um terceiro elemento paradoxal que caracteriza o “poder das relações”. A rede se baseia na doação, mas não pode prescindir da reciprocidade. Uma comunidade de indivíduos que dialogam e se apoiam mutuamente deve ser sustentada pela disposição de cada um em dar algo ao outro. Tempo, atenção, escuta, informações, contatos, gentilezas: todas as coisas que exigem comprometimento, esforço e atenção.
Ninguém pode considerar como certo ou óbvio o que outra pessoa faz por ele. Se não houver reciprocidade, é como se estivéssemos negando o que foi feito e a relação se desfaz. Durante o debate após a apresentação do livro de Marco Vigini, mencionei um caso concreto que vi se repetir várias vezes.
Um contato meu está em grande dificuldade. Está desempregado ou prestes a ficar. Para evitar essa situação ruim, um consultor se esforça muito para ajudá-lo, conseguindo eventualmente encontrar um emprego para ele em um de seus clientes. Assim que a pessoa assume a posição, começa a ajudar vários consultores, exceto aquele que o colocou lá. Na minha experiência pessoal, isso acontece, em média, em um de cada três casos. Outros amigos e colegas confirmam isso.
Provavelmente isso acontece – essa é a única explicação que consigo encontrar – porque a pessoa ajudada quer apagar a ferida narcisista sofrida. Na comunidade de RH, essa grave falta de gratidão pessoal e profissional, conhecida como ingratidão, parece ser muito difundida.
Ou talvez a estupidez, característica que muitas vezes acompanha a ingratidão, tenha infectado também a comunidade de RH…
Por Paolo Iacci, Presidente Eca Itália, empresa líder na gestão de pessoal em mobilidade internacional. Ele auxilia empresas em todos os aspectos da administração, tributação e previdência social para italianos que vão para o exterior e para estrangeiros que vêm trabalhar na Itália. É também professor da Universidade de Milão. Artigo publicado originalmente em 2024 na HR ONLine da AIDP – ‘Associazione Italiana per la Direzione del Personale‘.
Ouça o episódio 182 do PodCast RH Pra Você Cast, “A ascensão dos influencers de RH”. Quem é mais ativo nas redes sociais sabe o quanto é difícil acompanhar o ritmo de novos influencers. De repente, nos deparamos com algum que tem milhares ou milhões de seguidores e nos questionamos: “como eu nunca ouvi falar sobre?”.
A versatilidade da função faz com que praticamente todas as áreas contém com especialistas que assumem o papel de influenciadores digitais. Isso, é claro, vale para o RH, que cada vez mais abrange novos profissionais para compartilhar dicas, experiências, histórias e muito mais para o seu público. E para falar sobre a ascensão dos influencers de Recursos Humanos, nada melhor do que falar com quem já domina a arte. O papo da vez é com Ana Chauvet, que conta com mais de 348 mil seguidores somente no LinkedIn. Confira!
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