Alcançar um espaço de liderança dentro de uma organização é o sonho de muitos profissionais. E para pavimentar esse caminho até o topo existe um vasto cardápio com dicas e conselhos. Porém, essa riqueza de orientações perde fôlego quando o assunto passa a ser os desafios da cadeira de alta liderança – o que escancara um problema já conhecido por muitos: o isolamento da liderança. Para as mulheres, então, essa solidão pode ser ainda mais latente.
Essa dificuldade que CEOs ou líderes em altos cargos enfrentam para se manterem nessas posições é retratada em pesquisa da Harvard Business Review. O estudo revela que 50% dos CEOs entrevistados se sentem isolados em seus cargos. Isso acarreta, ainda, efeitos negativos no desempenho de pelo menos 61% deles. Para os líderes de primeira viagem, esse índice alcança assustadores 70%.
Relatório recente da comunidade de liderança TheLi.st, da agência criativa Berlin Cameron e da empresa de pesquisa Benenson Strategy, revela que, para as mulheres, especificamente, esse cenário é ainda mais preocupante: 55% das mulheres que estão em nível sênior afirmaram que se sentiram solitárias em seus empregos pelo menos uma vez no mês anterior da pesquisa.
Outro ponto do estudo que chama atenção diz que, para os homens, o sentimento de solidão é atenuado à medida que a carreira progride. Já para as mulheres em cargos de liderança, entretanto, é o oposto: 60% delas disseram que o sentimento de isolamento aumentou junto com o sucesso na carreira. E para 40% das mulheres em nível sênior os desafios profissionais estão acima das expectativas razoáveis.
Há uma série de questionamentos que líderes, principalmente CEOs e outros cargos do alto escalão executivo, enfrentam – independente do gênero. Além da forte cobrança que profissionais que alcançam o topo enfrentam, os feedbacks nessa posição são escassos, e acima deles estão, por vezes, apenas os conselhos administrativos ou os próprios acionistas da empresa. O que torna o terreno ainda mais sinuoso – e solitário.
Esse isolamento na liderança se torna ainda mais latente quando os líderes passam a ter a real dimensão do impacto que suas decisões podem tomar. Outro estudo, este realizado em 27 países em 2019, intitulado Edelman Trust Barometer, revela que 77% dos brasileiros disseram confiar mais no CEO da empresa em que trabalham que no governo e nas demais instituições, como ONGs e imprensa. Essa constatação é um alerta para aqueles que, sugados pelo dia a dia da operação, se esquecem de investir no desenvolvimento de si mesmos.
Essa solidão – no pior dos casos – pode acelerar a tomada de decisões erradas ou precipitadas. Por isso, é vital ter um olhar profundo para reconhecer os pontos técnicos e/ou comportamentais que precisam ser lapidados. Afinal, se manter nessa posição exige uma preparação contínua.
É fundamental, por fim, que os líderes que se sentem isolados busquem apoio exterior – realizado fora dos muros da empresa. Por falta de pares e a ausência de trocas construtivas, além da desconfiança de expor eventuais fragilidades com liderados, esse caminho, seja por meio de mentoria com especialistas ou o trabalho sério e comprometido de coaches, pode auxiliar não apenas na busca de respostas, mas também muitos líderes a sair das zonas de conforto – e encontrar suporte profissional e especializado para enfrentar e vencer os desafios que surgem na jornada de qualquer líder
Por Valéria Pimenta, diretora de Negócios na Thomas International Brasil, presente em 60 países e primeira empresa a fornecer assessment comportamental no Brasil. Especialista em análise comportamental e desenvolvimento de liderança, Valéria também é mentora comportamental e coach de executivos.
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Capa: Deposithphotos