Ritmo acelerado, demandas absurdas e prazos curtos, esses são os ingredientes que compõem o conteúdo da panela de pressão do ambiente corporativo.

As metas sem prioridades claras, o pouco tempo para criar ou refletir sobre novas ideias e a falta de comunicação são os temperos que dão o toque do chefe nesse preparo, ou melhor, despreparo que muitos gestores enfrentam e que serve para oferecer um cardápio variado de questões psicológicas para os colaboradores, que vão desde crise de ansiedade a burnout.

Esta síndrome inclusive, ganhou posição de destaque entre os executivos de diferentes áreas de atuação, e de acordo com uma pesquisa feita pela consultoria Eagle Hill, entre as causas, 53% dizem ser decorrentes do volume de carga de trabalho, 44% devido à equipes reduzidas, 41% pela dificuldade em equilibrar vida pessoal e profissional e 39% por conta da falta de comunicação e apoio.

Esses dados trazem o holofote para a falta de preparo de muitos gestores no que diz respeito a olhar para as consequências psicológicas que as condutas internas podem gerar em seus liderados. Em diversos casos, eles não observam sinais claros de que as pessoas sob sua gestão estão adoecendo por conta das exigências realizadas por eles. Ou melhor, será que realmente não observam ou também estão sendo pressionados e se tornam vítimas desse sistema?

Com certeza quem ligou o fogo da panela de pressão do ambiente corporativo não foram os gestores, mas em muitos momentos são eles os responsáveis por manterem a tampa fechada. A função de pressionar foi dada a esses executivos para que as expectativas da empresa fossem alcançadas, e para não tirarem os olhos deste objetivo, acabam desviando eles dos efeitos psicológicos que a pressão excessiva é capaz de causar.

Hoje, boa parte das pessoas trabalham em ambientes que não proporcionam trocas saudáveis e liberdade para se expressarem. O custo disso pode ser alto, tanto para a saúde mental do colaborador, quanto para o financeiro da empresa, uma vez que gera aumento de despesas com afastamentos e licenças, além de diminuição de equipes e turnovers.

Para reverter cenários como esses e ter sucesso na criação de um ambiente favorável, a cultura das empresas precisa acompanhar os valores individuais das pessoas que ali estão. Sem dúvidas isso é um desafio, afinal, estamos falando de um número considerável de colaboradores em muitos casos, mas o futuro do trabalho está justamente numa liderança inclusiva, com uma cultura genuína, responsável pelo desenvolvimento das pessoas e de instruí-las e motivá-las.

Cultura de Feedback

A liderança do futuro – e do hoje – se aproxima das necessidades de sua equipe de forma colaborativa e não individualista. Carrega para si o comprometimento e alavanca pessoas sob sua gestão, papel básico de um bom líder.

Dessa forma, comprometer-se em ter times mentalmente saudáveis, que mantêm uma comunicação clara entre si, que escalam os problemas para a alta liderança, a qual inclui a pauta de saúde psicológica em reuniões de board e atua nas decisões, é o caminho para criar cenários favoráveis para a prosperidade e mantenimento de uma estrutura sustentável e de sucesso para todos.

A exaustão impacta os resultados, mancha a marca empregadora e cria abismos geracionais. Por isso, visando um impacto positivo e duradouro, é importante investir mais em pessoas e regular a pressão para um funcionamento saudável e efetivo de todo o ambiente corporativo.

A panela de pressão do ambiente corporativo

Por Adriana Alves, TEDx speaker, executiva de operações com estratégia em diversidade, mentora de carreira e conselheira de empresas privadas e do terceiro setor com foco em pessoas.

 

 

Ouça também o PodCast RHPraVocê, episódio 90, “Burnout como doença do trabalho: o que muda?” com Marcela Ziliotto, Head de People na Pipo Saúde e José Ricardo Amaro, Diretor de RH da Ticket. Clique no app abaixo:

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