Nos últimos anos temos presenciado o notável crescimento da liderança feminina no mercado de trabalho, uma realidade desejável e mais que necessária tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, incluindo o Brasil.

Este fato é confirmado pelo Relatório Woman In Business, da Grant Thornton, que mostra que em 2022 as mulheres ocupam 32% dos principais cargos de liderança, um aumento significativo em comparação a 2019, quando ocupavam cerca de 25% destes cargos.

Estas profissionais fazem parte de uma geração que busca cada vez mais capacitação e está mais atenta às inovações tecnológicas, assumindo grande importância estratégica na gestão das empresas e ocupando posições de níveis de gerência ou diretoria em grandes corporações de diversos segmentos. E isso representa um passo expressivo para as companhias saírem apenas do discurso e de fato trazer esta realidade para o ambiente interno.

Um dos aspectos que caracteriza a importância do papel das mulheres na liderança corporativa é destaque em estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que aponta melhor eficiência nos resultados ESG. Quando são avaliados os índices de boas práticas ambientais e sociais, como score S-Ray ESG, da Arabesque, o trabalho da mestranda Monique Cardoso mostra que 52% das empresas com mulheres em cargos de liderança têm avaliação acima de 97,23 pontos no índice.

Esse número sofre uma queda para 48% entre as empresas comandadas só por homens. Quando falamos no nível de conselho, a diferença entre o percentual de empresas com mulheres nessas posições e empresas apenas com homens no conselho, com avaliação alta nesse score, é ainda maior: 72% contra 24%.


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Mais mulheres passam a liderar em áreas massivamente geridas por homens, por exemplo, o setor financeiro, melhorando o desempenho das empresas. Nos EUA, segundo dados do ranking das 500 maiores corporações do mundo da revista Fortune, em 2021, foi registrado o maior número de CFOs femininas, sendo 15% dos 678 CFOs entrevistados pela Crist Kolder Associates. No Brasil esse movimento ainda é discreto, mas resultados de diversas pesquisas mostram por que devemos investir em liderança feminina. 

Um relatório da S&P Global Market Intelligence mostra que companhias que apostam em mulheres estão multiplicando os resultados. Segundo a pesquisa, empresas com CFOs do gênero feminino apresentaram desempenho superior no preço das ações, em comparação com a média do mercado. Nos 24 meses após a nomeação, CFOs mulheres viram um aumento de 6% na lucratividade e retornos de ações 8% maiores.

Em uma sociedade que está em constante evolução e globalizada, ainda mais se considerarmos a revolução que a pandemia trouxe em nossas vidas, contar com a participação da liderança feminina de forma mais influente é um divisor de águas para a prosperidade de uma comunidade, de um Estado, de um país. Organizações mais sustentáveis e lucrativas contribuem para a qualidade de vida da população, na medida em que oferecem mais e melhores empregos.

A boa performance de uma organização passa pelas características de seus líderes, e com isso observamos a correlação de empresas com melhor desempenho em que elementos da liderança feminina estão presentes, como no desenvolvimento de times, inspiração, equilíbrio entre expectativas e recompensas, entre outros. Além disso, a liderança feminina contribui para evitar a escassez de qualificações para o mercado de trabalho, aumentando a possibilidade de crescimento. 

Para impulsionar essas iniciativas dentro das empresas, devemos trabalhar em dois pilares: de um lado, a capacitação técnica das colaboradoras, por meio de aprendizado contínuo e busca de excelência na função, complementando com valorização de formação em instituições de ensino e, se possível, subsidiando esses cursos. Em um segundo pilar, políticas claras de recursos humanos que ofereçam oportunidades iguais, independentemente do gênero e de acordo com as competências requeridas.

Outras iniciativas como workshops dedicados ao desenvolvimento da diversidade, com casos concretos de sucesso, e também a seleção de embaixadoras (e embaixadores) que tragam inspiração por meio de suas experiências e trajetórias rumo ao topo e programas de mentorias destinados ao público feminino para promover o seu empoderamento. Movimentos como esses contribuem para que tenhamos lideranças femininas em universidades, mídias e até mesmo na política. 

Por fim, devemos destacar que é de suma importância a união e o apoio de outras mulheres na jornada do empoderamento feminino e, principalmente, não podemos desprezar os desafios para a mulher em sua busca infinita pelo equilíbrio entre seu desenvolvimento de carreira e a atenção à família.

Há diversos movimentos e associações que facilitam essa aproximação e apoiam concretamente a mulher em sua jornada individual rumo ao desenvolvimento pleno de suas potencialidades. 

A liderança feminina no mercado e na sociedade

Por Paula Raya, Diretora Executiva de Finanças da Gi Group Holding.

 

 

 

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Capa: Depositphotos