Mesmo após 11 anos da criação do dia da ‘Consciência Negra’ no Brasil, a equidade racial ainda caminha a passos lentos nas empresas, especialmente em cargos de liderança e gerenciais. Um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que negros eram maioria dos trabalhadores no país em 2021, com 53,8% da força de trabalho.

Por outro lado, ocupavam apenas 29,5% dos cargos gerenciais no ano passado, enquanto brancos eram 45,2% dos trabalhadores e 69% dos líderes.

O cenário da pandemia recente também contribuiu para os problemas estruturais da sociedade, já que em momentos de crise econômica, questões como o racismo, a desigualdade de gênero e a desigualdade social se intensificam. Mais do que nunca, é esperada uma reavaliação na cultura das empresas para lidar com as diferenças e tomar ações concretas contra o preconceito.

Mesmo com melhorias em termos de inclusão social ao longo dos anos, o Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo, e as empresas têm papel fundamental para reverter essa situação e construir novas identidades na gestão.

O Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), em parceria com o Sistema B, lançou um manifesto de comprometimento público, enumerando diretrizes que devem ser seguidas como forma de lutar contra o racismo estrutural. O documento intitulado Seja Antirracista tem cerca de 400 assinaturas de pessoas e empresas que buscam assumir compromissos contra o racismo institucional.

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Outra ação que é referência para a implementação e o aprimoramento de políticas públicas se trata da Coalizão Empresarial Nacional sobre Equidade de Gênero e Raça, criada pelo Instituto Ethos e outros parceiros. O projeto mistura debates, troca de experiências e práticas empresariais para superar a discriminação de gênero e raça nas organizações.

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Em 2022, a Associação Pacto de Promoção pela Equidade Racial, em parceria com a FECAP e outras entidades, promoveu o lançamento do Índice ESG de Equidade Racial (IEER), um reforço a implantação dos protocolos ESG Racial para o Brasil, uma iniciativa que vem articulando com entidades privadas, públicas e do terceiro setor para aumentar a presença de pessoas negras nos ambientes corporativos, fortalecendo parcerias com instituições educacionais como Educafro, FIA Business School, entre outras.

A entidade está formando uma rede de empresas homologadoras e certificadoras para garantir a implementação do índice com a devida transparência por todo o país, a lista está disponível no site da entidade http://pactopelaequidaderacial.org.br/.

Essas iniciativas apoiam a inclusão em movimentos para criar ambientes mais seguros e inclusivos, mas as ações individuais também são essenciais. Programas internos de sensibilização e rompimento de vieses implícitos relacionados à raça, programas de mentoria e sponsorship para o desenvolvimento de lideranças negras são essenciais.

Para o empreendedor, além de contribuir com a sociedade, a inclusão também fortalece os negócios. O Vale do Silício já comprovou o poder de um time diverso: a chance de um produto nascer global em uma mesa plural é infinitamente maior do que em um grupo composto por um único background.

Além de conseguir uma visão mais ampla e atender a diversos mercados, é possível minimizar pontos cegos em relação ao comportamento, ao consumo, ao mercado, entre outros.

Um estudo da McKinsey & Company, realizado com 366 empresas nos EUA, no Canadá, na América Latina e no Reino Unido, revelou que negócios que incentivam a diversidade racial tem cerca de 35% de retorno financeiro maior que a média nacional de sua área de atuação.

É um caminho sem volta e quem não se comprometer com a mudança vai ficar para trás. Muitos investidores já decidiram se relacionar apenas com empresas que possuem percentual estabelecido de diversidade no board. No final de 2020, a Nasdaq se posicionou exigindo que as empresas listadas tenham adequações no quadro de diversidade, por exemplo.

Segundo o relatório da companhia global de recrutamento de executivos Odgers Berndtson, 71,4% das empresas já usam a diversidade como critério na contratação de novos executivos e 60,3% exigem percentual mínimo de currículos diversos, que varia de 4,8% a 20,6% para que um processo de seleção avance. Do total, 61,9% têm programas internos para promover um ambiente mais inclusivo.

Um mundo melhor para todos certamente não inclui diferenças estabelecidas em função da cor da pele, da origem ou do gênero. Um cenário equânime é possível e o universo corporativo tem boa parte de responsabilidade nessa construção.

O mundo corporativo pode contribuir para o antirracismo

Por Samanta Lopes, coordenadora MDI da um.a #DiversidadeCriativa, agência de live marketing.

 

 

Ouça também o PodCast RHPraVocê, episódio 44, “Os desafios da diversidade nas empresas” com Mara Turolla, Gerente de Desenvolvimento de Talentos e Diversidade da LHH. Clique diretamente no app abaixo:

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Capa: Depositphotos