Na última quarta-feira (16), a Microsoft divulgou a segunda parte de seu relatório anual Índice de Tendências do Trabalho, intitulado “Grandes Expectativas: permitindo que o trabalho híbrido funcione.” 

A pesquisa deixou claro um ponto fundamental: não somos as mesmas pessoas que estavam trabalhando no início de 2020. Os últimos dois anos deixaram uma marca duradoura, mudando fundamentalmente a forma como as pessoas definem o papel do trabalho em suas vidas.

O desafio que cada organização terá a partir de agora envolve atender às grandes e novas expectativas dos funcionários, ao mesmo tempo em que equilibram os resultados de seus negócios em uma economia imprevisível.

Para ajudar os líderes a lidar com essas mudanças, o Índice de Tendências do Trabalho de 2022 descreve cinco tendências urgentes, descobertas a partir de um estudo externo que envolveu entrevistas com 31.000 pessoas, de 31 países — incluindo o Brasil, Argentina, Colômbia e México na América Latina — juntamente com uma análise de trilhões de sinais de produtividade do Microsoft 365 e tendências de trabalho do LinkedIn. Confira alguns dos tópicos:

Os funcionários têm uma nova equação sobre o que “vale a pena”

1) Do total de trabalhadores pesquisados, 53% dizem que são mais propensos a priorizar sua saúde e bem-estar sobre o trabalho atualmente do que antes da pandemia. O percentual de funcionários latino-americanos é maior, com 70% deles priorizando sua saúde e bem-estar. No Brasil, o número aumenta para 71%.

2) E a Grande Reformulação não acabou: 44% da Geração Z e Millennials no Brasil estão propensos a considerar mudar de empregador este ano, contra 47% da média global e também na região da América Latina, que registrou um aumento de 3% em relação ao ano anterior.

3) Excluindo o salário, os três principais fatores que os funcionários da América Latina consideram “muito importantes” para um empregador fornecer são: (1) benefícios ou políticas que priorizem a saúde e o bem-estar dos funcionários (57%); (2) uma cultura positiva no local de trabalho (54%) e (3) oportunidades de aprendizagem ou treinamentos on-line para desenvolver novas habilidades (51%).

Veja mais: O que podemos aprender com os melhores programas de saúde e bem-estar do mundo

Impacto do trabalho híbrido na cultura organizacional

Os gestores se sentem presos entre a liderança e as expectativas dos funcionários

4) Em geral, 50% dos líderes globais dizem que sua empresa está planejando um retorno ao trabalho presencial em tempo integral durante os próximos 12 meses – no Brasil, a porcentagem cai para 47%. No entanto, 52% dos funcionários globais provavelmente considerarão a transição para um modelo híbrido ou remoto em sua função atual nesse mesmo período. Localmente, o número é ainda maior e 58% dos trabalhadores brasileiros estão considerando essa transição.

5) No Brasil, 34% dos gestores dizem que a liderança em sua empresa está desalinhada com as expectativas dos funcionários; e 73% declaram que não têm influência ou recursos para promover mudanças em suas equipes. Na América Latina, as porcentagens aumentam para 43% e 75%, respectivamente.

6) Por outro lado, 85% dos funcionários brasileiros afirmam que sua produtividade permaneceu a mesma ou melhorou em relação ao ano passado – o número é o mesmo para a América Latina. Já na média global, cai para 81%. Sendo que 27% dos líderes brasileiros sentem que a produtividade sofreu desde que o trabalho se tornou remoto/híbrido (versus 39% na América Latina e 54% na média global).

Veja mais: Como a pandemia ressignificou o papel da liderança

Os líderes precisam fazer o deslocamento até o escritório valer a pena.

7) No total, 54% dos líderes globais estão atualmente focados — ou estarão dentro do próximo ano — na reformulação das salas de reunião para serem mais amigáveis ao trabalho híbrido (adicionando tecnologias e mudando o layout/mobiliário). O percentual na América Latina é maior, com 65% dos líderes considerando tais mudanças.

8) Ainda assim, 38% dos funcionários híbridos globais entrevistados dizem que seu maior desafio é saber quando e por que ir até o escritório. Na América Latina, esse percentual corresponde a 39%. No entanto, apenas 28% dos líderes criaram acordos com a equipe para definir essas novas normas do ponto de vista global, contra 26% do ponto de vista regional. No Brasil, essa porcentagem aumenta para 31%.


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O trabalho flexível não precisa significar estar sempre conectado

9) No geral, após dois anos, o tempo semanal de reuniões para o usuário médio do Teams aumentou 252%, e os chats enviados por pessoa a cada semana aumentaram 32% – e esse número ainda está crescendo. Enquanto o período de um dia de trabalho aumentou, globalmente, em 46 minutos, o trabalho pós-expediente e nos finais de semana aumentaram 28% e 14%, respectivamente.

10) E aqueles que estão interessados em usar o metaverso e avatares representam uma parcela significativa do mundo de trabalho: na América Latina, 63% dos trabalhadores se declaram abertos a usar espaços digitais imersivos com realidade aumentada ou virtual (como o metaverso) para reuniões e/ou atividades em equipe. No Brasil, o número sobre para 65% e média global está em 52%.

Veja mais: Jornada laboral de quatro dias fará parte do “novo normal”?

Reconstruir o capital social parece diferente em um mundo híbrido

11) Com 51% do total de trabalhadores híbridos pesquisados considerando uma mudança para o modelo totalmente remoto no próximo ano, sendo 58% na América Latina e o mesmo número no Brasil, as empresas não podem depender apenas do escritório para recuperar o capital social que perdemos nos últimos dois anos. Apenas na América Latina, 61% dos trabalhadores remotos e 71% dos funcionários híbridos afirmam ter uma relação próspera com sua equipe direta.

12) No entanto, 42% dos líderes da América Latina e 34% dos líderes do Brasil dizem que a construção de relacionamentos é o maior desafio de ter funcionários trabalhando de forma híbrida ou remota. Deles, 53% na América Latina e 39% no Brasil estão preocupados que, desde a movimentação remota/híbrida, os novos funcionários não estejam recebendo a conexão e suporte necessários para serem bem-sucedidos.

“Não há como apagar a experiência vivida e o impacto duradouro dos últimos dois anos, pois a flexibilidade e o bem-estar se tornaram inegociáveis para os funcionários. Ao abraçar e se adaptar a essas novas expectativas, as organizações podem direcionar sua equipe e seus negócios para o sucesso a longo prazo”, comenta Jared Spataro, vice-presidente corporativo de Trabalho Moderno da Microsoft.

O Microsoft Teams completou cinco anos e, atualmente, mais de 270 milhões de pessoas dependem da ferramenta para o trabalho híbrido e mais de 50% das organizações adotaram o Teams como padrão, de acordo com uma pesquisa recente da Morgan Stanley realizada com CIOs.

Fazer o trabalho híbrido realmente funcionar para todos exigirá uma liderança intencional em torno de como, quando e onde trabalhar — e a tecnologia tem um papel fundamental nessa jornada.

Para saber mais

Que o home office e os modelos flexíveis de trabalho se fortaleceram nos últimos anos, nós bem sabemos. Ainda assim, essa tendência gera diversos debates. Um deles diz respeito à cultura organizacional: como fortalecer, engajar e olhar para a cultura organizacional quando falamos de novos modelos de trabalho? Quais são os pontos de atenção na mesa das lideranças?

Para debater o impacto das mudanças em relação ao trabalho, o Vem Pra Luz convidou Bianca Carmignani, Head de Recursos Humanos da Nespresso no Brasil e Daniela Gartner, Diretora de RH LATAM da NTT Ltd. Confira tudo o que rolou no player abaixo ou, se preferir, clique aqui.

Por Redação