Ter insegurança e dúvidas em relação a diversas áreas da vida, é um processo comum durante a jornada de vida de uma pessoa. Contudo, quando o sentimento de ser uma fraude, que não merece reconhecimentos e está sempre aquém de tudo e todos traz danos significativos para a qualidade de vida e desenvolvimento de qualquer ser humano. Em linhas gerais, esses são os primeiros indícios de um quadro psicológico, denominado Síndrome do Impostor.

De acordo com o psicólogo Filipe Colombini, em entrevista ao portal Dráuzio Varella, “na Síndrome do Impostor, a diferença é que a pessoa se comporta tanto sob o controle desse julgamento, que ela não tem habilidades de aceitação e compreensão, além de um déficit muito grande de percepção social e autopercepção. Ela entra em um processo de fusão dos pensamentos e sentimentos e não consegue diferenciar o que é ela e o que são essas crenças”.

Embora a condição possa atingir qualquer pessoa, alguns grupos sociais tendem a apresentar mais índices da síndrome, como o público feminino em geral, que há anos lida com desigualdades no mercado de trabalho provenientes do machismo e misoginia.

Segundo um estudo realizado pela KPMG, intitulado Women’s Leadership Summit Report, 81% das mulheres executivas pesquisadas acreditam colocar mais pressão sobre si mesmas do que os homens, buscando evitar fracassos a qualquer custo. Outro levantamento, desta vez realizado pela Universidade da Geórgia (EUA), mostrou que 70% das entrevistadas, todas executivas influentes, se sentem “uma fraude”.

“A entrada das mulheres no mercado de trabalho e, em especial, em posições de liderança, é algo relativamente novo, o que reflete em poucos ‘espelhos’ e referências umas às outras. Logo, quanto mais responsabilidades uma mulher recebe, mais suscetível às inseguranças ela pode ficar. Felizmente, estamos vendo um movimento muito grande com pautas sobre o poder feminino, mas ainda assim, é necessário que as empresas olhem com atenção e transformem o ambiente de trabalho no local mais diverso e seguro possível”, afirma Lurie Solis, head de vendas Brasil da Factorial, HRTech unicórnio e plataforma de centralização de processos de recursos humanos e departamento pessoal. 

Pensando em auxiliar as empresas e lideranças a construírem um ambiente de trabalho cada vez mais acolhedor, neste Mês Internacional da Mulher, Lurie elencou algumas dicas e ações para ajudar a diminuir os casos de Síndrome de Impostor. Confira:

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Fomentar a liderança feminina

Mulheres inspiram outras mulheres. Logo, cargos de liderança femininos inspiram novas líderes. Se, na sua empresa, a maioria dos cargos de gerência são preenchidos por homens, é importante rever e repensar o porquê disso. É realmente por falta de habilidade e ausência do perfil adequado em mulheres, ou por machismo e preconceito?

Oferecer cursos e capacitações profissionais

Sim, as mulheres podem e sabem “se virar sozinhas”. Isso não quer dizer que elas não precisam ser valorizadas por meio de ações concretas, como a oferta de cursos e capacitações profissionais. Isso mostra que a empresa acredita no potencial das suas colaboradoras e, por isso, está investindo nelas.

Garantir igualdade salarial e de crescimento

Sabemos que muitas empresas ainda não oferecem direitos e oportunidades iguais a homens e mulheres. Por isso, além de garantir isso na sua empresa, é importante oferecer uma comunicação interna transparente, com um plano de carreira desenhado que demonstre a equidade salarial entre gêneros.

Oferecer benefícios e garantir os direitos trabalhistas

Além de garantir os direitos trabalhistas básicos, como férias, FGTS, 13º salário e licença-maternidade, também é bem-vindo oferecer benefícios corporativos. É fundamental que as mulheres da sua empresa sintam e saibam que não precisam abandonar suas vidas profissionais para investir nas suas vidas pessoais, e vice-versa.

Criar um espaço de trabalho seguro

Canal de Denúncias

Os problemas enfrentados pelas mulheres nos ambientes de trabalho vão muito além da desigualdade salarial. Certas coisas que elas são submetidas, não aparecem em nenhuma folha de pagamento ou relatório.

É essencial possuir um canal de denúncias, com a possibilidade de denunciar anonimamente, à disposição da sua equipe de trabalho. Ademais, é preciso garantir e mostrar que o processo de denúncia é seguro, com os dados do denunciante totalmente protegidos e cifrados.

Por Redação