Eu tive a oportunidade de participar, como jurado representando a América Latina, ao lado de representantes da América do Norte, África, Ásia e Europa, do Global Healthy Workplace Award, em sua nona edição, que é o principal prêmio internacional de programas de saúde e bem-estar baseado no modelo de ambiente de trabalho saudável da Organização Mundial da Saúde.

Nesta edição, foram finalistas, na categoria multinacional as empresas HSBC e Procter & Gamble e na categoria grande empresa, Easternwell (Australia), Indian Oil (Índia), Reliance Industries (Índia). Os programas podem ser conhecidos através do site.

Após as apresentações, foram premiadas as empresas HSBC e Indian Oil como as melhores na visão dos jurados. Todas as empresas destacaram a necessidade de uma resposta corporativa efetiva aos desafios impostos pela pandemia de COVID-19 e as mudanças decorrentes dela no ambiente de trabalho, explorando a necessidade de uma ação colaborativa na sociedade.

Neste contexto ficou clara a relevância da participação dos trabalhadores, em todas as etapas do programa, expressando suas necessidades e interesses e não apenas dando feedback das atividades. Isso exige um processo de abertura, por parte dos gestores das organizações, assumindo um papel de escuta e colaboração.

Além disso, a pandemia de COVID-19 chamou a atenção para os determinantes sociais de saúde, onde fatores como as pessoas vivem, moram, se deslocam, se relacionam no dia a dia são muito importantes e os gestores dos programas de saúde e bem-estar nas empresas precisam considerá-los e não abordar somente as questões no ambiente de trabalho.

As questões relacionadas à saúde mental também foram destacadas, e o modelo da OMS assume uma grande relevância, pois não se trata de oferecer ações pontuais (palestras, vivências, aplicativos etc.), mas buscar conhecer a população com avaliações técnicas, encontrar soluções baseadas em evidências científicas e integrar os programas ao sistema de saúde em sistemas de rede de cuidado.

Cada vez mais as empresas estão usando a tecnologia, seja na comunicação, seja no Analytics. As pessoas estão utilizando cada vez mais as redes sociais e precisam receber orientações adequadas, aumentando a literacia em saúde evitando que fiquem vulneráveis às fake News. Além disso, é importante usar as informações estruturadas e não estruturadas para análises em big data, buscando criar algoritmos que propiciem conhecer as populações-alvo para as atividades, realizar o monitoramento e manter o engajamento. Naturalmente, tendo como premissa básica o respeito ao sigilo dos dados e o cumprimento da LGPD.

Finalmente, ficou muito claro que os gestores dos programas precisam selecionar indicadores que possam ser reportados para toda a companhia e para os investidores (KPIs), inclusive em relatórios de ESG. Isso torna os programas estratégicos e sustentáveis.

Os programas brasileiros precisam estar alinhados com estas premissas para que avancem de ações isoladas, fragmentadas e em silos, para sistemas integrados, inteligentes e estratégicos.

Alberto Ogata, presidente da Associação Internacional de Promoção de Saúde no Ambiente de Trabalho (IAWHP). É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.