Como descrever os últimos anos do RH? Em meio a uma verdadeira transformação, deixando cada vez mais de lado seu viés operacional e assumindo, enfim, seu caráter estratégico e de fundamental importância na tomada de decisões dos negócios mais competitivos, veio uma pandemia.

O RH precisou se reinventar durante a sua reinvenção. Foi preciso acelerar, apostar todas as fichas em ações e modelos de trabalho que sequer eram cogitados, fazer tudo acontecer enquanto o mundo ao seu redor parava. E hoje no pós-pandemia, no novo normal, na nova era do trabalho (chame como você preferir), o setor está mais fortalecido do que nunca e, mais importante, pronto para fortalecer cada colaborador.

Portanto, às vésperas de um dia tão especial, já que amanhã, 3, é o Dia do RH – ou Dia do Profissional de RH –, o RH Pra Você convidou um time de grandes profissionais do setor para falar sobre essa evolução e a respeito das mais significativas mudanças dos Recursos Humanos nos últimos anos. Confira os depoimentos:


Wilma Dal Col, Diretora de Gestão Estratégica de Pessoas e porta-voz do ManpowerGroup Brasil

O mundo do trabalho hoje é composto por quatro diferentes gerações e todas as peculiaridades que as caracterizam e por uma demanda, cada vez mais crescente, de um posicionamento organizacional comprometido com as questões ESG. Estamos vivendo uma Nova Era do Potencial Humano em que o RH, como nunca, precisa estar discutindo soluções conjuntas com a estratégia do negócio, considerando quatro forças resultantes das transformações sociais, tecnológicas, corporativas e humanas, a saber: Mudanças Demográficas, Escolhas Individuais, Adoção Tecnológica e Cenário de grande Competitividade.

Wilma Dal Col

Foto: por Anderson Timóteo

Face a tudo isso, a principal mudança do RH, está muito associada a mudança da própria nomenclatura da área para Pessoas e Cultura, não dá para falar de Recursos Humanos, a atuação do RH hoje transcende, ou deveria transcender, esse conceito de Recursos Humanos para uma visão sistêmica e integrada entre Corporação/Negócio – Pessoas – Sociedade – Cultura (Propósito e Valores), gerando resultados, alinhado com proposta de valor para funcionários, clientes e ambiente interno e externo da empresa.


Luci Pimëntel, Head de Pessoas e Cultura na Even3

Na minha opinião, a principal mudança do RH nos últimos anos foi o posicionamento estratégico. Embora saibamos que ainda existem RHs operacionais, é cada vez mais comum vermos uma mudança de mindset que adota um papel de parceiro do negócio.

Luci Pimentel

Ao longo destes anos, surgiram ferramentas que auxiliam na tomada de decisão, tanto dos RHs como das lideranças. Por exemplo, os indicadores de performances, as ferramentas ágeis, o uso da tecnologia à favor dos processos, a participação em cadeiras de alto escalão nas organizações, etc. Sem dúvidas, este olhar de Business Partner traz consigo uma mudança significativa e que eleva os RHs para outro patamar.


Rachel Garcia, Diretora de RH da Accenture no Brasil

O RH é o coração e a alma dos negócios. Em um mundo em constante mudança, é natural que o RH também venha passando por transformações importantes, para apoiar as pessoas na adaptação a essas mudanças.

A adoção de novas tecnologias como inteligência artificial, automação e analytics vem tornando as habilidades humanas (ou soft skills) mais importantes do que as competências técnicas. O RH também vem se automatizando e tornando-se cada vez mais estratégico e relevante para o negócio.

Rachel Garcia - Accenture

É extremamente difícil pensar numa empresa bem-sucedida no mundo atual que não tenha uma estratégia bem fundamentada de atração de talentos diversos, uma cultura de inclusão e cuidado, um ambiente que propicie aprendizagem contínua e líderes que sejam exemplo para o time, e nada disso se sustenta sem o apoio do RH.


Gianpiero Sperati, CHRO da Gupy

Nos últimos anos, o RH se tornou um departamento mais estratégico. As empresas perceberam que, no final, tudo é sobre pessoas. Seja produzir mais, aumentar a satisfação dos clientes, criar novas soluções, inovar ou superar a concorrência, nada disso é possível sem pessoas engajadas e satisfeitas com os seus trabalhos. Inclusive, as novas soluções que têm aparecido no mercado, como as ferramentas de people analytics, possibilitam às lideranças atuarem de forma preventiva para garantir uma boa experiência das pessoas colaboradoras.

Gianpiero Sperati

Tudo isso pode afetar o desempenho financeiro das empresas, já que um time mais engajado possui melhores índices de produtividade e retenção e menores tendências de apresentar problemas de saúde mental e absenteísmo, aspectos que impactam no engajamento e criatividade das pessoas no trabalho e ajuda as empresas a se reinventarem e serem mais inovadoras no longo prazo.


Caroline Kazama, Analista de Recursos Humanos na Factorial

As placas de “Recursos Humanos” nos escritórios do Brasil a fora estão sendo substituídas por “Gente e Gestão” e não é por acaso: a mudança cultural de como percebemos o papel social do que é o trabalho na vida das pessoas, e qual o papel da empresa perante de cada uma dessas pessoas que fazem parte da organização, são algumas das principais mudanças que o profissional de RH precisou se dedicar nos últimos anos.

CarolineKazama

Então, quando pensamos na evolução do RH, precisamos acompanhar também a evolução da humanidade. Gerações que praticamente nasceram com celulares e soluções digitais em suas mãos estão ingressando no mercado de trabalho, e os processos organizacionais precisam acompanhar isso.

Na Factorial, tanto como empresa como também solução de RH, precisamos que nossas ferramentas sejam ágeis e intuitivas. Controle de ponto remoto, documentos em nuvem e assinaturas digitais são mudanças que vieram para ficar em nosso mundo 5.0.


Denise Asnis, Sócia Fundadora da Taqe

Fomos evoluindo de uma área de suporte para um catalisador de mudanças, especialista em design organizacional e um parceiro de negócios. Passamos a nos ocupar das agendas de crescimento voltadas para a gestão de culturas e pessoas, a gestão de talentos e o desenvolvimento de executivos. Atuando cada vez mais com a dimensão do indivíduo e da organização ao mesmo tempo.

Denise Asnis

Estamos aprendendo a dar motivos para que colaboradores se sintam valorizados, motivados e seguros para entregar seu melhor desempenho. E com isso, possibilitando que os valores da marca da empresa sejam refletidos externamente, tanto no comportamento dos funcionários, no estilo de liderança, no ambiente de trabalho, quanto na divulgação de marca empregadora. O marketing veio para somar e agregar valor à gestão de pessoas. Estamos sendo exigidos para construir uma área mais personalizada do que nunca. Passamos a gerir processos internos cada vez mais flexíveis sem comprometer a essência e os valores das empresas.

Deixo um lembrete, que para muitos já é passado, mas para outros não. Está na hora de abolir de vez o nome de “Recursos Humanos” da nossa função.

Por Redação