O quanto a inteligência artificial preocupa os profissionais? Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), três em cada cinco trabalhadores temem perder o emprego para uma máquina nos próximos dez anos. O levantamento é só um entre tantos que levantam o mesmo alerta por parte dos profissionais, mas será que tal apreensão é mesmo justificável?
Segundo Ana Paula Prado, CEO do Infojobs, para que a tecnologia não assuste, as empresas precisam investir na humanização. O pacote humanizado envolve capacitar, informar e fazer dos recursos tecnológicos um recurso para que os colaboradores evoluam em seu trabalho e carreira, e não um competidor que propicie alguma tensão. Nesse sentido, líderes e RHs têm um papel determinante na construção da cultura humanizada.
“A tecnologia faz parte do nosso dia a dia, seja na vida pessoal ou profissional. A evolução da sociedade como um todo demanda mais agilidade e estratégia, por isso lidamos com recursos tecnológicos diariamente. Mas falando de recursos humanos, é muito importante não deixar de lado justamente o lado humano, esse é o setor que lida diretamente com as pessoas da empresa, seja os candidatos ou os colaboradores, e por consequência lidamos também com sonhos que são movidos pelo emprego”, pontua.
A executiva elucida que, em meio ao RH 5.0, conceito que aborda a digitalização dos processos do setor, é essencial que os profissionais de Recursos Humanos coloquem as pessoas no centro das ações e também da gestão. Ela recorda que, segundo a Gartner, 82% dos funcionários dizem que é importante para eles que a organização os veja como uma pessoa, não apenas um funcionário.
“Por isso a coexistência desses cenários é tão necessária. Temos a tecnologia, as ferramentas, a Inteligência Artificial e outros recursos que permitem que o RH seja estratégico e tenha tempo hábil para cuidar das pessoas, desenvolver os talentos, entender o que garante a satisfação dos colaboradores e olhar para a cultura organizacional de forma atenta. Não tem como deixar um ou outro de lado. Além disso, toda tecnologia precisa ser gerenciada por um humano.
Veja mais: Como a Inteligência Artificial está transformando o RH
Tecnologia não para substituir, mas para agregar
Ana Paula explica que existem ferramentas de gerenciamento de capital humano que enfatizam o quanto os dois mundos se interligam. Um exemplo é o HCM (Human Capital Management), que permite que todo colaborador tenha, desde o onboarding, suas informações centralizadas em um único lugar. A ferramenta ainda potencializa a comunicação interna e permite a realização de pesquisas, avaliações de desempenho, controle de pagamento, controle de ausências e férias e gestão de tempo como um todo.
“A tecnologia facilita os processos burocráticos, possibilitando que o RH tenha mais tempo para pensar em estratégias voltadas para as pessoas, ou seja, para concentrar os esforços nesse aspecto. Tudo isso tem como objetivo principal a manutenção da experiência e satisfação dos colaboradores. O importante é sempre lembrar que é preciso ter o olhar e empatia humana”, destaca a CEO.
Por fim, a executiva do Infojobs acrescenta que o RH deve ser empático no uso da tecnologia como auxílio para uma gestão humanizada, uma vez que as individualidades de cada colaborador não podem ser sobrepostas por algoritmos.
“Outra habilidade é o olhar atento. A tecnologia pode cometer falhas, por isso é fundamental que o profissional de RH confira as informações e gerencie as ferramentas com muito cuidado. Saber analisar os dados para orientar as ações também é importante. Bem como a flexibilidade para lidar com as situações não programadas”, conclui.
Por Bruno Piai