A avaliação de que pessoas pretas são as que mais sofrem com o racismo é quase uma unanimidade entre os brasileiros, já que mais de nove em cada dez pessoas (96%) compartilham dessa visão, segundo dados de um estudo realizado pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec).

De olho nesse cenário e visando contribuir para a promoção do letramento racial no ambiente corporativo, o Atados, startup social que conecta ONGs, voluntários e empresas a causas sociais, lança, em alusão ao mês da Consciência Negra, o Guia de Boas Práticas Antirracistas. O material, que é gratuito, visa dar caminhos para que as organizações possam avançar na pauta, indo além de campanhas pontuais em datas estratégicas.

“Acreditamos que o engajamento social, e principalmente o voluntariado, são ferramentas de transformação. Por meio do Atados, já desenvolvemos dezenas de projetos de voluntariado corporativo que tinham como missão promover a pauta antirracista nas empresas”, comenta Daniel Morais, CEO e fundador do Atados.

Com o lançamento do guia, a startup visa dar a direção para que outras empresas possam seguir esse exemplo, fazendo muito mais do que campanhas pontuais e promovendo além de uma transformação individual, a transformação coletiva dos colaboradores.

Pensando nisso, o Atados elenca 5 dicas para as empresas que buscam avançar nessa pauta. Veja a seguir:

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1) Crie grupos de discussão

Uma boa prática que vem crescendo no Brasil é a criação de grupos de discussão de equidade racial dentro das organizações. Neles, as pessoas se reúnem para formar e fortalecer conexões, trocar ideias sobre o contexto da organização e discutir as oportunidades que existem dentro dela para que seja racialmente mais inclusiva. Esses grupos são geralmente conhecidos como “grupos de afinidade” ou “comitês”. Ofereça recursos para que eles possam também propor iniciativas para o resto da empresa.

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2) Comece pelos dados

Sem dados não há gestão: isso vale para qualquer área da organização e também para a pauta de equidade racial. É fundamental que seja realizado um diagnóstico na organização para entender os percentuais dos grupos sociais presentes nela, e como estão em cada nível hierárquico. Também é importante avaliar como estão o clima e as percepções das pessoas sobre a cultura da empresa, e depois analisar estes dados a partir das identidades raciais.

A partir desse processo, serão formados indicadores que servirão para analisar a efetividade de futuros projetos e entender como são contemplados os diferentes grupos raciais. Assim, o desenvolvimento destes mecanismos equitativos pode ter resultados ainda mais efetivos. 

3) Engaje a liderança

Deve ser constante a jornada de educação de líderes no tema, para que a empresa seja cada vez mais equitativa e inclusiva nessas posições. Então, promova palestras, sensibilizações e treinamentos específicos para as lideranças em pequenos grupos, com espaço para escuta e troca de experiências. É essencial também que sejam compartilhadas ferramentas para que as pessoas em posição de liderança possam tomar decisões conscientes e direcionadas.

4) Avance para as ações afirmativas

Uma vez analisados os indicadores, é o momento de selecionar as prioridades e definir metas e prazos. É importante ressaltar que ações afirmativas são programas e processos específicos, focados e direcionados para solucionar os gaps de desigualdade e não se restringem apenas a processos seletivos. Pode-se incluir aqui processos, como a formação do pipeline de sucessão, a seleção para programas de desenvolvimento, a decisão de promoção, e assim por diante.

A adoção de políticas afirmativas é fundamental para garantir a realização frequente de treinamentos e formações junto aos colaboradores e reconhecer as ações que podem surgir dos grupos de afinidade.

5) Incentive a contratação de profissionais negros(as)

Ter apenas uma pessoa negra na sua equipe não lhe fará inclusivo. Para além de representatividade é preciso ter proporcionalidade.

Para o Atados, startup social que desenvolve projetos de engajamento social com as empresas, as companhias podem fazer muito mais do que imaginam. “Ações pontuais como palestras e workshops sobre a temática são importantes e são o primeiro passo. Mas é preciso ir além para promover mudanças significativas e transformações coletivas também para os colaboradores”, finaliza o CEO.

Por Redação