Hoje é 25 de julho! Data em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, simbolizando o primeiro encontro para a união entre negras. O objetivo é denunciar o racismo e machismo enfrentados por essas mulheres, não só nas Américas, mas também ao redor do mundo. A data faz a gente pensar que, apesar dos avanços, ainda evoluímos muito pouco em relação ao mundo ideal para as mulheres negras. 

Como mulher negra, sinto muita falta de ver pessoas como eu em lugares de destaque.

Sempre soube que precisaria estudar muito para poder mudar a realidade da minha família. Sou a sétima filha de 10 irmãos e moro na periferia, então, sabia que não seria fácil. Já passei por diversas situações de racismo no trabalho e também fora dele. Mas quando falamos em mercado de trabalho, as mulheres negras enfrentam ainda mais dificuldades. 

De acordo com uma pesquisa da plataforma de empregos Infojobs, que ouviu 301 profissionais autodeclaradas pretas e pardas, 49,5% delas afirmam ter sofrido racismo em processos seletivos.

Outras 58,8% dizem ter sofrido preconceito em outras situações no mercado de trabalho. A pesquisa ainda mostrou que, como um reflexo dos preconceitos enfrentados no mercado de trabalho, as mulheres negras e pardas são as mais atingidas pelo desemprego. Para 59,1%, a raça interfere antes mesmo de entrar em uma empresa, na hora de conseguir um emprego.

Pessoalmente falando, já passei por diversas situações de racismo e misoginia dentro desse contexto. Meu primeiro emprego foi em um call center, até que consegui uma oportunidade interna para trabalhar no setor de recursos humanos, em que atuo até hoje.

Em uma situação específica, uma candidata se recusou a fazer a seleção por não me considerar apta para a função, simplesmente por ser negra, e só seguimos com o processo por intervenção da minha superior na época, uma mulher branca. 

RH TopSync

Além das poucas oportunidades que o mercado oferece, ainda corremos o risco de vivenciar situações que são causadas por ainda termos uma sociedade extremamente racista. Não importa quanto você estude, se esforce e batalhe por uma posição, em algum momento você precisará “se provar”. 

Venho de uma família de 7 mulheres. Minha mãe, diarista, sempre nos ensinou a não abaixar a cabeça e lutar por tudo que almejamos na vida, e na época dela tudo era ainda mais difícil. Nos dias de hoje, conseguimos encontrar maior apoio na luta antirracista, anti-machista, e essa é a minha maior motivação como mulher negra: fazer com que minha filha e minhas sobrinhas tenham conhecimento sobre a data de hoje e a importância de abrir mais oportunidades para as mulheres e, principalmente, para as mulheres negras. 

O racismo ainda está longe de ser resolvido, mas o importante é formarmos uma geração negra mais voltada à ação e ao empoderamento racial. Temos atualmente muitos grupos de afinidades, uma comunidade mais unida e com muitas referências, ao que antes não tínhamos tanto acesso.

A geração futura, com toda certeza, estará mais preparada para a ação, e voltada a dialogar e encontrar novas alternativas para minimizar o dano causado pelo racismo e pela falta de equidade. 

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Nessa trajetória, vamos passar por diversas situações que vão precisar do nosso endosso, e é extremamente importante conseguirmos ao longo do caminho encontrar parceiros que entendam as nossas dores e nos ajudem nessa luta. 

Através do meu trabalho atual, por meio do projeto “Let’s Talk Y’ALL!”, temos encontros mensais com os colaboradores e tenho a oportunidade de disseminar conhecimento e promover a diversidade dentro da empresa, através da troca de ideias e experiências sobre DE&I (diversidade, equidade e inclusão) e assuntos atuais, como a aceitação do envelhecimento. Poder contribuir para que tenham a oportunidade de crescer e se desenvolver não tem preço.

Sei o quanto o caminho é mais árduo para nós. Reforço, portanto, a importância do letramento racial nas empresas e na sociedade como um todo. O letramento é uma ferramenta para a educação antirracista.

Quando você vem de uma família pobre, periférica, o que você aprende é que somente a educação poderá te abrir portas. Sendo mulher negra atesto: esta é a minha maior verdade.

Letramento racial a educação que abre portas

Por Jéssica Ferreira, Analista de Recrutamento da agência Y’ALL, mãe da Carol e apaixonada por Recursos Humanos e Diversidade. 

 

 

Ouça o episódio 143 do RH Pra Você Cast, “Inclusão 50+, bom para o presente e para o futuro (de todos nós)“. Como você se enxerga daqui a cinco ou dez anos? O questionamento, que já deve ter sido feito a muitos de vocês durante algum processo seletivo ao longo da carreira, nem sempre traz consigo uma resposta fácil. Especialmente para um público que, diante de tantos estereótipos e preconceitos, sequer sabe como será o dia de amanhã em sua vida profissional. A cada nova geração que entra no mercado, uma anterior se vê diante do dilema de ficar para trás e ver cada vez menos portas se abrirem.

O panorama, todavia, não só precisa como deve ser mudado. Pesquisas revelam que o tão falado “choque geracional” é extremamente benéfico não só a profissionais de todas as idades, mas também às empresas. E, afinal, se não olharmos para o público 50+ com atenção, como será quando chegar a nossa vez de lutar por espaço com os mais jovens? Para falar sobre as vantagens de mesclar gerações e como desenvolver mecanismos de inclusão, o RH Pra Você Cast traz Mórris Litvak, Fundador e CEO da Maturi. Confira o papo clicando no app abaixo:

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Capa: Depositphotos