O mês de agosto foi definido pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como Agosto Dourado, como símbolo do incentivo à amamentação. A cor dourada está associada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. No Brasil, agosto também é apontado como o “Mês do Aleitamento Materno” e foi instituído pela lei nº13.435/2017, que determina que sejam intensificadas as ações de conscientização sobre a importância do aleitamento materno. São indicadas ações como a realização de palestras e eventos sobre o tema, divulgação em diversas mídias, reuniões, comunicações em espaços públicos e decoração de espaços com a cor dourada para celebrar a data.

A amamentação é essencial para a saúde do bebê, além de fortalecer o vínculo afetivo. Até o 6º mês, é recomendável que o leite materno seja o único alimento consumido pelo bebê e que seja oferecido de maneira complementar pelo menos até os dois anos de idade.

O leite materno contém todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento saudável do bebê e o protege contra doenças infecciosas. A amamentação é capaz de reduzir em até 13% a mortalidade por causas evitáveis em crianças menores de cinco anos. Para a mulher, o aleitamento também traz benefícios como a ampliação da proteção contra alguns tipos de câncer.

Ainda assim, muitas mulheres passam por experiências negativas com o aleitamento materno e alguns fatores podem contribuir com a interrupção da amamentação antes do sexto mês de vida do bebê, como: a falta de uma rede de apoio, a ausência de acesso a informações adequadas sobre o tema ou mesmo a dor física ao amamentar.

Por isso, as empresas devem estar atentas ao assunto para promover ações que incentivem as mães a realizar o aleitamento, em especial nos seis primeiros meses de vida da criança. O retorno ao trabalho, após o término da licença maternidade, muitas vezes faz com que as mães parem de amamentar.

De acordo com o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI) de 2019, a prevalência do aleitamento materno exclusivo no Brasil foi de 60% entre crianças com idade inferior a 4 meses — período da licença-maternidade previsto em lei — e de 45,7% entre as crianças com menos de 6 meses, conforme mostram os dados a seguir:

O que as empresas podem fazer para incentivar o aleitamento materno - IMG I

Fonte: ENANI, 2019

 

Esses dados mostram o quanto ainda temos espaço para evoluir e é essencial que as empresas se engajam no tema e promovam ações que ampliem a conscientização das mães, bem como ofereçam práticas adequadas para dar o suporte necessário. Um bom exemplo disso é a criação de lactários, que são espaços dedicados à extração e armazenamento do leite materno. Desse modo, as mães podem se sentir à vontade para realizar a extração do leite no horário de trabalho, de maneira higiênica e segura.

As empresas podem promover e apoiar algumas ações como:

1. Extensão das Licenças maternidade e paternidade

As empresas podem avaliar a ampliação do período de licença maternidade de 120 (que é o mínimo estipulado pela lei) para 180 dias.

O ideal é que as mães possam optar ou não pela extensão do período, para que não seja de caráter mandatório, uma vez que algumas mulheres preferem retornar mais rapidamente às atividades. Outro ponto importante é que a cultura e práticas de gestão da empresa permitam com que a mulher se sinta à vontade para realizar essa escolha. Muitas mulheres se sentem inibidas a usufruir do benefício, mesmo quando este consta como uma prática da empresa. Isso ocorre, muitas vezes, pelo receio de perder o emprego após o retorno da licença.

Sobre a licença paternidade, a CLT permite um período de 5 dias de afastamento após o nascimento da criança. As empresas que participam do Programa Empresa Cidadã podem ampliar a licença para 20 dias. Essa licença é fundamental para que os pais também se responsabilizem pela criança, realizando a parentalidade de maneira mais ativa e dividindo responsabilidades. 

2. Home-office 

É importante permitir o trabalho home-office após o término da licença, pelo menos até que o bebê complete 6 meses de vida. Dessa forma, a empresa proporciona um estímulo maior para que a mãe mantenha o aleitamento materno exclusivo. 

3. Sala de apoio à amamentação (lactário)

Algumas empresas disponibilizam salas de apoio à amamentação. Essa prática é muito importante para que a mulher possa extrair e armazenar o leite com privacidade para, posteriormente, oferecer o alimento ao seu bebê ou mesmo doá-lo. 

4. Ações de conscientização 

Para estimular a prática do aleitamento materno é preciso falar sobre o tema para quebrar tabus e naturalizar esse ato tão bonito e essencial. Sabemos que um dos maiores desafios é a conscientização para naturalizar o ato de amamentar. Infelizmente, muitas mães ainda passam por situações constrangedoras quando necessitam amamentar em um ambiente público. 

Apesar de já existirem leis que reforçam o direito da amamentação, inclusive no ambiente de trabalho, o tema o ainda é cercado de preconceitos e existe muita desinformação. Por isso, trabalhar a campanha Agosto Dourado é imprescindível para reforçar os benefícios do aleitamento materno e promover o respeito que esse ato tão importante merece. Que essa mensagem seja propagada por todo o ano reforçando a importância desse tema e de um ato que transforma vidas.

Por Renata Meireles, Gerente Sênior de Pessoas & Performance da CyrelaÉ uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião da colunista. Foto: Divulgação.