Por que cada vez mais empresas se preocupam com a governança corporativa e conselho consultivo? A expectativa para os próximos anos é que os colegiados de conselheiros consultivos cresçam cada vez mais e tenham mais protagonismo junto a empresas e startups.

A busca por essas pessoas, para compor os conselhos de administração e consultivo tem crescido a cada ano. Segundo pesquisa, em 2021 foi registrado um aumento de 150% na demanda por profissionais para compor as estruturas de conselho de empresas e startups.

Várias empresas tiveram que se adequar em tempo recorde e buscaram no mercado conhecimentos específicos a fim de ter, mesmo que temporariamente, conselheiros capazes de instruir seus executivos. Uma empresa ou startup, deve ter no mínimo de três a cinco conselheiros, isso se dá porque um dos participantes terá a posição de presidente e terá a missão de ser inclusive o voto de final de desempate, mas a procura por ajuda mais informal também cresce rápido.

Vale um destaque para as startups

O modelo de conselho consultivo, ou “board of advisors”, como é conhecido, foi importado do Vale do Silício, e vem se tornando a cada dia um grande aliado das empresas.

Atualmente, não só as startups investidas por fundos, mas também por investidores anjo e grupos de investidores adotam essa prática. Esse grupo de conselheiros tem várias diferenças comparado aos conselhos de administração e diretivo, são elas as atribuições, propósito e vínculo.

A não necessidade de registro na Comissão de Valores Monetários (CVM) ou órgãos reguladores, e também não tem poder de voto ou veto dentro da organização.

O foco está na colaboração, isto é, em preencher um gap de conhecimento, ao trazer pensamento crítico, provocações para solução de problemas e/ou projetos, redução da curva de aprendizagem e risco de erros mais caros. Esse colegiado serve mais como um acelerador de mudanças e eleva o pensamento crítico dos colaboradores e gestores.

A demanda por conselheiros vem aumentando, e a exigência vem dos fundos de investimento interessados em ampliar a governança e as chances de sucesso dos negócios financiados, mas a principal razão para esse movimento, que está cada vez mais atraindo companhias de capital fechado, organizações familiares e as PMEs.

A preocupação com os avanços do mercado, novos concorrentes e o aumento da consciência sobre os benefícios que esse modelo de conselho aporta nessas organizações para os executivos de diversos escalões.

Na contratação de um conselheiro consultivo e/ou advisor, a empresa e a startup, têm a oportunidade de adquirir o conhecimento de um profissional experiente e isento, que não só compartilha a sua experiência, seu poder de questionamento a crenças, legados e processos internos, além de provocar nos executivos o poder criativo de cada um, e ajudar a consolidar uma cultura de inovação e aprendizagem dentro desta organização, sem falar no custo-benefício atrativo em comparação à contratação de grandes consultores ou consultorias.

Pluralidade

O perfil desse conselheiro, tem uma característica própria que é a diversidade de formação, cultura, experiência de vida, conhecimento e de gênero. Conselho é lugar de representatividade maior de pensamentos.

É bom salientar que, a presença de mulheres na cadeira de gestão das empresas está cada vez mais frequente, se tornado uma pauta prioritária, e isso já se reflete na participação feminina no colegiado de Conselhos de Administração e Consultivos.

As empresas e startups estão percebendo o valor que essas profissionais têm, como diz um grande investidor, as mulheres têm o dom de lidar com pessoas somado a competência de gestão. A sociedade e investidores estão tendo um olhar cada vez mais atento para as questões de diversidade de forma efetiva.

Quais são os skills desse conselheiro consultivo?

Vale lembrar que, esse movimento fez com que o número de posições abertas crescesse, olhando para novos skills de competências, como: tecnologia, que conheçam sobre varejo e marketing, especialmente o digital e entendam sobre comportamento do consumidor, estratégias de novos mercados e inclusive de pivotagem, entre outros.

O reflexo no universo das startups

Mesmo elas, que tinham boa parte da composição dos conselhos, os representantes de fundos estão fazendo mudanças e dando mais espaço a outros advisors e/ou conselheiros consultivos, com conhecimento de produtos, serviços, pivotagem de estratégias de mercado e consumo.

A governança

Todo Conselheiro precisa conhecer muito bem os critérios de boa governança, para que a empresa possa atuar de forma eficaz em temas atuais, como ESG, desenvolvimento de talentos, e os soft skills que cada indivíduo precisa ter hoje, por exemplo.

Os mercados vêm passando por muitas mudanças, sejam tecnológicas, econômicas e/ou de novas carreiras, e cadeiras fazem parte dos skills desse conselheiro, ter um olhar para esse ambiente, inclusive, para que a empresa não perca o seu ponto de competitividade no mercado que atua.

Alguns dos setores que mais têm puxado esse movimento de estrutura de conselho consultivo são os serviços financeiros, saúde, educação e tecnologia, todos impulsionados pelos enormes desafios e oportunidades presentes nessas áreas no Brasil.

Visão do Autor

Está acontecendo um silencioso movimento nas empresas brasileiras, onde boa parte dos executivos ainda não se deu conta.

Mudanças radicais nos mercados estão acontecendo, novos problemas surgindo, muitas decisões a serem tomadas de forma ágil. A competição, que antes era com grandes empresas, agora é com empresas infinitamente menores, com baixo nível de endividamento e custo, alta performance e adaptabilidade às variações do mercado.

No momento desta leitura, várias empresas brasileiras já estão estruturando os seus Conselhos Consultivos porque precisam da experiência de profissionais que atuaram como executivos, e hoje estão inseridos e profundamente ativos nos negócios da nova economia, e isso permite levar para os executivos dessas empresas uma visão mais holística e algumas vezes mais fora da caixa, de forma a impulsionar mais inovação e criatividade, mas alinhados com os objetivos comuns e o propósito da empresa.

PROVOQUE-SE, MUDE:

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Troque os poréns que te limitam pelos porquês para ir além.

Por Ricardo Voltan, Investidor anjo, empreendedor, mentor e conselheiro de negócios. Auxilia na implementação de governança em operações e no desenvolvimento de negócios. No universo de startups, é conselheiro pelo IBGC e mentor pelo Inovativa Brasil, IdeiaGov e Goldstreet Venture Capital e investidor anjo na FEA Angels e co-founder do O BOARD.

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Capa: Depositphotos