Cada início de ano é um “reinício de vida”, época em que você costuma revisar seus objetivos, anseios e também as frustrações. Quando então, passa à ação, resolve perder “aqueles quilinhos a mais”, voltar a malhar,  fazer algumas mudanças em relação à pessoa com a qual você divide a sua vida, buscar melhorias na área profissional… a lista é  longa!

Não é minha intenção mergulhar na vida de cada um, mas me deter nesta última…as resoluções ligadas ao seu trabalho e o futuro de sua carreira. A lista geralmente inclui um novo curso, “afiar” o seu currículo, preparar-se para uma nova posição ou “cativar” o seu chefe.

Note que as listas focam no que você quer FAZER, RECEBER, muitas vezes BUSCAR, ou até mesmo CONQUISTAR. Poucas vezes vi resoluções do que você pode SER no seu ambiente de trabalho. É justamente isto que pode trazer grandes benefícios.

Listo aqui algumas sugestões, mas você pode enriquecer a lista com muitas outras, o importante é que você FAÇA! Vamos lá.

O compromisso de ser um bom ouvinte. 

Este é um dos maiores obstáculos na boa comunicação pessoal no ambiente corporativo: a dificuldade em saber ouvir. Trata-se de algo muito básico: não interromper quem está falando e passar para o interlocutor a certeza de que este tem a sua atenção total.

Ainda tenho desafios no primeiro aspecto e minha esposa, como boa psicóloga, sempre me diz: “Danilo, enquanto o outro fala, não diga nada. Respire fundo. Quando ele terminar, conte três segundos, e aí então comece a falar”.  Não é fácil, mas é um bom conselho!

Muitos de nós temos o hábito de contra-argumentar quando a outra pessoa nem terminou de falar. Este comportamento manda a mensagem de que, não importa o que ela diga, você já tem a sua opinião. Entra-se então em um “debate de surdos” sem nenhuma conclusão.

Em uma época de muitas reuniões virtuais, este problema tem o seu efeito multiplicado, pois parece que você tem ainda menos paciência com a tela do que com alguém à sua frente. Duas ou três pessoas falando ao mesmo tempo é o caos virtual.

Sempre tive que fazer um grande esforço em minha capacidade de concentração, quando alguém entrava em minha sala para conversar, ou para uma reunião marcada. Focava em deixar tudo de lado, silenciar o computador para que os avisos de novos e-mails não despertassem a minha ansiedade (a curiosidade é terrível).

Fazia o mesmo com o meu celular, colocava ambas as mãos na mesa (para não ficar mexendo em outras coisas), e não raro, entrelaçar as mãos para não ficar tamborilando com os dedos. Para muitos, este exercício é fácil e feito sem esforço, mas não era o meu caso.

Os resultados foram sempre muito compensadores. Saber ouvir faz parte das tão conhecidas regras de etiqueta corporativa, mas muito facilmente esquecidas no calor das emoções ou em meio a distrações. 

Se você tiver desafios nesta área, este é um bom item para a sua lista.

A intenção de não levar tudo tão à sério. 

Nenhum trabalho é fácil e todos têm desafios, mas ainda assim temos a oportunidade de fazer com que o dia a dia seja divertido e prazeroso. É muito fácil o bom humor, quando tudo está bem. O difícil é mantê-lo em meio a crises ou momentos de alta pressão.

Para muitos estes ambientes são uma constância. A carga torna-se mais leve, quando as pessoas têm a oportunidade de sorrir mais, sentirem-se mais soltas e se “quebrar o gelo” da formalidade.

Lembro-me de uma reunião em uma sala pequena. De um lado da mesa estava uma pessoa e eu, o gestor da companhia. Do outro, três funcionários na frente, apoiados na mesa e mais três atrás destes. Fazíamos a revisão de resultados de um dos negócios.

Um dos que estavam na frente, tinha a mania de tirar os sapatos durante reuniões e um dos calçados veio mais para o meu lado. Sem que ele percebesse, empurrei-o com o pé para o indivíduo que estava ao meu lado. Este, entendendo a intenção, escondeu-o debaixo de sua cadeira.

Foi muito divertido observar o sujeito do sapato. No início, não notou nada. De repente, olhou disfarçadamente em volta de sua cadeira e tentou olhar debaixo da mesa, enquanto eu dirigia as perguntas diretamente para ele.

Ficou tão vermelho, que parecia uma lâmpada e gaguejava nas respostas, até que o colega ao meu lado, sem mais conter a explosão do riso, levantou o sapato. Inesquecível!  Toda a sala descontraiu-se.

Breves momentos como este, dentro do perfil da personalidade de cada um, fazem milagres. 

A firme decisão de criticar menos e ser parte da solução.

É muito difícil nos contermos quando estamos convictos de que temos a razão. Mais difícil ainda, quando a solução depende de outros, aí então, somos mais criativos ainda!

Durante minha carreira me deram alguns conselhos difíceis e, ao mesmo tempo, muito conhecidos. Por exemplo, “Se você notar que vai criticar alguém, fique com a boca fechada!”. Infelizmente, algumas pessoas que decidirem fazer isto, ficarão sem assunto!

Outra boa prática que aprendi foi a de, ao ouvir um “comentário” sobre outra pessoa, “fechar o registro” e pelo menos, se depender de minha pessoa, não faço parte do condutor de “águas poluídas”. Aquilo acaba em mim.

Este é um item que fará uma grande diferença no seu ambiente.

Se tiver um “inimigo”, iniciar o processo do “acordo de paz”.

Em algum ponto de nossas carreiras, temos desacordos com alguém a nível profissional, os quais podem ter as mais diversas origens.

Pode se tratar de um par de outro departamento, uma pessoa de seu time de quem vem sempre uma resposta “atravessada”. É incrível o número de colegas de trabalho que não se dão bem, simplesmente por uma “antipatia mútua”. 

As coisas ficam mais complicadas quando o chefe é o “inimigo” e vemos ainda, infelizmente, muitos casos em que clientes difíceis e exigentes são vistos como tal.

Não pense você, que por estar escrevendo este artigo, estive livre desta armadilha! Alguns “insights” sempre me ajudaram muito. Primeiro, o velho adágio de que “quando um não quer, dois não brigam”. Tão fácil de ensinar para as crianças, mas extremamente difícil de segui-lo quando somos adultos.

Um fator importantíssimo é separar a pessoa do problema. Costumamos “embaralhar tudo” e arruinamos o relacionamento. Levamos para o pessoal e no final, estamos ofendendo ou sendo ofendidos, sem focar no problema. 

Por fim, uma simples frase que aprendi de um chefe: “Não corra DO problema. Corra PARA o problema”. A solução da causa raiz pode eliminar muitos “inimigos”.

Este item poderá causar fortes impactos. O trabalho em equipe, com as arestas aparadas, é o primeiro passo para se atingir os objetivos comuns propostos com muito sucesso.

Primar pela Pontualidade

Conheci muitas pessoas com grandes talentos, nas mais variadas posições, inclusive como CEO´s, mas que eram “atrasados inveterados” e simplesmente não conseguiam ser pontuais. 

Alguns sabem bem o que fazem. Outros, segundo o meu entendimento, têm uma dificuldade enorme de calcular o tempo para as coisas mais simples como acordar, tomar um banho, desjejum, tempo de trânsito etc. O mesmo acontece para outras reuniões ou compromissos de trabalho. Quando um líder tem este hábito, a falta de disciplina permeia toda a organização.

Tive duas grandes lições a esse respeito em minha vida. 

A primeira veio de meu avô, o qual nunca conheci. Imigrou da Lituânia com a família de oito filhos, sendo que a minha mãe era a caçula, ainda criança. Trabalhador muito dedicado, dizia. “Nunca diga bom dia a ninguém. Seja sempre o primeiro a chegar e os outros então darão um bom dia para você…aí então você responde, e cumprimenta!”. Um grande exemplo!

A segunda experiência foi no meu primeiro dia na GE, durante a gestão de Jack Welch como o CEO. Meu novo chefe olhou-me nos olhos com seriedade e disse: “Danilo, nessa companhia um prazo dado, é um prazo dado. Ponto final!”. 

Ele utilizou a palavra “deadline”, que tem maior força de expressão no inglês, e a mensagem foi muito clara. 

Ninguém podia falhar com a data de um evento ou entrega, fosse para um projeto, uma tarefa, uma ação com um cliente, estudos para pares ou superiores e compromissos com subordinados. O princípio da pontualidade começava nas reuniões e se impregnava na cultura da companhia. 

Este é um ponto que fala muito a respeito de sua pessoa, automaticamente refletindo nos seus pares e influenciando diretamente a sua equipe.

Ao colocar um ou mais destes itens em sua lista de resoluções, você poderá sentir o desejo de compartilhar com sua equipe ou com aqueles à sua volta. Minha sugestão? Não diga nada. Todos precisarão VER e SENTIR a sua mudança. Feliz Ano Novo! 

Minhas resoluções para o Ano Novo

Por Danilo Talanskas, Autor do livro Lições de Guerra – Vencendo as Batalhas de Sua Carreira, foi o CEO de três multinacionais: GE Healthcare, Rockwell Automation e Elevadores Otis. Em paralelo à sua carreira como executivo, atuou como palestrante e professor em cursos de pós-graduação nas áreas de Estratégia, Ética e Negócios Internacionais. Nos últimos anos fez parte de conselhos de administração, conselhos consultivos e assessora empresas. É formado em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com MBA pela Universidade de Brigham Young (EUA) e é mestre em Administração pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Atualmente assessora a Fernandez Mera Negócios Imobiliários Ltda.

Ouça também o RHPraVocê Cast, episódio 126, “Até o ‘bom dia’ vira reunião: é mesmo tão difícil se adaptar à comunicação assíncrona?”. Será que todos os líderes estão, de fato, preparados para se adaptar a um diferente estilo de comunicação? Há solução para as reuniões em excesso deixarem de ser parte do dia a dia?

Para responder a isso e auxiliar no melhor entendimento sobre a importância da comunicação assíncrona, o RH Pra Você Cast traz a neurocientista Ana Carolina Souza, sócia da Nêmesis, empresa de educação corporativa. Clique no app abaixo:

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