Antes do início da pandemia, um acrônimo bem conhecido na esfera empresarial definia a situação mundial: VUCA. Vivíamos em uma realidade Volátil, Incerta, Complexa e Ambígua.
Com a Covid-19, a conjuntura mudou nossa existência para um outro acrônimo formado pelas palavras Frágil, Arriscado, Não-linear e Incompreensível (BANI em inglês). Dentro do ambiente do trabalho, esse cenário trouxe novos desafios e compromissos para as lideranças.
Já há alguns anos, no meio corporativo, a posição de “chefia” (equivalente a capacidade e possibilidade de “mandar”) tem sido substituída pelo cultivo da liderança (ou disposição e capacidade de mobilizar pessoas).
Em conjunto e impulsionado pela Cultura Agile e necessidades do trabalho remoto, a busca de um ambiente mais horizontal, voltado à equipe e não apenas à performance individual, com a construção de um ecossistema colaborativo e compartilhado.
Num contexto assim, os líderes se preocupam com as capacidades e potenciais de cada um, como melhor combinar competências, e como podem ser utilizados a favor dos desafios da organização.
Mesmo assim, em muitas empresas, ainda existem resquícios da ‘era da chefia’ marcada pela predominância da supervisão direta do tipo “olhos nos olhos”, onde a presença física era fundamental em contraponto a uma enorme desconfiança sobre profissionais em trabalhos remoto.
De uma hora para outra, escritórios e outros ambientes de trabalho se esvaziaram e o home office começou a ser o modelo predominante ou até único.
A vida, testou nossas crenças e práticas.
E foi nesse momento que novas reflexões precisaram ser feitas pelos líderes.
Perguntas como:
- Quais são as novas variáveis e qual é a minha capacidade de mobilizar pessoas, mesmo longe fisicamente delas?
- Como serão os novos tempos, em um ambiente de trabalho que deverá ser híbrido?
- Já tivemos tempo de desmontar os elementos da cultura que definiam as relações profissionais e de supervisão?
Para os líderes, a insegurança histórica e inicial de que com a distância não seria possível produzir tão bem quanto debaixo do seu olhar, foi rapidamente substituída por uma produtividade elevada e que surpreendeu muita gente.
Já os colaboradores se sentiram inseguros sobre a capacidade de se organizar sozinhos e entregarem resultados sem a supervisão direta, com apoio, também surpreenderam por diversos motivos.
Percebeu-se, com o passar dos meses, que as pessoas eram muito mais responsáveis do que se imaginava. Foi um alívio enorme, só que a distância passou a exigir um olhar mais criterioso de cada membro do time, portanto da liderança.
E a preocupação não era apenas com o desempenho no trabalho em termos de produtividade, mas como todos estavam lidando com este novo contexto. A saúde mental, que era um tema de preocupação crescente antes da pandemia, passou a figurar e os aspectos psicológicos, como a ansiedade, elementos de conexão social dentro das empresas, a sobrecarga de trabalho por sobreposição da agenda doméstica e profissional e muitos outros aspectos tornaram-se uma nova pauta.
Os momentos informais, como almoços em grupo em um restaurante especial para comemorar um aniversário ou a pausa para uma conversa durante o café, fizeram falta. E o resultado com certeza você já deve ter reparado. Enquanto algumas pessoas mantiveram alta capacidade de conexão social e relacionamento mesmo à distância, outras se retraíram.
Essas, muitas vezes, estão apenas ‘de corpo presente’ em reuniões e cursos online, não colaborando com a discussão ou consolidando a construção de um futuro. Ou ainda notamos picos de ansiedade em profissionais que ficaram inseguros sobre a visibilidade de seu trabalho, seja para a equipe ou para o seu líder.
Sem dúvida alguma, são tempos diferentes. E, práticas consagradas de liderança ganharam ainda mais importância, pois a convivência física ficou enfraquecida e com ela, a impossibilidade da leitura corporal, das conversas de corredor e dos alinhamentos rápidos. Em contrapartida, nós nos beneficiamos da objetividade nas reuniões, mas com o custo do distanciamento.
Dicas valiosas para a liderança
Diante de tudo isso, vale destacar alguns pontos importantes para um bom líder:
- Aprofunde os momentos de alinhamento para dar clareza aos desafios e metas, já que reduzindo o espaço de convivência e tendo o virtual como canal principal é necessário ampliar o esforço de que todos estão “na mesma página”. O “olho no olho” ficou virtualizado, mas o que o motivava continua essencial: faça-se presente a cada membro da equipe.
- Observe e ofereça suporte, busque compreender cada um em seu momento e busque desenvolvê-los usando seus pontos fortes como alavanca.
- Dê e peça feedback continuamente. Esse é, então, o primeiro desafio das lideranças em tempos de trabalho virtual: compreender cada membro da equipe, melhorando a ligação entre essas pessoas.
- A segunda dica é manter o alinhamento contínuo. Ao iniciar uma reunião, comece com os objetivos e os caminhos a serem tomados na conversa.
- Distribua tarefas e incentive todos a se expressarem. As surpresas podem ser benéficas e o resultado é a conquista de um time de alta performance.
Este olhar cuidadoso precisa ser expandido também às condições de trabalho, sendo a terceira necessidade a ser levada em conta.
- Se a empresa não forneceu um notebook, será que a máquina pessoal é ideal para o trabalho?
- A cadeira e a mesa são as mais adequadas para serem usadas por muitas horas?
- A ergonomia no ambiente de trabalho agora também precisa ser estendida para a residência.
Já o quarto ponto é o cuidado para não invadir demais o espaço privado. Evite enviar mensagens no WhatsApp depois do horário, mesmo dizendo que não é necessário responder aquela hora, mas só no dia seguinte.
Mesmo não querendo, quem está ansioso para mostrar serviço não espera. Além de configurar hora extra, esse tipo de ação invade o espaço pessoal. Como estamos super conectados a tentação é grande, mas não vale a pena. O mais importante é manter o respeito ao horário de descanso, sob pena de ter um time cansado, que produz mal e pouco.
Para ser um líder melhor e estar pronto para os novos tempos, lembre-se:
Uma cultura inclusiva e promotora das diferenças precisa ter como premissa básica a colaboração, troca de conhecimento e experiências. Substitua a autoridade pelo apoio. E a melhor maneira de colocar em prática essas ações é, em primeiro lugar, conversar com a sua equipe!
Entenda as inseguranças e ansiedades com o objetivo claro de apoiá-las.
Tornar os processos mais humanos é o segredo para aumentar o engajamento e a possibilidade de inovação ou interesse pela busca de melhoria contínua.
Por João Roncati, diretor da People + Strategy, consultoria de estratégia, planejamento e desenvolvimento humano.
Saiba mais sobre nova economia ouvindo o episódio 72 do programa “O papel do RH e do gestor de pessoas na chamada “nova economia” do PodCast do RHPraVocê.
O conceito da “nova economia” se popularizou no final da década de 90 como forma de descrever o surgimento de empresas que apresentavam formas inovadoras de operação, com altas taxas de crescimento.
Mas, afinal, o que há de novo na “nova economia”?
Quais as características das empresas que fazem parte desse universo?
Ao mesmo tempo, como líderes e gestores podem se adaptar a essa realidade.
Quais competências devem ser priorizadas?
No episódio de hoje, o CEO do Grupo TopRH, Daniel Consani, e a editora do RH Pra Você, Gabriela Ferigato, conversaram com Diego Barreto, vice-presidente de Finanças e de Estratégia do iFood e autor do livro “Nova Economia: Entenda por que o perfil empreendedor está engolindo o empresário tradicional brasileiro” e com Susanne Andrade, especialista em desenvolvimento humano e autora do livro “O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil”, ambos da Editora Gente. Confira o que rolou clicando AQUI ou pelo app abaixo:
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