A definição daquilo que se quer é determinante para a definição daquilo que se fará. Contudo a segunda etapa me parece mais simples. Determinar aquilo que se quer, que se almeja pode passar por diferentes searas. O desejo da carne, dos prazeres imediatos pode ser um forte determinante. O desejo do ego pelo poder, pela materialidade na expressão de um status também. Há ainda aquilo que nasce da alma, algo que vai além da carne e do ego.

Certamente somos regidos por todos estes desejos, estas determinações de algo que queremos conquistar em nossa etapa de vida na terra. Queremos algo neste momento que nosso corpo pede, desde sexo ao descanso. Queremos o reconhecimento, sentirmos que somos alguém perante a sociedade e a comunidade que nos cerca. Em certos tempos, queremos algo que vai além de nós mesmos, passa pela alma na vontade de chegar ao divino. Talvez ainda tudo isso ao mesmo tempo. E tempo me parece algo relevante aqui. Da carne no agora, do ego no futuro terreno e da alma no legado, naquilo que construimos com aquilo que fazemos. Algo que perdure e se torne eterno após nossa partida.

Mas então há nossa sensação e realização. De que o que estamos fazendo tem sentido em nossas vidas. Certamente a vontade da carne é efêmera e pede repetição constante. Do ego pede esforço no sentido de conquistar aquilo que para o conjunto ao qual pertencemos tenha valor. Da alma pede silêncio, para que possamos ouvir além da carne e do ego. Além de nossa própria materialidade. Ouvir a vida que deseja emergir a partir de nossa própria vida.

Não estamos acostumados ao silêncio. A carne pulsa. O ego berra e quer movimento, pula do passado para o futuro e neles vive. Buscamos o tempo todo o que está fora. Não fomos preparados para buscar o que está dentro de nós. Ouvir a si mesmo ou ouvir a vida através de si é um trabalho profundo. Mas, muito indica que é deste ouvir que se alcança o entendimento sobre o que se deve buscar. Talvez a busca em si seja uma grande intenção para gerar o movimento de evolução humano. Buscar entender o que se deve buscar pode ser uma busca longa e talvez sem fim.

 

Mas aqui está a dúvida que carrego. Se devemos buscar entender a busca que temos que ter, enquanto se busca, como se vive? Digo viver no sentido da materialidade mesmo, do sobreviver, do comer, do lazer, do dinheiro.

O tema do propósito é recorrente, inclusive em meus textos. Talvez porque, por muito tempo, o propósito tenha sido apenas o do ego e da carne. Do sobreviver, embora com prazeres em muitos casos. Significado no que se faz creio que vai além de si mesmo. Significado para quem faz é ter significado para quem é afetado pelo o que decidimos fazer. Emboscada! Se desejo buscar para decidir o que fazer, enquanto busco, como decidir fazer o que nos gera significado?

Sucesso ao viver sua vida e que não seja uma mera existência!

Tiago Petreca, diretor fundador e curador chefe da Kuratore – consultoria de educação corporativa, Country Manager da getAbstract Brasil e autor do Livro “Do Mindset ao Mindflow”. É um dos colunistas do RH Pra Você. Foto: Divulgação O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.