A percepção do Brasil não é igual para todas as pessoas. Interpretar um país depende muito de um background pessoal, que geralmente está ligado com a cultura e o momento histórico em que aquela pessoa está inserida. Pensar em percepções sobre o Brasil pode ir ainda mais longe, já que estamos falando de um país com dimensões continentais, com uma rica miscigenação, uma infinidade de sotaques e até mesmo de línguas. Isso sem contar as diferenças étnicas, culturais, de sexo e de faixas etárias.

Com esse contexto em mente, decidi analisar as percepções do país por meio do filtro das faixas etárias, através da Pesquisa Branding Brasil. Feita pela agência Ana Couto, que tenho o prazer de fazer parte.

O metaverso chegou no RH

Analisando os dados divulgados pela pesquisa notei que grande parte dos jovens não quer morar no Brasil. 55% dos entrevistados, de 16 a 20 anos, afirmam que morariam em outro país se pudessem. Já para 69% das pessoas com mais de 55 anos, o Brasil é sim o seu país ideal. E ainda, para 72% da população acima de 55 anos, a bandeira do Brasil representa esperança, e apenas para 60% dos respondentes de 21 a 34 anos a impressão é a mesma.

De acordo com a Pesquisa Caminhos do Trabalho, realizada pela Universidade Federal da Bahia, 32,7% dos entregadores de aplicativos hoje são pessoas entre 18 e 24 anos. Isso ajuda a explicar a desilusão com o país, já que essa geração vive a dissolução de vínculos empregatícios e de alguns direitos do trabalho.

Diferentemente do que aconteceu com faixas etárias de maior idade, que usufruíram dos empregos mais estáveis, da menor concorrência no mercado (em 1970 por exemplo, vivíamos o chamado “milagre econômico brasileiro”, caracterizado pelo maior número de empregos do que de candidatos). Aqui destaco que essa percepção de abundância na década de 70 também era restrita a algumas regiões e classes sociais do país.

Dentre as pessoas de 21 a 34 anos da região Sudeste pertencentes à classe C, 65% acreditam que a bandeira representa esperança, para adultos maiores de 55 anos, pertencentes à mesma classe e região esse número sobe para 73%.

Em regiões menos favorecidas economicamente o fato se repete, 76% das pessoas de 21 a 34 anos da região nordeste, pertencentes à classe C, acreditam que a bandeira representa esperança. Já para as pessoas de 55 anos ou mais, essa percepção aumenta para 83%. Ou seja, não importa muito a região em que a pessoa vive, a maior discrepância é quanto a faixa etária.

Assim é fácil entender porque os jovens se sentem menos felizes do que os mais velhos ao ver a bandeira do Brasil. O cenário do país há 50 anos era bastante diferente do que vivemos na atualidade, especialmente porque passamos recentemente por uma crise de saúde mundial, na qual se acirraram as desigualdades sociais.

Esses dados me fizeram refletir na profundidade da esperança que as gerações depositam no país como um todo e como ela muda de acordo com as faixas etárias.

A percepção do Brasil de acordo com faixas etáriasPor Rodrigo Scherrer, Gerente de Pesquisa e Insights na Ana Couto, um dos responsáveis pelo estudo inédito Branding Brasil – O Valor que o país gera”.

 

 

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