O “Ágil” está morto? Tem havido muita especulação sobre a relevância das metodologias ágeis nas organizações, sobretudo após a pandemia. Em recente passagem pelo Brasil, o holandês Jurgen Appelo (capa), criador do modelo unFIX e Management 3.0, também autor de best-sellers sobre liderança e gestão, respondeu a essa e outras questões sobre o tema. 

O especialista veio para o Brasil a convite da Agilers, empresa de treinamentos e consultoria, e participou de dois eventos: o unFIX Foundation Workshop, com apoio do time de tecnologia do Banco BV, em São Paulo, e o Nexus, ponto de encontro para entusiastas de gestão, inovação, produtos, negócios, business agility, ciência e tecnologia, em Campinas. Nos encontros, Appelo falou sobre o universo ágil e temas relacionados.

“Não me importo com a palavra ágil. A palavra é importante? Não. O fato é que o ambiente ainda está se acelerando em termos de mudança. Tivemos a Covid-19, tivemos uma guerra na Europa, tivemos uma crise de energia, agora temos a IA, a IA generativa trazendo disrupção. Há algo novo toda semana e as empresas precisam se adaptar a isso. Portanto, não importa se elas chamam isso de ‘ágil’. O fato é que elas terão de ser cada vez mais rápidas na adaptação às mudanças no ambiente. Portanto, não importa se a palavra ou a marca ágil está morta. Ainda temos que ensinar a todos as mesmas coisas sobre desenvolvimento incremental iterativo e como responder a feedbacks, indivíduos e interações, e está tudo bem”, explicou Appelo.

O escritor elucidou, ainda, o quanto alguns gestores estão pouco avançados na interpretação do que é, de fato, uma metodologia ágil, assim potencializando iniciativas e comportamentos problemáticos que tendem a ir na contramão de temas cada vez mais discutidos no mercado atual, como o equilíbrio na rotina.

“Há apenas alguns dias, respondi a um artigo no LinkedIn de alguém que publicou 18 princípios diferentes sobre o funcionário de alto potencial. Era horrível. Dizia coisas sobre como contribuir para a meta da empresa, fazer um esforço extra, aceitar feedback e aceitar críticas. E eu respondi dizendo: e quanto a dar feedback, fazer críticas e aceitar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional em vez de se esforçar mais? E quanto às metas das pessoas em vez das metas da empresa? E pensei ‘estamos em 2023 e essas mensagens ainda estão sendo publicadas no LinkedIn’. Portanto, parece que a mensagem ainda é necessária e não acho que isso vá mudar tão cedo”, ressalta.

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Management 3.0, unFIX e o avanço em gestão ágil

Jurgen Appelo criou o Management 3.0 há mais de 10 anos. Esta é uma mentalidade e não exatamente uma metodologia, que oferece um passo a passo a seguir para realizar melhorias em uma empresa. Essa mentalidade continua atual e em crescimento, mesmo mais de uma década depois. “Eu não esperava por isso, gerenciei-o durante todo o tempo esperando que em algum momento ele se extinguisse. Pensei que talvez isso durasse cinco anos ou talvez sete anos. Agora já são 13 anos e ainda está crescendo”.

O especialista também é o criador do modelo unFIX, uma resposta para o SAFe® – Scaled Agile Framework. O autor ressalta que o modelo unFIX não é um framework, pois a definição de “framework” sugere uma estrutura de apoio essencial. Mas não há nada essencial no unFIX. Tudo é opcional.

Frameworks são como templates que auxiliam na construção de aplicações digitais

“Vi que os frameworks são muito populares na comunidade ágil, sejam eles SAFe, LESSou Nexus. As empresas realmente gostam de frameworks que possam comprar e depois implementar e assim por diante. Agora temos uma nova forma de organização e as coisas não funcionam assim. Então, pensei em oferecer outra coisa como um movimento contrário, com linguagens de padrões como estruturas libertadoras. Essa é a minha missão”.

Para Jurgen, flexibilidade é a palavra. “A palavra FIX que inspirou o unFIX, significa juntar as coisas, dar estrutura, torná-las fixas. Mas você não quer ficar fixo quando o ambiente está mudando. Você quer ser flexível. Em inglês, a palavra fixing também tem algumas conotações negativas. FIX pode ser trapacear, como “consertar” um jogo. FIX pode significar tornar alguém viciado (fixado) em drogas. Então, eu gosto disso porque “unfixing” significa não trapacear e “unfixing” significa não tornar as pessoas viciadas em um framework”, conclui.

Por Redação