Carinhosamente apelidado de “Junho Vermelho”, é no mês que marca para nós o início do inverno que se destaca a uma das mais importantes campanhas do ano: o incentivo à doação de sangue. Realizada em todo território nacional, a iniciativa tem o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a importância da atuação solidária na doação de sangue. Inclusive, é também em junho que se comemora o Dia Mundial do Doador de Sangue, no dia 14.

Bibiana Alves, líder de captação do Banco de Sangue de São Paulo, reforça que, embora naturalmente seja importante reforçar os pedidos por doação ao longo de todo o ano, as campanhas têm um apelo muito poderoso para promover sensibilização, especialmente durante o período de grave crise sanitária vivido pelo país.

“Com o Junho Vermelho, realizado em âmbito nacional, esperamos que mais pessoas possam despertar para a importância das doações de sangue. Milhares de pacientes que estão em tratamentos clínicos, especialmente os oncológicos e transplantes, além dos pacientes com Covid-19 necessitam desse gesto solidário, e fazem com que as doações sejam ainda mais urgentes”, diz Bibiana.

No caso do banco de sangue da capital paulista, são necessárias 160 doações diárias para que o estoque possa suprir as necessidades de quem precisa de transfusão. Porém, desde o início do ano, a entidade apresenta déficit de 40%. Vale destacar que o Banco de Sangue de São Paulo, assim como diversos outros espalhados pelo país, segue rigorosamente todos os protocolos de segurança contra a Covid-19. Não é à toa o recebimento do selo Covid Free de Excelência, atribuído a instituições que atuam de forma exemplar na prevenção.

Incentive o seu colaborador

De acordo com a consultora de Recursos Humanos, Luciana Amorim, é cada vez mais importante que as empresas realizem ações de viés social. Uma vez que o público exige que as marcas não somente tenham bons produtos ou serviços, mas também iniciativas que sejam positivas à sociedade, o incentivo à doação de sangue não só fortalece o lado humanizado da organização, como também faz crescer o engajamento do time de trabalho.

“Uma pesquisa de 2017 da Santo Caos nos mostrou que colaboradores que realizam trabalho voluntário são 16% mais engajados do que aqueles que não o fazem. Gestos solidários são motivacionais, pois o profissional não só nota a preocupação da empresa em prestar suporte social, como também é parte disso. É um sentimento de realização. Portanto, quando pensamos na doação de sangue e no mix de necessidade com urgência, é extremamente válido que as empresas possuam campanhas internas que incentivem a prática”, diz.

Além disso, aos doadores de sangue é garantido pela CLT um dia de folga a cada doze meses. Para usufruir do direito, é necessário que o colaborador que fizer a doação apresente o comprovante recebido no hospital ou no posto de doação ao RH da empresa.

Embora a lei determine a obrigatoriedade do abono à doação voluntária feita a cada doze meses, nada impede que internamente sejam feitos acordos entre líderes e equipes para que novas doações garantam uma folga ou algum outro benefício durante o período. Homens podem doar a cada 60 dias e mulheres a cada 90.

Quem pode doar sangue?

Para poder ser um doador ou uma doadora de sangue, alguns critérios precisam ser respeitados, segundo o Banco de Sangue de São Paulo. São eles:

  • Ter idade entre 16 e 69 anos desde que a primeira doação seja realizada até os 60 anos (menores de idade precisam de autorização e presença dos pais no momento da doação);
  • Estar em boas condições de saúde;
  • Pesar no mínimo 50 kg;
  • Não ter feito uso de bebida alcoólica nas últimas 12 horas;
  • Após o almoço ou ingestão de alimentos gordurosos, aguardar 3 horas. Não é necessário estar em jejum;
  • Se fez tatuagem e/ou piercing, aguardar 12 meses. Exceto para região genital e língua (12 meses após a retirada);
  • Se passou por endoscopia ou procedimento endoscópico, aguardar 6 meses;
  • Não ter tido gripe ou resfriado nos últimos 30 dias;
  • Não ter tido Sífilis, Doença de Chagas ou AIDS;
  • Não ter diabetes em uso de insulina;
  • Aguardar 48h para doar, caso tenha tomado a vacina da gripe, desde que não esteja com nenhum sintoma.

Além disso, é necessário comparecer com um documento que possua foto (RG, CNH, etc.) e em casos de hipertensão, uso de medicamentos e cirurgia, a equipe médica deve ser previamente consultada.

Em relação ao novo coronavírus, há também critérios específicos:

  • Candidatos que apresentaram sintomas de gripe e/ou resfriado devem aguardar 30 dias após cessarem os sintomas para realizar doação de sangue;
  • Aguardar 48h para doar, caso tenham tomado a vacina Coronavac/Sinovac e 7 dias caso tenha tomado a Astrazeneca ou a Pfizer;
  • Candidatos que viajaram para o exterior devem aguardar 30 dias após a data de retorno para realizar doação de sangue;
  • Candidatos à doação de sangue que tiveram contato, nos últimos 30 dias, com pessoas que apresentaram diagnóstico clínico e/ou laboratorial de infecções pelos vírus SARS, MERS e/ou 2019-nCoV, bem como aqueles que tiveram contato com casos suspeitos em avaliação, deverão ser considerados inaptos pelo período de 30 dias após o último contato com essas pessoas;
  • Candidatos à doação de sangue que foram infectados pelos SARS, ERS e/ou 2019-nCoV, após diagnóstico clínico e/ou laboratorial, deverão ser considerados inaptos por um período de 30 dias após a completa recuperação (assintomáticos e sem sequelas que contraindique a doação).

Após a doação, é importante, por 12 horas, evitar esforço físico e consumo de bebidas alcóolicas. Por cerca de duas horas não fume e tome bastante líquido.

Por Bruno Piai