Os cuidados com o excesso de trabalho, seja no modelo presencial ou remoto, devem ser os mesmos. Porém, quando falamos em trabalho remoto, a vida privada e profissional acontecem no mesmo ambiente, tornando-se uma só, por essa razão existe uma forte tendência a trabalharmos mais e limitarmos o espaço de tempo dedicado à vida pessoal, o que tem sido um grande problema para a carreira de muitas pessoas.
Especialistas e pesquisas de mercado já comprovam que o período dedicado a questões profissionais vem aumentando consideravelmente, segundo levantamento realizado pela Nielsen, em parceria com a consultoria Toluna, o trabalho é percebido como a atividade que mais consome a rotina do brasileiro durante a pandemia.
Os dados apontam que 18% dos entrevistados excederam 15 horas por semana dedicadas ao expediente, seguidos de 23% trabalhando de 10 e 15 horas e 22% de cinco a nove horas. Isso mostra que profissionais estão deixando de lado a vida com a família e até mesmo atividades pessoais que podem ajudar no combate ao estresse e na busca por um caminho com mais saúde, equilíbrio e qualidade de vida.
Portanto, é importante observar os sinais de esgotamento e estresse, que estão associados a pouca energia para conclusão de trabalhos, pensamentos e comportamentos mais negativos diante de situações conflitantes ou desafios. Outros fatores são: a baixa responsabilização frente aos acontecimentos que requeiram tal postura, atrasos nas entregas, menos rendimento profissional, baixo engajamento e envolvimento nas ações da equipe e/ou empresa.
O papel da companhia com apoio dos Recursos Humanos e da liderança tem forte responsabilidade no sentido de conscientizar e criar programas que permitam que as pessoas “deem um tempo” a si mesmas. Para tanto, é fundamental trazer o tema para discussão considerando o que as pessoas sentem e de que forma estão vivenciando este momento.
É perceptível, por exemplo, que o volume de reuniões e compromissos aumentaram muito por ocasião do trabalho remoto, e passou a ser comum entrar em uma nova reunião online e algum participante sinalizar que precisa de alguns minutos para ir ao banheiro, ou tomar uma água, pois até o momento em questão não havia tido tempo sequer para levantar da cadeira. Sem sombra de dúvidas este é um sinal de que não podemos ignorar e nem fingir que não estamos vendo.
Iniciativas em conjunto devem ser implantadas rapidamente, para que as pessoas tenham espaço para se cuidar e olhar para a saúde emocional e física. As campanhas corporativas devem ser apoiadas pela liderança e com o exemplo dos gestores para que os colaboradores possam se engajar e gerar um movimento real de autocuidado e cuidado das pessoas. Isso porque o risco a longo prazo do estresse é o desenvolvimento de doenças mentais, como o Burnout – decorrente de um estresse ocupacional, ou até mesmo o desenvolvimento de crises de ansiedade e depressão.
Todos esses transtornos são “silenciosos” e na grande maioria das vezes a pessoa não consegue perceber que está caminhando para isso. A boa notícia é que o alívio do estresse está em ações simples e livres de grandes responsabilidades. Por exemplo, marcar uma hora com a equipe mesmo que seja virtualmente para falar besteiras e amenidades pode ser uma grande ferramenta de descompressão.
Compartilhar uma mensagem divertida ou de acolhimento, também pode ser um caminho que ajuda a sair do automático. Ações relacionadas ao incentivo a atividades físicas, meditação, alimentação e atividades sociais, ou em família, ajudam para uma vida mais equilibrada com inúmeros benefícios e, o melhor, livre de estresse. Contudo, um ponto a considerar é que quem está ‘beirando o estresse’ não consegue perceber e dificilmente participará dos programas oferecidos pela empresa.
Por essa razão, a liderança precisa estar atenta aos sinais emitidos por cada profissional da sua equipe para que, de alguma maneira, possa sinalizar para a pessoa e junto a ela encontrar caminhos preventivos. O papel dos líderes é fundamental nesse processo, pois muitas vezes, o gestor, sem perceber, é o maior ofensor e demandante de um ambiente onde as pessoas já estão sobrecarregadas e desgastadas, justamente por ele também estar com altos níveis de demanda e pressão, e acaba repassando o mesmo comportamento para o time.
Cada executivo e gestor de empresa, de certa forma, possui ‘poder’ para sinalizar o que pode estar acontecendo e estabelecer limites para si e para a equipe. A chave para minimizarmos o nível de estresse corporativo certamente está em uma postura assertiva por parte desse líder e o desenvolvimento de interesse genuíno pelas pessoas da sua equipe. Desta forma, com certeza teremos ambientes organizacionais ainda mais saudáveis e respeitosos considerando o indivíduo como centro de tudo.
Por Brenda Donato, Diretora de Pessoas e Resultados na Embracon.
Ouça também o RHPraVocê Cast, episódio 126, “Até o ‘bom dia’ vira reunião: é mesmo tão difícil se adaptar à comunicação assíncrona?”. Será que todos os líderes estão, de fato, preparados para se adaptar a um diferente estilo de comunicação? Há solução para as reuniões em excesso deixarem de ser parte do dia a dia?
Para responder a isso e auxiliar no melhor entendimento sobre a importância da comunicação assíncrona, o RH Pra Você Cast traz a neurocientista Ana Carolina Souza, sócia da Nêmesis, empresa de educação corporativa. Clique no app abaixo:
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