Que as inteligências artificiais são capazes de fazer coisas incríveis, nós sabemos. Mas a startup Seance AI tem planos para levar sua utilização a um outro patamar. Com uma ideia que vem dividindo opiniões, a empresa tem o objetivo de garantir às pessoas que perderam algum ente querido uma última oportunidade de falar com ele. É isso mesmo: um papo diretamente com os mortos.

Para garantir que isso ocorra, a Seance AI não precisa de um tabuleiro Ouija, copos, espelhos, médiuns ou do auxílio dos irmãos Winchester. O segredo está no ChatGPT.

A startup deu início à produção do AE Studio, um serviço que usa a tecnologia da OpenAI para treiná-la a ponto de representar digitalmente a pessoa falecida. Em resumo, o chatbot assume as características do ente querido para proporcionar aos parentes e amigos uma interação.

Veja mais: 5 aplicações do ChatGPT para melhorar o dia a dia do RH

Por que a iniciativa é polêmica?

Jarren Rocks, criador do serviço, disse à imprensa que o principal objetivo da iniciativa é garantir às pessoas uma espécie de “encerramento emocional”. Por meio de um algoritmo, o AE Studio desenvolve linhas de conversa para a interação com quem ficou do lado de cá.

Por mais que a intenção seja das melhores, a ferramenta ainda não convenceu totalmente quem a testou. Alguns usuários até reconheceram sua efetividade, manifestando, em uma rodada de testes, que ela consegue convencer com até 80% de autenticidade. Todavia, há um limite para a IA. Quanto mais longa a conversa, mais repetitivas se tornam as mensagens. Os usuários relataram que isso gera uma sensação de vazio que pode se sobressair sobre o impacto positivo da conversa com o robô.

Vale ressaltar que a iniciativa da Seance AI de facilitar o luto não é uma exclusividade da startup. Nos Estados Unidos, já existem as empresas chamadas de “Grief Techs”, negócios que, de algum modo, intercalam a tecnologia com a morte.

Se a tecnologia vai funcionar ou não, ainda não sabemos. Na dúvida, fica uma dica diretamente do último filme dos Caça-Fantasmas, de 2021: “Vou te dar um conselho, não saia por aí perseguindo fantasmas”.

Por Bruno Piai