Atenção, este não será um texto imparcial. Portanto, se você é um assumido defensor do desemprego e acredita que os profissionais devam enfrentar momentos de desespero para que não se esqueçam quem é que manda, provavelmente você não gostará da abordagem a seguir.

Vamos ao contexto: em uma conferência da Financial Review, na Austrália, o milionário Tim Gurner, CEO e Fundador da imobiliária de luxo Gurner Group, deu uma verdadeira aula de empatia – só que não – ao propor soluções para que as empresas tenham (ainda mais) poder sobre os seus empregados.

Na lista de dicas valiosas está a sugestão para que o desemprego aumente, pois para ele, o ideal é que a taxa cresça entre 40% a 50%. Mas não vamos julgá-lo, pois a razão é ótima: quando há demissões em massa, há “menos arrogância no mercado de trabalho”.

Precisamos lembrar as pessoas que elas trabalham para o empregador, não o contrário. Houve uma mudança sistemática na qual os empregados acreditam que o empregador é extremamente sortudo por tê-lo. Então, é uma dinâmica que precisa mudar”, declarou.

Caso o índice do desemprego australiano atingisse os números sonhados pelo executivo, isso significaria a taxa em 5,5% – pouco mais de 800 mil pessoas –, registro que não ocorre no país desde a pandemia da Covid-19.

Tornando seu relato ainda melhor, Gurner deixou claro que é necessário que “haja dor na economia” e que “as pessoas ganham muito para fazer pouco”. Confira na íntegra:

Repercussão

O exercício de liderança humanizada – contém ironia – do chefão do Gurner Group não passou batido. Ao redor do mundo, diversas personalidades se manifestaram a respeito. Separamos alguns que merecem destaque:

Na contramão

Na contramão

De fato, nem disfarçou

Nem disfarçou

Pelo menos ele ficou bem rankeado

Frase campeã

Consciência de classe? O Gurner tem!

Vilão de desenho animado, segundo parlamentar australiano

Vilão de Desenho Animado

“Estes são comentários que você associaria com um supervilão de desenho animado, não com um CEO de uma companhia em 2023. Sr. Gurner deveria passar mais tempo comandando o seu negócio, em vez de usar um fórum público para regurgitar suas teorias econômicas covardes.”

Pedido de desculpas

Para não passar batido, já que, estranhamente, a busca nas redes sociais registrou mais comentários contra o seu discurso do que a favor (mas eles existem, viu?!), Gurner utilizou sua conta do LinkedIn para pedir desculpas – não sem antes, é claro, fechar os comentários.

“Eu estava errado e me arrependo profundamente (…) Meus comentários foram extremamente insensíveis com funcionários e famílias em toda a Austrália que são impactados pelas pressões em torno do custo de vida e pela perda de empregos. Compreendo que quando alguém perde o emprego, isso tem um grande impacto sobre si e sua família. Lamento que minhas palavras não tenham transmitido empatia por quem se encontra nessa situação.”

Por Bruno Piai