Saúde é estratégia chave para gerar engajamento e alta performance nas empresas. Em um mercado competitivo, gerar e manter o engajamento do time é um desafio que vai além de salários atrativos e benefícios. A atenção à saúde e ao bem-estar é essencial para sustentar a alta performance e, consequentemente, entregar mais valor para o negócio. Qual é o papel da empresa, do RH e dos gestores nesse contexto?

O estudo Pulso RH, realizado pela nossa empresa, revelou que 70% dos colaboradores se sentem mais engajados quando a empresa demonstra que sua saúde e bem-estar são importantes. Mas quando essa demonstração não existe, o dado cai para menos da metade: apenas 32% mantêm o mesmo nível de engajamento.

O papel estratégico do RH

Demonstrar não é apenas dizer, mas também praticar. Por isso, como CHRO de uma empresa de saúde, sei que minha missão vai além da gestão de talentos. Para mim, é papel do RH ser mais estratégico e próximo das metas de crescimento do negócio, além de promover um ambiente de trabalho que estimule a excelência e o engajamento.

Ao mesmo tempo, os 500 colaboradores da Alice – chamados carinhosamente de Pitayas – precisam priorizar sua própria saúde e felicidade para serem protagonistas de suas histórias profissionais. Eu e meu time acreditamos nisso e abraçamos esse desafio para que todos esses profissionais sintam orgulho e segurança na empresa.

As vantagens já são conhecidas: times mais engajados atingem metas com mais resiliência por acreditarem no propósito da empresa e permanecem nela, já que o profissional também está em busca de seu próprio desenvolvimento e quer contribuir ao máximo com projetos em que acredita e se identifica. Outra vantagem é o retorno sobre o investimento realizado, impulsionando o crescimento sustentável da empresa.

Iniciativas práticas e benefícios concretos

Acredito que cada pessoa é responsável por sua própria saúde, mas também sei do impacto que o trabalho e os gestores têm sobre os colaboradores. Por isso, é fundamental que as empresas tenham estratégias capazes de promover melhor qualidade de vida para seus times.

Para isso, precisamos pensar em três níveis e seus papéis nessa jornada: a empresa, o RH e os gestores. Quando analisamos a empresa como instituição, existem várias iniciativas que podem ser adotadas. Elas vão desde espaços no escritório para necessidades específicas, como uma sala de amamentação, descompressão, bicicletário e vestiário à oferta de alimentação saudável durante eventos e happy hours.

Se for possível, a empresa também pode permitir que as pessoas tenham horários flexíveis para começar, pausar e terminar suas atividades, além de aplicar o formato de trabalho híbrido, de acordo com as necessidades de cada equipe. Assim, as pessoas economizam o tempo que passariam se locomovendo até o escritório e podem utilizá-lo, por exemplo, para praticar uma atividade física. Mas, ao mesmo tempo, não deixam de ter conexões presenciais com o time algumas vezes por semana ou mês.

RH TopTalks cobertura

Há pouco tempo eu li um estudo na Harvard Business Review que me chamou a atenção. O conteúdo mostra que ao praticar exercícios, o profissional ganha uma espécie de “pacote de recursos”, ou seja, a soma dos benefícios que a pessoa tem quando faz atividades físicas, que aumentam seu engajamento na realização de tarefas diárias: melhoram a qualidade de seu sono, apresentam mais vigor e mais concentração. Esse grupo de benefícios já são notados no primeiro dia após o início das atividades físicas. Mais um motivo para incentivar e ajudar as pessoas a se movimentarem, não é?

Por aqui, implementamos diversas iniciativas para incentivar os Pitayas a colocarem a atividade física na sua rotina, como o desafio “Saí do Sofá”. Funciona assim: cada pessoa define uma meta mensal de exercício físico e, ao alcançar esta meta, ganha “Alice coins”. São moedas digitais que podem ser trocadas por itens da nossa lojinha, como camisetas, jaquetas esportivas, guarda-chuvas, garrafinhas de água, relógio de corrida e outros brindes.

Eu mesma tento me exercitar três ou quatro vezes por semana, entre tênis, corrida e musculação, e postar no canal do desafio. Sei que o meu exemplo também influencia a equipe a ter uma rotina ativa e saudável e ajuda a construir a cultura que queremos. Para estimular ainda mais a participação, temos também bicicletário e banheiros com chuveiros no nosso escritório para quem pratica o exercício logo antes de chegar na empresa e precisa desse espaço.

Além de oferecer programas de bem-estar e benefícios que incentivem a promoção da saúde, o time de recursos humanos também pode contratar planos de saúde que de fato gerem e medem o histórico de saúde das pessoas, incluindo convênios com academias e sessões de terapia quando necessário.

A influência dos gestores

No dia a dia, o papel do RH junto aos gestores é fundamental para promover um ambiente de trabalho saudável na prática. O caminho é entregar processos claros e transparentes, oferecendo feedbacks constantes para evitar ansiedade desnecessária e, ao mesmo tempo, propor soluções ao invés de apenas apontar os pontos de melhoria. Isso significa, por exemplo, adotar práticas de comunicação eficaz, alinhamento de objetivos, processo robusto de avaliação de performance, treinamento especializado e garantia de que as pessoas certas estão no lugar certo para que as atividades possam fluir da melhor maneira.

Gestores também devem incentivar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, evitando sobrecarga de trabalho. Aqui, voltamos a falar da saúde, como influência. Dados do Pulso RH mostram que 91% dos profissionais que consideram que o gestor dá bons exemplos de saúde e bem-estar têm um bom equilíbrio de vida, enquanto apenas 65% dos que não consideram que o gestor dá bons exemplos têm o mesmo equilíbrio. A construção de relacionamentos saudáveis entre os membros da equipe e outros times também ajuda a aliviar o estresse e estimular a produtividade.

Quando as pessoas trabalham em ambientes que se preocupam com sua saúde e bem-estar, elas são mais produtivas, sentem mais orgulho de trabalhar na empresa e se vêem trabalhando nela por mais tempo. Ou seja, investir no bem-estar, qualidade de vida e saúde dos colaboradores não é apenas uma escolha ética, mas também estratégica. É hora de repensar nossas práticas e colocar a saúde no centro das nossas ações, como deve ser.

Saúde: engajamento e performance

Por Sarita Vollnhofer, mãe de dois e CRHO da Alice, plano de saúde para empresas que faz gestão proativa da saúde dos seus membros. Antes de se juntar à Alice, ela atuou como Head de People & Performance na Movile e líder de projetos na consultoria de gestão Falconi. A executiva também tem passagens por organizações multilaterais como ONU, BID e Care International nos Estados Unidos, Europa, África e América Central. Sarita é graduada em Administração de Negócios pela FHWN (Áustria), possui mestrados em Saúde Pública e Relações Internacionais pela Universidade de Columbia (EUA), é Fulbright Scholar e faz parte da Rede de Líderes da Fundação Lemann.

 

Ouça o episódio 176 do podcast RH Pra Você Cast, “O que esperar do bem-estar corporativo para 2024?“. Falar de bem-estar nas empresas envolve diferentes nuances e desafios. Fato é que o tema não pode perder a sua força dentro das organizações, especialmente por conta das “incompatibilidades” ainda existentes, o que pode comprometer a qualidade das estratégias de bem-estar e qualidade de vida desenvolvidas. Para entendermos melhor a dinâmica do que é esperado em relação ao assunto para 2024, convidamos Renato Basso, VP de Pessoas Global do Gympass, que compartilha os principais insigths mapeados no estudo “Panorama do Bem-Estar Corporativo”, que recém lançou sua segunda edição. Confira o papo clicando abaixo:

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Capa: Depositphotos