A transição de 2023 para 2024 não poderia ter sido melhor para a Start Carreiras. Focada em recrutamento universitário, a marca, que tem o objetivo de democratizar a divulgação de oportunidades profissionais para estagiários e trainees, captou recentemente R$ 7 milhões em rodada liderada pelo fundo brasileiro Maya Capital, valor que deverá ser investido, principalmente, na atração de novos candidatos, empresas clientes e instituições parceiras.

Fundada em 2021, a startup é jovem não apenas em tempo de mercado, mas também em comando. O trio de sócios é todo representado pela Geração Z: José André Nunes (22), Gabriel Albuquerque (23) e Alexandre Bernat (25).

A expertise para se comunicar com o seu público-alvo já garantiu um portfólio que conta com mais de 500 empresas divulgadoras de vagas pela plataforma e mais de 400 instituições estudantis parceiras.

Com um 2024 entusiasmante no horizonte, a meta da Start Carreiras para o ano é clara: consolidar o seu papel como referência para que as organizações encontrem os talentos que vêm mudando a cara do mercado de trabalho no Brasil.

Para entender um pouco melhor como a jornada da startup vem sendo construída e o que vem pela frente, batemos um papo com José André Nunes. Confira:

RH TopTalks cobertura

– RPV: Antes de tudo, o que motivou a criação da Start Carreiras?

Nunes: Fui fazer Engenharia de Computação no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e lá, desde o primeiro ano, ao lado de colegas me envolvi em uma iniciativa de carreira. A instituição não tinha tanto material para auxiliar os alunos com sua inserção no mercado, apesar de ser uma marca muito grande.

Lá dentro, então, os próprios alunos criaram um centro de carreiras inspirado em modelos internacionais que oferecem ações de apoio. Foi desenvolvida uma espécie de empresa júnior – sem fins lucrativos – para fazer esse processo acontecer.

Apesar da ideia e da execução, não sabíamos se o trabalho estava, de fato, gerando valor para o usuário final, o estudante. Era tudo muito manual, braçal. A pandemia e a consequente migração para o online foram, então, os gatilhos para mudar.

Não tínhamos mais ferramentas para poder ajudar na conexão do pessoal, o que gerou um caos. Para controlar isso, construímos uma plataforma que foi a primeira versão da Start, para o centro de talentos do ITA usar.

– RPV: E nisso a ideia foi ganhando corpo…

Nunes: Na época eu trabalhava em ONG e queria muito fazer algo relacionado ao terceiro setor. Foi quando criamos uma plataforma para dar acesso a oportunidades, mas ainda faltava entender como levá-las para outros lugares.

Em um mês, 80% dos alunos do ITA estavam usando a plataforma. Não era nada mil maravilhas, mas funcionava. A surpresa foi quando empresas ouviram falar que os estudantes usavam a ferramenta e vieram nos contatar. Foi quando começamos a nos aproximar dos RHs, ouvindo e compreendendo as principais dores de contratação, de marca empregadora, entre outros pontos.

Essa aproximação trouxe a reflexão de que há quase 2,6 mil instituições de ensino superior no Brasil. Imagine vagas publicadas em 2,6 mil portais diferentes. Isso nos motivou a centralizá-las em um único lugar e facilitar para que o RH pudesse divulgar vagas a qualquer faculdade no país.

A partir disso, fomos investigar o mercado. Notamos um gap principalmente entre eficiência e comunicação na tríade instituição de ensino, aluno e empresa. Assim, fomos nos desenvolvendo até chegar no modelo atual.

Sócios da Start Carreiras

Gabriel Albuquerque, Alexandre Bernat e José André Nunes, sócios da Start Carreiras

– RPV: O que torna a plataforma atrativa às faculdades?

Nunes: O elo mais fraco desse ecossistema era a instituição de ensino. Ela estava sempre fora da equação. Mas nós a enxergamos como um catalisador para fazer o elo funcionar. Começamos a trabalhar ao seu lado e criamos um software posicionado como white label para essas instituições.

Não somos o portal externo que coloca os alunos dentro das empresas, somos a estrutura por trás. Queremos ser vistos como o portal da faculdade. Fechamos a parceria institucional e ela fica encarregada de distribuir o nosso trabalho aos alunos. Agora, as vagas chegam para ainda mais faculdades. E estamos mirando uma expansão regional.

Terminamos 2023 com cerca de 60 mil alunos cadastrados e hoje estamos chegando a 100 mil.

– RPV: Quais são os maiores desafios enfrentados por vocês?

Nunes: A maioria das plataformas funciona melhor para quem tem experiência ou conexões. Nosso público, no geral, não tem nem um nem outro. É um pessoal que está se formando, chegando no mercado e que ainda vai criar o seu networking. Então, um dos nossos desafios é ter um olhar diferente para esse público. Entendemos as dores do aluno.

Temos, por exemplo, uma operação voltada a grupos estudantis. A parceria envolve mais de 600 em todo o Brasil. Trabalhamos ao seu lado para trazermos dados e conteúdos que suportem cada vez mais os candidatos e também as empresas, ajudando-as a encontrar pessoas com base em seu perfil. Temos vários cases bacanas, que envolvem inclusive programas afirmativos, de mentoria, etc.

Inteligencia artificial

– RPV: De que maneira vocês conversam com os RHs? E o que vem por aí em 2024?

Nunes: Vou usar como exemplo uma de nossas empresas clientes. Ela tem um perfil que gosta de contratar, que envolve variáveis como ano de graduação, curso, localização, participação em grupos estudantis, etc. É possível identificar quem tem esse perfil na base e levar à marca. Se não há o perfil exato, há a aproximação dos critérios estabelecidos, o que motiva iniciativas de capacitação.

Dentro da própria plataforma, também buscamos criar uma comunidade para que os candidatos e as empresas possam apoiar aqueles que estão começando.

Para 2024, o recebimento do aporte nos motivou a ter projeções agressivas. Queremos criar uma gama tanto de ampliação geográfica quanto de cursos oferecidos aos candidatos. Estamos também começando a olhar para grandes grupos, aqueles com mais relevância no Brasil. Miramos trazer cada vez mais recrutadores. Temos cerca de 3,5 mil usando a plataforma e já desejamos chegar em 30 mil.

Por Bruno Piai