Engajar pessoas dentro do ambiente de trabalho tem sido um desafio para as empresas em todo o mundo. Um relatório da Gallup, que levou em consideração dados de abril de 2022 a março de 2023 de mais de 160 países, mostrou que 77% dos trabalhadores não estão engajados (59% se consideram não engajados e 18% estão ativamente desengajados) e 51% deles procuram um novo emprego.
No Brasil, a situação também é alarmante, com apenas 28% dos colaboradores se considerando engajados. De acordo com a Gallup, 68% da população ativa está desmotivada, o que afeta o bem-estar, a produtividade e a retenção dos funcionários.
“Engajar pessoas é extremamente difícil e está particularmente mais difícil em um cenário pós pandemia, de equipes remotas, quiet quitting e great resignation. De um lado, empresas estão mais do que nunca pressionadas para gerar resultados, de outro, 72% dos colaboradores não se sentem engajados. Como fechar essa conta? Engajar pessoas não é milagre. Há métodos para isso. E o mercado está cada vez mais necessitado de profissionais e soluções que saibam despertar engajamento em outras pessoas com métodos escaláveis”, ressalta Victória Hipólito, cofundadora & CEO da engagers, engagement tech que tem uma plataforma de gamificação para engajar pessoas rumo à qualquer objetivo das enterprises.
Veja mais: Como a gamificação está melhorando as plataformas de engajamento
Quais são as consequências do baixo engajamento?
Entre as principais consequências, estão:
- Baixa produtividade: funcionários que não estão engajados tendem a realizar suas tarefas de forma menos eficiente. Já os engajados, aumentam em 18% a sua produtividade, segundo Gallup.
- Retenção de talentos: profissionais que não estão engajados têm maior probabilidade de deixar a empresa em busca de oportunidades melhores, levando a altos custos de rotatividade e perda de talentos valiosos. A Gallup afirma que o custo da substituição de um funcionário de nível pleno chega a 150% do seu salário anual.
- Qualidade do trabalho: a falta de motivação pode levar a uma diminuição na qualidade do trabalho, o que pode afetar a satisfação do cliente e a reputação da empresa. De acordo com a Bain & Company, empresas que engajam e fidelizam seus clientes aumentam as receitas cerca de 2,5 vezes mais rápido do que seus pares do setor e proporcionam de duas a cinco vezes mais retorno aos acionistas nos próximos 10 anos.
- Falta de inovação e impacto financeiro: todas essas consequências podem ter um impacto financeiro significativo, reduzindo a lucratividade da empresa. Fato é que, segundo a Deloitte, pessoas não engajadas alcançam metade da inovação, metade da satisfação do cliente e 25% menos lucros.
Como fazer iniciativas institucionais de engajamento em alta escala?
Segundo Andreia Mosca, cofundadora, CRO e Customer Journey na engagers, é crucial falar sobre o desafio que as empresas enfrentam ao confiar a tarefa de formar líderes engajadores.
“Muitas vezes, esses líderes, os ‘maiores encarregados’ de engajar pessoas, ainda não possuem a formação necessária para esse desafio complexo, o que cria uma curva de aprendizado significativa. Imagine uma grande empresa, com mais de 10.000 colaboradores. Qual o custo de esperar que todos seus líderes sejam verdadeiros experts em engajamento?“, questiona.
Por isso, as organizações têm a oportunidade de promover rituais e iniciativas institucionais de engajamento que visem ora complementar o trabalho dessa liderança, ora suprir habilidades que ainda estão em desenvolvimento, ajudando a mobilizar colaboradores rumo aos objetivos da empresa, como resultados financeiros, atingimento de OKRs ou qualquer ponteiro que precisa ser movido.
No entanto, conforme explica Laila Aaltonen, cofundadora e COO da engagers, frequentemente essas iniciativas fracassam devido à falta de métodos eficazes. “Você não acha mesmo que é possível engajar pessoas rumo à nova estratégia, por exemplo, ou em qualquer outro objetivo com uma maratona de 100 slides ou um treinamento chato na plataforma de LMS, acha? O segredo do engajamento está em gerar conexões entre pessoas. Quanto mais as pessoas conversarem e se conectarem juntas perante a um tema, mais engajamento. Essa é a mágica que encontramos em mais de 300 projetos de engajamento para enterprises.”
Segundo os estudos da engagers, os métodos tradicionais para engajar pessoas em alta escala, como treinamentos convencionais, sistemas de gestão de aprendizado (LMS) ou reuniões sobrecarregadas de slides, demonstram apenas 12% de eficácia na melhoria do engajamento das equipes. As dicas a seguir prometem elevar a eficiência das iniciativas de engajamento para um impressionante índice de 82%.
1) Vencer “o mindset do conflito de agenda”
Estamos vivendo a maior disputa de atenção que já se viu. Além de todas as metas e tarefas diárias do trabalho, seu público-alvo está passando aproximadamente 9 horas por dia nas redes sociais, recebendo uma tonelada de e-mails, mensagens…
Com isso, existe a ideia de que sempre terá algum outro compromisso na agenda da pessoa no dia da sua iniciativa/ritual ou sempre haverá algo mais urgente para pessoa fazer em vez de interagir com um conteúdo assíncrono/individual. A dica é: fazer de tudo para conseguir um momento síncrono para divulgar sua iniciativa, o que pode aumentar em até 80% a adesão.
2) Gerar interação entre pessoas e tirá-las do modo passivo
A passividade não é eficiente para o cérebro, e a grande maioria dos rituais/iniciativas de engajamento acaba indo por esse caminho, propondo maratona de vídeos, palestras ou apresentações de slides. Pense em momentos de compartilhamento de conhecimento (peer-to-peer), prática, ação e dinâmicas de grupos. Assim, não haverá um cérebro desplugado.
3) Criar mecanismos de gatilhos de emoção
A escolha de se envolver ou não em algo é impulsionada pelas emoções que esse algo nos desperta. Portanto, a emoção é o motor que impulsiona a ação. Quanto mais intensa for a emoção que você consegue criar antes, durante e após suas iniciativas de engajamento, maior será a resposta em termos de ação. Não tem a ver com provocar reações extremas que levem as pessoas às lágrimas; não é esse o tipo de emoção. Mas, emoções como identificação, curiosidade, exclusividade, orgulho, reconhecimento, e assim em diante, são muito eficientes.
4) Valorizar a parte prática
Tanto na hora de lançar e convidar as pessoas, quanto no decorrer dos rituais, é preciso escancarar exemplos práticos e ações tangíveis que os participantes podem colocar em prática no dia seguinte. Isso porque o recurso mais escasso é o tempo, e os colaboradores não querem perder tempo com algo que não terá aplicação prática. Então, quanto mais sua iniciativa ajudar os participantes a “saírem fazendo”, maior será o engajamento.
5) Escutar ativamente e criar um ambiente de confiança
Tudo que foi exemplificado acima precisa de um ambiente saudável para se desenvolver. Portanto, a dica final é: ouça seus colaboradores. Ao promover uma comunicação aberta e transparente, você cria um ambiente em que os profissionais se sentem valorizados, ouvidos e motivados a contribuir para o sucesso da empresa. Isso, por sua vez, aumenta significativamente o engajamento e a satisfação no trabalho.