Trabalhar no Brasil não é fácil. Cada vez mais vemos as taxas de desemprego aumentando, salários que não acompanham o nível de esforços dos profissionais e os preços dos produtos encarecendo no País. Ou seja, não haveria como não repensarmos os formatos de prestação de serviços e modelos de negócios.

Talvez a pandemia de Covid-19 tenha sido um dos catalisadores do chamado trabalho 4.0, que engloba mudanças possibilitadas pelos meios digitais. No período, as empresas e profissionais precisaram reformular rotinas, já que o distanciamento social forçou a realização das atividades remotamente; com isso, as tecnologias digitais aceleraram a transição para modalidades empregatícias menos tradicionais.

O trabalho sob demanda, por exemplo, deve mover cerca de US$ 387 milhões em 2022, segundo a Future Market Insights. A estimativa do aumento percentual anual desse número também é de 11,7%, gerando uma projeção de incríveis US$ 1,1 bilhão atingidos pelo segmento até 2032. 

O modelo é uma prova de como a tecnologia ajuda a acabar com dificuldades frequentes dos trabalhadores. Nessa modalidade, as empresas contratam colaboradores para participarem de projetos específicos, sem a necessidade de um vínculo empregatício permanente. Portanto, as contratações ocorrem de acordo com a demanda e a necessidade da empresa. 

Do lado das companhias, um dos benefícios dessa estrutura é a redução de custos relacionados aos processos de contratação. Além disso, a própria missão de buscar um colaborador acaba se tornando mais assertiva, uma vez que o RH consegue entrar em contato de maneira ágil com as pessoas ideais para as vagas, que muitas vezes estão em locais distantes.

Já para os profissionais, com o crescimento de empresas aderindo ao trabalho sob demanda, o leque de oportunidades também aumenta; ou essa pessoa consegue encontrar a função perfeita para aquele momento da sua vida em menos tempo, ou ela garante uma renda extra para equilibrar os gastos do mês. Em todo caso, é um cenário que permite ao trabalhador organizar as suas escolhas.

Sem coincidências, as novas gerações têm desempenhado um papel fundamental na consolidação dessa modalidade. Por estarem familiarizados com o ambiente virtual, os mais jovens estão acostumados a explorar todo o potencial da tecnologia. Por isso, também sabem que a inovação e a adaptação a mudanças constantes andam lado a lado com a autonomia e o bem-estar nas suas rotinas profissionais.

E, se as pessoas estão mais satisfeitas nos seus empregos, estão mais produtivas. Por consequência, as empresas conseguem aquecer o mercado oferecendo produtos e serviços de qualidade, resultando em uma melhora na economia do país. É praticamente uma cadeia de vantagens, que está ligando o sinal de alerta nas organizações que ainda não estão prestando atenção nesse modelo de negócios.

Tratando-se do Brasil, que possui  um histórico corporativo tradicional, algumas marcas realmente devem ficar reticentes em abraçar formatos como esse.

Porém, cedo ou tarde verão que não se pode dar as costas à tendência 4.0 do contexto profissional, apostando em estratégias que conectam o melhor das novas tecnologias às soluções de dores dos trabalhadores. 

Por Thales Zanussi, fundador e CEO do Mission Brasil. Uma das maiores referências em seu segmento de atuação, Thales Zanussi já liderou projetos em grandes empresas como Sadia, Perdigão, Brasken e Votorantim, em sua passagem pela Deloitte, antes de fundar o Mission Brasil, plataforma mais completa de staff on demand do país. Formado em Engenharia de Produção pelo Instituto Mauá de Tecnologia e com MBA pelo INSPER, o executivo atua há mais de uma década na área de gestão de negócios, análise de projetos e serviços, avaliação de ativos e aferição de valor de mercado de empresas.

Ouça também o PodCast RHPraVocê, episódio 72, “O papel do RH e do gestor de pessoas na chamada “nova economia”” com Diego Barreto, vice-presidente de Finanças e de Estratégia e Susanne Andrade, especialista em desenvolvimento humano, ambos do Ifood. Clique no app abaixo:

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Capa: Depositphotos